Sebastião Nery reconta 50 anos de nossa História
Polêmico jornalista volta ao passado para reviver as memórias de seu tempo
Livro foi lançado no Restaurante Faustino, em promoção do Jornal O Estado
Todo grande personagem é inspirado por uma entidade que o orienta, auxilia ou abandona. Napoleão por sua estrela (da qual Josefina seria a personificação), Sócrates por seu demônio, Joana d’Arc por suas “vozes”, Sebastião Nery por sua nuvem. Uma nuvem que, por sinal, fez chover na sua horta, tornando-o um dos mais respeitados e polêmicos jornalistas brasileiros e cronista-mor da nossa época, além de professor, advogado, político, e, sobretudo, homem de letras, na acepção mais ampla do termo.
Com o presente livro, “A Nuvem”, 16º em sua obra, editado pela Geração Editorial, Sebastião Nery também merece agora figurar entre os memorialistas do calibre de Graciliano Ramos e de Pedro Nava, mas nunca de Brás Cubas, pois a despeito da qualidade machadiana do seu estilo, estas memórias nada têm de póstumas; ao contrário, vibram e pulsam com a energia vital que amplamente tem desmentido, ao longo de 77 anos, o “defuntinho”, como o frágil recém-nascido Nery foi apelidado, tão improvável parecia a sua sobrevivência.
“A Nuvem” inicia-se em 1944, quando o precoce menino Sebastião é levado de sua Jaguaquara natal para o seminário, e encerra-se quando do seu retorno da adorada Paris para o Brasil, em 1994. Proporcionando-lhe uma formação acadêmica invejável, após dotá-lo do intenso amor ao saber que resultou em erudição caudalosa, a nuvem de Nery conduziu-o pelo mundo inteiro como jornalista e adido cultural, e por todo o Brasil nas campanhas políticas mais efervescentes da nossa volátil democracia, como as de Juscelino em 1955 e das Diretas em 1984.
Episódios prosaicos como o primeiro contato com luz elétrica aos quatro anos ou a descoberta do amor, e outros nem tanto, como o encantamento juvenil pelo comunismo e a prisão sob a ditadura militar, tornam-se instantaneamente lições de vida depois de filtrados pela enxuta e elegante prosa neryana.
Kubitschek, Brizola, Collor ganham nova dimensão uma vez contemplados pela nuvem. Aliás, poucos nesses 50 anos são os personagens relevantes da nossa história sobre quem Nery não tenha algo relevante a contar, ou mesmo, que não tenha conhecido em pessoa, todos matéria-prima inexaurível para as anedotas com que enriquece incansavelmente o folclore político nacional.
Sobre política, no entanto, este homem que foi político – deputado, conselheiro de políticos, adido cultural de governos no exterior – tem uma conclusão amarga: “A política”, diz ele, “tem uma coisa péssima: ela atrai demais os maus, porque o poder é quem manda e quem manda no poder é a política. Quando instrumento do mal, ela duplica o mal.”
Confira fotos do lançamento do livro "A Nuvem" no restaurante Faustino, na Avenida Beira Mar, em Fortaleza, em mais uma promoção do Jornal O Estado:
Polêmico jornalista volta ao passado para reviver as memórias de seu tempo
Livro foi lançado no Restaurante Faustino, em promoção do Jornal O Estado
Todo grande personagem é inspirado por uma entidade que o orienta, auxilia ou abandona. Napoleão por sua estrela (da qual Josefina seria a personificação), Sócrates por seu demônio, Joana d’Arc por suas “vozes”, Sebastião Nery por sua nuvem. Uma nuvem que, por sinal, fez chover na sua horta, tornando-o um dos mais respeitados e polêmicos jornalistas brasileiros e cronista-mor da nossa época, além de professor, advogado, político, e, sobretudo, homem de letras, na acepção mais ampla do termo.
Com o presente livro, “A Nuvem”, 16º em sua obra, editado pela Geração Editorial, Sebastião Nery também merece agora figurar entre os memorialistas do calibre de Graciliano Ramos e de Pedro Nava, mas nunca de Brás Cubas, pois a despeito da qualidade machadiana do seu estilo, estas memórias nada têm de póstumas; ao contrário, vibram e pulsam com a energia vital que amplamente tem desmentido, ao longo de 77 anos, o “defuntinho”, como o frágil recém-nascido Nery foi apelidado, tão improvável parecia a sua sobrevivência.
“A Nuvem” inicia-se em 1944, quando o precoce menino Sebastião é levado de sua Jaguaquara natal para o seminário, e encerra-se quando do seu retorno da adorada Paris para o Brasil, em 1994. Proporcionando-lhe uma formação acadêmica invejável, após dotá-lo do intenso amor ao saber que resultou em erudição caudalosa, a nuvem de Nery conduziu-o pelo mundo inteiro como jornalista e adido cultural, e por todo o Brasil nas campanhas políticas mais efervescentes da nossa volátil democracia, como as de Juscelino em 1955 e das Diretas em 1984.
Episódios prosaicos como o primeiro contato com luz elétrica aos quatro anos ou a descoberta do amor, e outros nem tanto, como o encantamento juvenil pelo comunismo e a prisão sob a ditadura militar, tornam-se instantaneamente lições de vida depois de filtrados pela enxuta e elegante prosa neryana.
Kubitschek, Brizola, Collor ganham nova dimensão uma vez contemplados pela nuvem. Aliás, poucos nesses 50 anos são os personagens relevantes da nossa história sobre quem Nery não tenha algo relevante a contar, ou mesmo, que não tenha conhecido em pessoa, todos matéria-prima inexaurível para as anedotas com que enriquece incansavelmente o folclore político nacional.
Sobre política, no entanto, este homem que foi político – deputado, conselheiro de políticos, adido cultural de governos no exterior – tem uma conclusão amarga: “A política”, diz ele, “tem uma coisa péssima: ela atrai demais os maus, porque o poder é quem manda e quem manda no poder é a política. Quando instrumento do mal, ela duplica o mal.”
Confira fotos do lançamento do livro "A Nuvem" no restaurante Faustino, na Avenida Beira Mar, em Fortaleza, em mais uma promoção do Jornal O Estado:
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