quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

ENTREVISTAS

As polêmicas da apresentadora Rachel Sheherazade

Âncora do "SBT Brasil", principal noticiário da emissora de Sílvio Santos, se destacou por suas opiniões e respondeu algumas perguntas do DIVIRTA-CE sobre a carreira e a repercussão de seus comentários

Nascida na Paraíba, Rachel Sheherazade ficou conhecida nacionalmente quando um vídeo do telejornal no qual trabalhou, na TV Tambaú (afiliada do SBT em João Pessoa), com sua opinião sobre o carnaval, caiu nas redes sociais e deu voz a milhões de brasileiros que não gostavam da festa popular. A declaração agradou tanto o maior comunicador da TV brasileira, Silvio Santos, que o convite para vir ancorar o "SBT Brasil" foi imediato.

Mãe de Clara e de Gabriel, a apresentadora, quando não está trabalhando, fica o maior tempo possível ao lado dos filhos e do marido, participando ativamente da vida dos pequenos, condição da qual não abre mão. “Adoro ser mãe, me identifico plenamente com as crianças e só tenho a agradecer a Deus pela linda família que tenho e pelo meu trabalho”, declara Sheherazade. Quando perguntada sobre toda a sua firmeza ao ancorar um dos principais telejornais do país, Rachel responde: “Meu trabalho exige uma postura mais firme e eu opino da forma como enxergo a realidade frente a assuntos tão polêmicos. Amo o Brasil, mas sinto o sofrimento na pele quando presencio situações que avassalam meus valores de vida, que, na verdade, são os valores de vida dos brasileiros que são honestos e que não desistem de lutar”, afirma.
Ao lado de Joseval Peixoto, a jornalista se destaca no príncipal noticiário do SBT opinando sobre fatos atuais e temas como política, cidadania e violência. Alguns dos seus comentários não foram bem recebidos pelo público: conhecida por dividir opiniões na internet, ela provocou discussões de ódio e amor (mais ódio que amor, na verdade) ao falar a favor do grupo de jovens que detiveram um suposto assaltante, o agrediram e o deixaram nu e preso com uma trava de bicicleta a um poste. O caso ocorreu no Flamengo, no Rio de Janeiro. “Num país que sofre de violência endêmica, a atitude dos vingadores é até compreensível”, disse. “O Estado é omisso, a polícia desmoralizada, a Justiça é falha… O que resta ao cidadão de bem, que ainda por cima foi desarmado? Se defender, é claro”. Ela ainda completou: “O contra-ataque aos bandidos é o que chamo de legítima defesa coletiva de uma sociedade sem Estado contra um estado de violência sem limite”
Dias após essa declaração, uma assessora de imprensa da jornalista (o que já é meio estranho, um jornalista com assessor) entrou em contato com o blog Divirta-CE/Jornal O Estado para sugerir uma pauta com entrevista da apresentadora. Mandamos nove perguntas por email. No primeiro momento, a assessora afirmou que ela não falaria mais em certos assuntos. Perguntada se ela responderia alguma questão, ela enviou as respostas. Apenas duas perguntas não foram respondidas:

"Uma das suas últimas opiniões no SBT Brasil gerou uma imensa polêmica, sobre o rapaz que foi acorrentado nu e linchado pela população. Você se arrepende do que falou ou da forma como falou?"

"Já recebeu ameaças de processo sobre suas opiniões no telejornal, ou está processando alguém que lhe agrediu por causa delas? Alguma declaração sua já incomodou Sílvio Santos?"


Ela respondeu sobre o assunto para a revista QUEM, dizendo que “a repercussão em si não foi má”. E tentou se defender: “Jamais defendi a tortura, o linchamento ou qualquer tipo de violência. Apenas argumentei que a atitude extrema dos justiceiros em prender um infrator foi compreensível, diante da situação de abandono, de desespero, de insegurança e da sensação de vulnerabilidade que se encontram as vítimas de assaltos.”

Leiam a entrevista de Rachel Sheherazade para o Blog DIVIRTA-CE:
 


DIVIRTA-CE - Como nasceu seu interesse por jornalismo e como foi o início de sua carreira na Paraíba? Como analisa o jornalismo que é feito naquele estado?
RACHEL SHEHERAZADE -
Meu interesse pelo jornalismo sempre esteve intimamente ligado à minha paixão pela arte de escrever. Quando criança sonhava em ser escritora. Comecei a trabalhar com jornalismo depois de me submeter a uma seleção de repórteres de uma afiliada da rede Record no meu Estado. Entre mais de 200 candidatos, fui selecionada para a única vaga de repórter. Após nove meses trabalhando nessa emissora, recebi um convite da afiliada da Rede Globo, onde trabalhei por quase três anos, de onde só saí a convite da TV Tambaú, afiliada do SBT. Passei de repórter a apresentadora. Ancorava o Tambaú Notícias, que mudou algumas vezes de horário. Nesse programa, além de apresentar, recebia entrevistados e fazia comentários.  Em 2011, depois de um comentário bastante repercutido sobre o carnaval, recebi convite do Silvio Santos para ancorar o SBT Brasil, ao lado de Joseval Peixoto.

DIVIRTA-CE - Depois de uma declaração sobre o carnaval, você deixou o jornalismo de uma TV da Paraíba para assumir o principal telejornal da emissora de Sílvio Santos. Você nunca gostou de carnaval?

RACHEL SHEHERAZADE - Absolutamente. Eu sempre brinquei carnaval. Quando criança, em clubes. Quando adolescente, nos blocos de rua. Também já participei de carnavais fora de época e, claro, conheci o famoso carnaval de Olinda. Além de ter vivido a festa como foliã, cobri muitos carnavais como jornalista profissional. E foi graças à visão jornalística que comecei a interpretar o carnaval de uma forma mais crítica e menos egoísta.

DIVIRTA-CE  Por ser mulher, sofre ou sofreu (mesmo na Paraíba) preconceito por defender opiniões tão contundentes?
RACHEL SHEHERAZADE -Na Paraíba, nunca sofri qualquer tipo de preconceito por defender minhas opiniões.  Mas, quando me tornei nacionalmente conhecida como jornalista, passei a sofrer rejeição de  alguns grupos pelo fato de ser mulher, nordestina e cristã. Mas, não dou importância. Não me vitimo. Pelo contrário. Tenho muito orgulho da minha origem, da minha coragem, da minha fé e da minha condição de mulher. Não deixo de dizer o que penso por medo de desagradar.
 

DIVIRTA-CE - Como foi o convite do "homem do Baú" para ir para o SBT? O que você achava antes e depois de conhecer Sílvio Santos? Qual o fato que mais lhe chamou atenção na personalidade dessa lenda da TV?
RACHEL SHEHERAZADE - O primeiro contato do SBT comigo foi através de um dos diretores da emissora, Leon Abravanel. Quanto ao Sílivo Santos, o que mais me chamou a atenção nele foram sua simplicidade e  simpatia. Não é um personagem. Não é só um ícone, o maior comunicador da televisão brasileira... É uma pessoa de bem, um homem voltado para o trabalho e à família, sem estrelismos, sem arrogância. Enfim, um homem de valores e princípios. Isso aumentou ainda mais minha admiração pelo patrão.

DIVIRTA-CE- Todo mundo sabe que Sílvio é um homem exigente. Quais as principais recomendações dele na época da sua estreia no SBT Brasil?

RACHEL SHEHERAZADE -Ele nunca me fez qualquer recomendação. 

DIVIRTA-CE - Como você vê, depois de muitos meses no ar, a repercussão do seu estilo frente ao noticiário? As pessoas cobram suas opiniões? Recebe mais elogios ou críticas nas ruas?

RACHEL SHEHERAZADE -Os elogios chegam pessoalmente, as críticas geralmente vêm pela internet, algumas assinadas outras veladas.  E, sim, as pessoas cobram mais opinião, mais tempo para meus comentários e ainda sugerem temas sobre os quais eu poderia analisar.

DIVIRTA-CE - A mídia e o jornalismo de um modo geral está recebendo críticas de políticos e manifestantes em torno dos recentes protestos que vem acontecendo no Brasil. O que acha das manifestações e do papel da imprensa diante deste momento histórico de Copa, Eleições e uma situação caótica de violência em todo o país?  


RACHEL SHEHERAZADE - Sempre fui a favor das manifestações. Quando estudante já participei de várias passeatas contra aumento de passagem de ônibus, pelo impeachment do Collor... Mas todos esses protestos foram pacíficos. Chamávamos a atenção da mídia, gritávamos palavras de ordem, debatíamos idéias. As manifestações são um direito do cidadão livre, numa democracia genuína. É o direito de se expressar, o mesmo direito que eu tenho todas as noites de dar minha opinião sobre os mais variados assuntos. Nunca coadunei com a violência nas manifestações. Agora,  mais de seis meses depois dos protestos de junho, muita coisa suja está vindo à tona. Como a ligação de partidos políticos com vândalos profissionais. Eles tentaram deturpar o interesse legítimo dos manifestantes. Eles se infiltraram nos protestos como um câncer, e acabaram esvaziando os movimentos e calando a insatisfação generalizada do povo brasileiro. Tudo isso, por motivos políticos. A mídia não pode ocultar essas verdades do povo brasileiro. E a Polícia Federal  precisa investigar o envolvimento de políticos com terroristas disfarçados de manifestantes. É preciso apurar e punir todos os responsáveis: principalmente os mandantes. Temos um assassinato. Vamos esperar outros acontecerem para tomarmos as medidas cabíveis? Espero que não. Enquanto isso, acho que as pessoas não têm que se calar. Precisam continuar cobrando seus direitos.  Agora que as máscaras estão caindo, espero que o eleitor se lembre de quem é quem na hora de dar seu voto na urna. Será a grande resposta a todo esse caos que estamos vivendo.






Paulinho Moska em Fortaleza  

A temporada 2014 do projeto MPB Petrobras volta com a voz e o violão do cantor, em apresentações no anfiteatro do Centro Dragão do Mar; o Divirta-CE conversou com Moska - leia a entrevista

O cantor e compositor carioca Paulinho Moska é atração do projeto MPB Petrobras nesta sexta e sábado, dias 07 e 08 de fevereiro, no Anfiteatro do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, às 21 horas. O projeto retorna a Fortaleza para promover a música popular brasileira nacional e local e democratizar o acesso a espetáculos de qualidade. Os ingressos possuem preços populares, R$ 30,00 (inteira) e R$ 15,00 (meia-entrada) e podem ser adquiridos na bilheteria do teatro.
O show que Moska leva para Fortaleza neste fim de semana, em formato de voz e violão, tem no repertório canções presentes no último trabalho do artista, o CD e DVD “Muito Pouco Para Todos”. Músicas novas e sucessos de discos anteriores que o tornaram um dos artistas mais populares do país, como “A Idade do Céu”, versão da canção do uruguaio Jorge Drexler, “Pensando em você”, “Lágrimas de Diamantes”, “O Jardim do Silêncio”, “A Seta e o Alvo” e “Quantas vidas você tem?”, da trilha sonora da novela A Favorita (TV Globo) fazem parte do setlist.
Paulinho Moska surgiu no cenário musical como um dos integrantes da banda Inimigos do Rei, nos anos 80. Depois partiu para carreira solo, em que MPB, rock e samba flertam com loopings e samples eletrônicos.  Artista versátil, já se arriscou nas artes visuais, fotográficas e no cinema. Compositor requisitado por outras vozes, Moska já foi gravado por Marina Lima (Admito que Perdi), Elba Ramalho e Lenine (Relampiano), Ney Matogrosso (Gotas do Tempo Puro), Maria Rita (Muito Pouco) e Mat’nália (Soneto do Teu Corpo), dentre outros.
O quarteto Marimbanda abre o show do MPB Petrobras. Considerado um dos mais importantes grupos instrumentais do Nordeste, o Marimbanda vem, desde 1999, realizando apresentações em importantes eventos musicais realizados no país, além de uma turnê internacional que inaugurou um novo público em sua história, o público europeu. Com um trabalho musical voltado para os ritmos brasileiros como baião, frevo, choro, samba e bossa nova, o grupo retornará à Europa em junho de 2014 para apresentações na França, Itália e Bélgica. O quarteto Marimbanda é formado por Luizinho Duarte (bateria, violão de sete cordas e percussão), Heriberto Porto (flauta), Thiago Almeida (piano) e Miquéias dos Santos (baixo).
O DIVIRTA-CE conversou com Paulinho Moska. Confira a entrevista:

 DIVIRTA-CE - Você está de volta a Fortaleza, onde tem muitos fãs, e irá apresentar o primeiro show da temporada do projeto MPB Petrobras no formato voz e violão. É o seu “formato” favorito para se apresentar, ou você prefere tocar com banda? Como é sua relação com o público cearense, você que já fez apresentações em diversas cidades, até em Jericoacoara?
PAULINHO MOSKA -
Fortaleza é sempre deliciosa...os shows, o público, a comida...tudo me encanta. Tanto faz se é no formato voz e violão ou com banda. Gosto dos dois. Com a banda o roteiro fica mais preso, porque temos os vídeos que passam no telão do cenário. Quando estou sozinho a noite fica mais livre e íntima porque posso contar as histórias das canções ou até mesmo incluir alguma que não estava prevista. Sonho com Jericoacoara até hoje...as dunas, a panqueca de lagosta, as águas transparentes. Louco pra voltar...

DIVIRTA-CE - Algumas pessoas não sabem, não lembram ou não viveram na época (afinal você tem fãs muito jovens!), mas você começou sua carreira nos anos 80, cantando na orquestra Garganta Profunda... e depois fez incrível sucesso com a banda Inimigos do Rei. O que você mais gosta daquela fase colorida, no início da carreira musical?
PAULINHO MOSKA -
O que mais aprendi no início foi que o palco era um lugar de celebração, de comemoração da vida. Ainda carrego comigo o humor e a alegria daqueles tempos. E posso afirmar sem nenhuma sombra de dúvida que minha vida hoje está muito mais “colorida”. Sou ainda mais feliz.

DIVIRTA-CE - Depois de aprender a tocar violão aos 13 anos, e começar a esboçar suas primeiras composições, você fez teatro. E até trabalhou em grandes filmes nacionais como “A Cor do seu Destino”, “O Mistério no Colégio Brasil”, “Um Trem Para as Estrelas”, “Kuarup” e “O Homem do Ano”. Tem vontade de atuar mais em filmes ou até mesmo em novelas e especiais de TV? Algum convite para isso no momento? Você usa muito essa bagagem teatral no palco, nos seus shows?
PAULINHO MOSKA -
Ter estudado teatro me possibilitou encarar o palco de uma outra forma...não me sinto exatamente um músico...sou mais inclinado ao espetáculo do que às partituras. Dia 21 de Março vai estrear (no Rio de Janeiro e em São Paulo, por enquanto) um novo filme que participo. Chama-se “Minutos Atrás” (direção de Caio Soh), com Vladimir Brichta e Otavio Muller, que interpretam dois homens que estão em uma viagem sem fim em cima de uma carroça...Bom...eu sou o cavalo que puxa a carroça. Tenho um banjo e canto as desventuras desses dois homens. O filme é poético, diferente, intrigante, e muito bem humorado.

DIVIRTA-CE - Nos anos 90 você saiu do Inimigos do Rei, diante de uma maratona de shows, e assinou com uma grande gravadora, estreando na carreira solo. Em 2004 se tornou artista independente. A “independência” influenciou na sua criação artística? Quais as maiores dificuldades de um artista independente no Brasil?
PAULINHO MOSKA -
Quando eu me tornei um artista independente minha carreira já estava um tanto quanto consolidada...algumas canções já tinham boa execução de rádio em todo o Brasil (como “O Último Dia”, a “Seta e o Alvo”, “Pensando em Você”). É diferente de um artista independente que está começando sua carreira agora...os tempos eram outros...não tinha internet. Se você não fosse contratado de uma gravadora ninguém escutava suas canções. Hoje temos redes sociais com plataformas de áudio e vídeo para que qualquer pessoa possa mostrar seu trabalho. A independência foi maravilhosa para mim...desde 2003 sou dono dos meus fonogramas, além de decidir tudo sobre minha vida artística. Produzo do jeito que eu quero e depois ofereço para uma distribuidora. É evidente que tenho mais liberdade agora.

DIVIRTA-CE - Você afirma na biografia de seu site: “Não sou cantor, não sou músico, não sou poeta, não sou ator, não sou filósofo, não sou apresentador de TV, não sou radialista, não sou jornalista. Sou um compositor, na medida em que “compor” é juntar coisas”. Dessas múltiplas funções que você desempenha, qual te dá mais prazer atualmente?
PAULINHO MOSKA -
Tenho prazer com todas, ou melhor, com a combinação de todas. Fotografar me estimula a escrever melhor...escrevendo melhor faço canções melhores...e acabo cantando melhor também. Misturar teatro, cinema, poesia, filosofia, televisão e tudo que vier pela frente me potencializa em cada uma delas. A música não me basta. A vida é muito diversa e rica...quero abraçar o todo e tudo.

DIVIRTA-CE - No seu programa “Zoombido”, tanto no canal Brasil quanto nas rádios, você costuma conversar com grandes artistas. Quais as maiores parcerias e surpresas que já saíram do programa, que inclusive já virou DVD?
PAULINHO MOSKA -
O Zoombido é uma experiência única. Estive com mais de 200 compositores de canção e pude perceber a beleza das diferenças. Abriu minha cabeça em relação à diversidade dos estilos. Já passaram pelo programa artistas tão diferentes entre si que hoje me sinto ainda mais diverso. Francis Hime, Erasmo Carlos, Martinho da Vila, Gilberto Gil, Milton Nascimento, Djavan, Zé Ramalho, Arnaldo Antunes, Adriana Calcanhoto, Zélia Duncan, Lenine, Chico Cesar, Zeca Baleiro, João Bosco, Geraldo Azevedo e tantos outros geniais...é um privilégio para mim.

DIVIRTA-CE - Existe alguma nova composição que você irá mostrar na apresentação em Fortaleza? Quais músicas as pessoas mais pedem para serem tocadas nos seus shows? Qual você não aguenta mais?
PAULINHO MOSKA -
Vou cantar duas canções recentes...”Somente Nela”(parceria minha com Carlos Rennó) e “Namora Comigo”(canção que compus para o último disco de Mart’nália). Mas o repertório está cheio de canções mais conhecidas...gosto de misturar para que o roteiro flua bem, alternando novas entre os sucessos. Depois de 20 anos de carreira posso me dar ao luxo de montar um show muito agradável, com o público cantando junto. Eu não me enjôo de nenhuma música...às vezes mudo o arranjo pra ela ficar com cara de nova...mas não deixo de tocar canções que sei que o público está esperando. Delícia pura.

DIVIRTA-CE- E quais artistas você escuta e admira atualmente?
PAULINHO MOSKA -
Ando escutando muita música sul americana...o uruguayo Jorge Drexler, o argentino Kevin Johansen, a chilena Francisca Valenzuela, a colombiana Andrea Echeverri estão entre os que mais escuto e admiro. Aqui no Brasil tenho acompanhado os trabalhos de Tulipa Ruiz, Marcelo Camelo, Marcelo Jeneci, Céu, Maria Gadú...são tantos!

DIVIRTA-CE - Qual motivação fez você querer se denominar apenas Moska, retirando o Paulinho de seu material promocional, releases? Numerologia? Jogada de marketing? Orientação de assessor de imprensa? Ou apenas uma vontade?
PAULINHO MOSKA -
Em 2001 eu estava lançando um disco chamado “Eu Falso da Minha Vida o Que Eu Quiser”...e assinei somente MOSKA (que é meu apelido, meu nome “falso”). Acabei gostando e mantive...mas não tem regra...pode me chamar de Paulinho que eu atendo.  Não me submeto à nenhuma religião ou credo...sou praticante do amor à vida, ao tempo e à natureza. Tem gente que chama isso de Deus. Eu não. Eu chamo de ARTE.

DIVIRTA-CE - Suas músicas falam de sentimento, mas também são profundas, tem “alma”. O Moska é supersticioso? Tem alguma religião ou doutrina que segue ou admira?
PAULINHO MOSKA -
Acho que respondi isso na pergunta acima. Também não tenho superstição. Não me deixo governar por paixões tristes. Sou do agora, da liberdade e do viver. Eu sou um artista.

DIVIRTA-CE - Você, como artista e brasileiro, está torcendo pela seleção na Copa? Ou sofre e se manifesta com a situação política e social do Brasil?
PAULINHO MOSKA -
Sou nota zero em futebol...em época de Copa gosto de assistir os jogos do Brasil, mas não acompanho normalmente. Me incomoda muito o fato de as pessoas serem fanáticas por um time à ponto de brigar com outras pessoas por causa disso. Mas cada um tem o seu jeito de extravasar os sentimentos. Apóio as manifestações de rua, mas sou contra qualquer tipo de violência. E sempre tem gente tentando chamar a atenção desse modo... isso acaba distorcendo o real motivo das manifestações. O Brasil precisa de mudanças radicais e urgentes...temos que pressionar o governo para que isso se realize.










“Praia do Futuro é um filme de aventura, de viagem, de personagens que se arriscam"
 

O cineasta cearense Karim Aïnouz falou com o blog DIVIRTA-CE sobre a indicação de seu novo filme, “Praia do Futuro”, para o principal prêmio do Festival de Berlim
>O longa metragem "Praia do Futuro" estreia dia 1º de maio, e tem Clemens Shick, Wagner Moura e Jesuíta Barbosa no elenco

Com filmes de histórias fortes, personagens complexos e desenvolvimentos nada evidentes, as produções do cineasta cearense Karim Aïnouz são dificilmente esquecidas por quem assiste. Natural de Fortaleza, Karim formou-se em arquitetura pela Universidade de Brasília e fez mestrado em Teoria do Cinema na Universidade de Nova York,especializando-se em teoria cultural pelo programa de estudos independentes do Whitney Museum of American Art. No período em que morou nos Estados Unidos, Aïnouz trabalhou como assistente de montagem e direção em vários longas, entre os quais, Poison (Haynes, 1990), Swoon (Kalin, 1991) e Postcards from America (McLean, 1993). Ganhou uma bolsa do New York State Council on the Arts e do Jerome Foundation for the Arts, e foi também convidado como artista residente pelo centro de mídias do New York Film Video Arts e pelo Banff Centre for the Arts (Canadá). Em 2004, recebeu a prestigiosa bolsa Berliner Künstler Program do DAAD – German Academic Exchange Service, e desde então vive morando entre Berlim e Fortaleza.
No início da carreira, seus curtas-metragens foram considerados inovadores, sendo exibidos em mais de 50 festivais no Brasil e no exterior, incluindo os de Rotterdam, Oberhausen, Londres, MoMa (Nova Iorque), Vancouver e Atlanta. Mas Karim ficou famoso e ganhou notoriedade no cinema nacional com seu primeiro longa-metragem,”Madame Satã”, que foi selecionado para a mostra ‘Un Certain Regard’ do Festival de Cinema de Cannes em 2002 e recebeu mais de 40 prêmios em festivais nacionais e internacionais
Filmado em 2012, "Praia do Futuro", novo filme de Karim após "O Abismo Prateado", chegará aos cinemas em 1º de maio de 2014, quase dois anos depois das gravações. No novo longa, que se passa em Fortaleza e Berlim, Wagner Moura é o salva-vidas Donato, que trabalha na Praia do Futuro, na capital cearense. Ele começa a se afastar de sua vida depois de perder um turista alemão durante um resgate. Quando Donato começa a se afastar, seu irmão mais novo, Ayrton (Jesuíta Barbosa), começa também a buscá-lo.
Desde as filmagens até o lançamento, muita coisa aconteceu com os protagonistas: Moura impressionou o público e os críticos de Hollywood com sua estreia internacional em "Elysium" e Jesuita é considerado uma nova promessa do cinema e da TV há algum tempo, por sua participação no seriado “Amores Roubados”, da TV Globo, e com seus outros filmes, "Serra Pelada" e "Tatuagem"—este último, levando o troféu de melhor ator no Festival do Rio 2013. Co-produção entre Brasil e Alemanha, "Praia do Futuro" também traz no elenco o ator alemão Clemens Schick, de "007: Cassino Royale" (2006).
Karim recebeu o DIVIRTA-CE, um dia antes de seu aniversário, na quinta passada (dia 17/01), logo após proferir uma palestra no Porto Iracema das Artes, para falar sobre as expectativas de ser indicado ao Urso de Ouro do Festival de Berlim 2014, pelo filme “Praia do Futuro”, os novos projetos e seu amor pelo Ceará. O Festival de Berlim acontece de 6 a 16 de fevereiro.

DIVIRTA-CE – Como você recebeu a notícia da indicação ao Urso de Ouro, principal prêmio do Festival de Berlim, pelo filme “Praia do Futuro”, dias antes do seu aniversário?
KARIM AÏNOUZ –
Foi só alegria, este é um filme que estamos fazendo há um tempão, e ter sido indicado ao principal prêmio do Festival de Berlim é muito bacana para “Praia do Futuro”, pois o evento é uma das maiores vitrines do cinema mundial. É ótimo estar nessa posição: tem o Oscar do lado de cá do Atlântico, e do outro lado, esses três festivais, que são Berlim, Veneza e Cannes. Muito bom este festival ser a primeira vitrine do filme no mundo.


DIVIRTA-CE– Fale um pouco do filme, que é a história de um guarda-vidas da Praia do Futuro, em Fortaleza, interpretado por Wagner Moura...
KARIM AÏNOUZ –
Vou contar só um pouquinho, pois todos precisam ver o filme. Na verdade é a história de um salva-vidas da Praia do Futuro, que tem um irmão caçula, de oito anos, e acontece uma coisa na vida dele que o obriga a mudar tudo, se mudando para Berlim. Parte do longa, que tem duas partes, é filmado na Alemanha. O personagem de Wagner Moura desaparece da família, e oito anos depois, quando esse irmão caçula dele já cresceu, e passa a ser interpretado pelo Jesuíta Barbosa, tem a segunda parte do filme. É quando ele vai atrás do irmão salva-vidas, Guido, na Alemanha, e tem um acerto de contas. Na verdade é uma história de irmãos. Queria muito fazer um filme que falasse nos nossos tempos, nós vivemos um momento muito conservador, um negócio muito pautado pelo medo, temos medo de tudo, perder o emprego, medo de dar algo errado... enfim “Praia do Futuro” é um filme de aventura, de viagem, de personagens que se arriscam.


DIVIRTA-CE– O que você acha que chamou a atenção do Festival de Berlim para seu filme, quais são as maiores qualidades desta nova produção para você? E seus concorrentes?  Você acha que temos chance de levar esse prêmio?
KARIM AÏNOUZ –
Rapaz, eu acho que é um filme que emociona, e é isso que conta. Acho que isso é o termômetro para o público, e o filme foi feito com muito carinho, cheio de afeto. Acho que isso deve ter tocado o pessoal da seleção do festival. E com relação aos concorrentes, eu não estou pensando muito não, eu já ganhei o prêmio! Só em ter sido selecionado, dias antes do meu aniversário, já foi ótimo. Mas vamos ver, isso é igual ir para a Copa do Mundo e dizer que vai ganhar: vamos lá, vamos jogar! 
 
DIVIRTA-CE– Seus filmes, como “Madame Satã” (foto) e “O Céu de Suely”, tem sempre personagens bem construídos, complexos, parece que são baseados em histórias reais. Tem algo de autobiográfico nos seus filmes? Como é o processo de criação? O filme “Praia do Futuro” foi tirado de alguma história que você tenha ouvido falar, algum caso verídico?
KARIM AÏNOUZ –
Na verdade tem sempre coisas da sua vida, que te interessam. No “Céu de Suely” tinha uma coisa que era muito importante e mostra isso: eu venho de uma família que os homens vão muito embora, as mulheres têm que fazer a vida sozinhas. No Brasil isso é muito comum. No “Céu de Suely” ela que vai embora, e deixa o filho em casa. Geralmente isso é um atributo dos homens, esse privilégio de poder ir embora. O cinema é sempre um jeito que eu encontro de imaginar coisas que eu aconteceram, ou que eu não vivi e gostaria de ter vivido, e de mudar realidades. O cinema tem essa potência. “Praia do Futuro” tem muito disso, de eu poder falar de um lugar que é importante na minha vida. Eu morava ali na Avenida Engenheiro Santana Júnior e vivia indo para a praia de carona, foi o lugar que eu vi a primeira pessoa afogada, foi o lugar que eu fui na primeira boate da minha vida, que era a Tatarana, o lugar onde eu passei uma porção de réveillons, no La Luna, que tinha na Praia do Futuro. Cada filme meu é pautado por esse arcabouço de memórias.


DIVIRTA-CE– Você é um cineasta que tem reconhecimento internacional, seus filmes foram muito premiados, mas você não esquece do Ceará, sua terra. Como é sua relação com o nosso estado, com Fortaleza, nos seus filmes e no seu trabalho, e como é sua relação com a cidade? Você está morando na Alemanha, mas está sempre vindo aqui, proferindo palestras, cursos...
KARIM AÏNOUZ –
Estou morando em Berlim, mas a cada dois três meses eu volto para fazer trabalhos no Brasil, então eu tenho um carinho, um afeto muito grande por Fortaleza. Tenho o privilégio de estar ao mesmo tempo aqui, e também ver a cidade de fora, ver como ela está mudando. É como o filme “Praia do Futuro”, cheio de memórias, onde eu me reconheço o tempo inteiro, fala de Fortaleza. O filme “O Céu de Suely” também é muito importante para mim. Desde quando fiz meu primeiro filme, o “Madame Satã”, eu já colocava na minha cabeça, “preciso filmar no Ceará, com a luz, o cheiro de lá”. Meus filmes sempre foram pautados pela saudade que eu sinto daqui.


DIVIRTA-CE – Estamos vivendo um momento “exportação de cineastas brasileiros para Hollywood”, com muitos diretores fazendo cinema fora, com orçamento gringo. Você já recebeu algum convite? Como você vê essa internacionalização?
KARIM AÏNOUZ –
Desde o “Madame Satã” trabalhamos com orçamentos mistos. Com exceção de um, todos os meus filmes são co-produções, geralmente com a França, Portugal, Espanha ou Alemanha. Na verdade, “Praia do Futuro” é meu primeiro filme internacional, filmado na Alemanha, com atores brasileiros e alemães, não só com orçamento de fora. E quando falamos “internacional”, pensamos logo em Hollywood, mas eu não tenho nenhuma vontade. Prefiro fazer filmes internacionais que sejam do outro lado do Atlântico. Me interesso mais pelo cinema europeu, cinema inglês, francês, italiano.


DIVIRTA-CE – Quem são suas referências? Quais cineastas você admira?
KARIM AÏNOUZ –
Adoro o Christopher Nolan, que dirigiu o “Batman”. Tem o Sam Mendes, que fez o último filme do 007, uma diretora francesa que eu sou fã, chamada Claire Denis, tem o pessoal da Ásia que que é incrível. O que me encanta nesses diretores é que eles têm uma assinatura muito própria. Igual ao Pedro Almodóvar, você quando vê um filme dele, porque tem um jeito dele. Igual a roupa, compramos daquela marca porque tem um jeito que nos interessa.
 
DIVIRTA-CE – Como foi a escolha de elenco do filme “Praia do Futuro”. Como foi trabalhar com Wagner Moura como protagonista?
KARIM AÏNOUZ –
O Wagner eu conheci há muitos anos, trabalhando como co-roteirista do Walter Salles Jr, em “Abril Despedaçado”. Quando veio a ideia de “Praia do Futuro”, com o personagem salva-vidas, foi muito evidente que tinha de ser ele. Faz muito tempo que queríamos fazer algo juntos e aconteceu nesse filme. O Wagner é um ator-autor, um cara que colabora com o roteiro. O Jesuíta, nós passamos dois anos fazendo testes de elenco, era um personagem que teria de ser um ator com pouca experiência, então foi muito evidente que era ele também. Tem outro ator do Ceará, que também esteve na série da Globo, “Amores Roubados”, que é o Igor, um garoto da Praia do Futuro. Passamos também um ano procurando ele, e era muito importante ser alguém daqui, que tivesse o sotaque do lugar. Tem um ator alemão que é muito especial também que é o Clemens Shick, bastante conhecido na Alemanha. Ele fez “Cassino Royale”, do 007. 


DIVIRTA-CE – Além de divulgar o filme “Praia do Futuro”, que estreia nos cinemas em maio, quais são seus próximos projetos? Está muito ansioso para o Festival de Berlim? Já ensaiou algum discurso, caso leve o Urso de Ouro para o Brasil?
KARIM AÏNOUZ –
O filme estreia dia 1º de maio, estou voltando para Berlim agora, para o Festival que será em fevereiro, então estarei trabalhando na promoção do “Praia do Futuro”. Eu sou muito tímido para esse negócio de discurso (risos). Depois do Festival eu volto para cá, onde faço um trabalho dentro do Instituto Dragão do Mar, de desenvolvimento de roteiros para séries de televisão com autores cearenses. Estamos fazendo cinco projetos com autores jovens, um trabalho de consultoria para conseguirmos cinco roteiros sólidos produzidos aqui no Ceará.

DIVIRTA-CE – A Globo ou alguma emissora de TV já demonstrou interesse nesses roteiros ou vocês já ofereceram para algum canal aberto ou a cabo?
KARIM AÏNOUZ –
Na verdade decidimos não oferecer para ninguém antes de termos os roteiros sólidos. A graça é resolver um problema grave do cinema brasileiro e da TV também que é a maturidade dos roteiros. O objetivo é chegarmos até abril desse ano com os cinco roteiros prontos.






TV DIVIRTA-CE Entrevista

Vejam o bate papo entre Felipe Palhano e Karim Aïnouz, gravado um dia antes do aniversário do cineasta, em vídeo que deu origem à entrevista, além de cenas da palestra que ele proferiu no Porto Iracema de Artes, com direito a "Parabéns para você"











Cine TV DIVIRTA-CE

Veja agora o filme completo do cineasta Karim Aïnouz e seu parceiro Marcelo Gomes, "Viajo porque preciso, volto porque te amo"


  


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