Jornalista Jorge Fernando dos Santos lança biografia do cantor e compositor paraibano Geraldo Vandré
“A vida não se resume a festivais”, declarou o cantor e compositor paraibano Geraldo Vandré, durante o 3º Festival Internacional da Canção, promovido pela Rede Globo, no Maracanãzinho, talvez sem imaginar que sua frase se tornaria tão emblemática. Era 1968 – portanto, quatro anos após o Golpe Militar – e a canção era a icônica “Pra Não Dizer Que Não Falei Das Flores” (“Caminhando”). Com apenas dois acordes, a música não venceu o certame, mas se tornou um hino dos anos de chumbo, estopim para que Vandré passasse a ser perseguido e – ironicamente – uma espécie de “precipício” para a sua carreira.
Estas e outras situações da vida do hoje recluso artista são lembradas na biografia (não autorizada) “Vandré – O Homem Que Disse Não” (Geração Editorial), do jornalista mineiro Jorge Fernando dos Santos. O livro-reportagem será lançado dia 12, na 11ª Feira Internacional do Livro de Foz do Iguaçu e, dia 22, em BH, no “Terças Poéticas”, no Palácio das Artes. A data do lançamento não foi escolhida aleatoriamente: Vandré completou 80 anos no dia 12.
GLÓRIA E RUÍNA
A participação em um festival, claro, não poderia resumir a vida de ninguém. No entanto, mesmo que “Pra Não Dizer Que Não Falei das Flores” tenha perdido para “Sabiá”, de Chico Buarque e Tom Jobim, o evento de 1968 foi, sem dúvida, um dos marcos da carreira do também advogado, que se tornou conhecido como um “cantor de protesto”, comunista e esquerdista – o que refuta. “Aquele festival foi a glória e a ruína de Vandré”, sentencia Santos.
No livro, o escritor explica que o paraibano chegou a ser a pessoa mais visada pelos militares. Vendo o cerco se fechar, Vandré foi para o Uruguai e, posteriormente, se fixou no Chile. Depois, fez turnês pela Europa, mas raras aparições públicas em seu país de origem. “Ele dizia que era um brasileiro de outro país”, diz Santos.
De lá para cá, várias lendas surgiram a respeito do artista. Entre elas, a de que teria ficado louco, sofrido lavagem cerebral e sido torturado – este último é um dos poucos fatos esclarecidos por Vandré, que afirma nunca ter passado por tal violência. “Todas as histórias ligadas a Vandré têm mais de uma versão”, conta o jornalista.
Segundo Jorge Fernando, mesmo tendo feito 47 entrevistas (com amigos e colegas do músico, além de uma de suas ex-mulheres), não é possível cravar que tudo o que colheu é verídico. No entanto, as 318 páginas deixam margem para que o leitor tire suas próprias conclusões.
APENAS UM CANTADOR
E o escritor não se esquiva de dizer a sua. Para ele, Vandré simplesmente cantava a realidade “como um poeta”. “A esquerda exigiu um papel que ele nunca quis cumprir”, atesta.
Jorge diz que seu livro tem este nome porque Vandré se recusou a fazer o jogo. “Negou se engajar em um partido, a sustentar a imagem de mártir e herói da esquerda. Era apenas um cantador, como diz sua música: ‘sempre quis ser contente; eu sempre quis só cantar, trazendo pra toda gente vontade de se abraçar”, finaliza.
“A vida não se resume a festivais”, declarou o cantor e compositor paraibano Geraldo Vandré, durante o 3º Festival Internacional da Canção, promovido pela Rede Globo, no Maracanãzinho, talvez sem imaginar que sua frase se tornaria tão emblemática. Era 1968 – portanto, quatro anos após o Golpe Militar – e a canção era a icônica “Pra Não Dizer Que Não Falei Das Flores” (“Caminhando”). Com apenas dois acordes, a música não venceu o certame, mas se tornou um hino dos anos de chumbo, estopim para que Vandré passasse a ser perseguido e – ironicamente – uma espécie de “precipício” para a sua carreira.
Estas e outras situações da vida do hoje recluso artista são lembradas na biografia (não autorizada) “Vandré – O Homem Que Disse Não” (Geração Editorial), do jornalista mineiro Jorge Fernando dos Santos. O livro-reportagem será lançado dia 12, na 11ª Feira Internacional do Livro de Foz do Iguaçu e, dia 22, em BH, no “Terças Poéticas”, no Palácio das Artes. A data do lançamento não foi escolhida aleatoriamente: Vandré completou 80 anos no dia 12.
GLÓRIA E RUÍNA
A participação em um festival, claro, não poderia resumir a vida de ninguém. No entanto, mesmo que “Pra Não Dizer Que Não Falei das Flores” tenha perdido para “Sabiá”, de Chico Buarque e Tom Jobim, o evento de 1968 foi, sem dúvida, um dos marcos da carreira do também advogado, que se tornou conhecido como um “cantor de protesto”, comunista e esquerdista – o que refuta. “Aquele festival foi a glória e a ruína de Vandré”, sentencia Santos.
No livro, o escritor explica que o paraibano chegou a ser a pessoa mais visada pelos militares. Vendo o cerco se fechar, Vandré foi para o Uruguai e, posteriormente, se fixou no Chile. Depois, fez turnês pela Europa, mas raras aparições públicas em seu país de origem. “Ele dizia que era um brasileiro de outro país”, diz Santos.
De lá para cá, várias lendas surgiram a respeito do artista. Entre elas, a de que teria ficado louco, sofrido lavagem cerebral e sido torturado – este último é um dos poucos fatos esclarecidos por Vandré, que afirma nunca ter passado por tal violência. “Todas as histórias ligadas a Vandré têm mais de uma versão”, conta o jornalista.
Segundo Jorge Fernando, mesmo tendo feito 47 entrevistas (com amigos e colegas do músico, além de uma de suas ex-mulheres), não é possível cravar que tudo o que colheu é verídico. No entanto, as 318 páginas deixam margem para que o leitor tire suas próprias conclusões.
APENAS UM CANTADOR
E o escritor não se esquiva de dizer a sua. Para ele, Vandré simplesmente cantava a realidade “como um poeta”. “A esquerda exigiu um papel que ele nunca quis cumprir”, atesta.
Jorge diz que seu livro tem este nome porque Vandré se recusou a fazer o jogo. “Negou se engajar em um partido, a sustentar a imagem de mártir e herói da esquerda. Era apenas um cantador, como diz sua música: ‘sempre quis ser contente; eu sempre quis só cantar, trazendo pra toda gente vontade de se abraçar”, finaliza.
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