Scott Turow e Marc Levy discutem adaptações para cinema na Bienal do Rio
Último dia da maior festa literária do país teve ainda palestras sobre língua portuguesa, histórias em quadrinhos e contos fantásticos
O casamento entre cinema e literatura reuniu dois ícones das letras neste domingo na XV Bienal do Livro Rio. O francês Marc Levy, que teve mais de 23 milhões de exemplares vendidos em 42 idiomas, e o americano Scott Turow, papa dos livros de tribunal, conversaram sobre as adaptações de seus livros para a telona. As primeiras sessões do dia apresentaram ainda debates sobre a língua portuguesa, as narrativas nas histórias em quadrinhos e uma palestra de Eduardo Spohr, autor consagrado da literatura fantástica.
Muito aplaudidos pelo público, Levy, autor de Tudo aquilo que nunca foi dito (Objetiva), e Turow, que lançou nesta Bienal O Inocente (Record), iniciaram o debate com uma análise sobre a transformação do conteúdo de um romance para um filme de apenas duas horas. “É a realidade comercial. É claro que algo se perde nesse processo, mas a seleção tem que ser feita. Não há muito a fazer”, lamentou Turow. Já Levy brincou com a felicidade de ver sua obra no cinema: “Quando vi meu nome, fiquei tão feliz que nem quis ver o filme. Já estava satisfeito”, brincou o francês. “Na verdade, eu espero que a inteligência do diretor que vai escolher os cortes faça a diferença”.
Os dois disseram que o processo de transformação de uma obra literária para um filme não conta com grande participação dos autores. “O pessoal de Hollywood é quem faz esse trabalho específico. Não me meto no processo”, disse Levy, que recebeu a aprovação de Turow. “O tempo da escrita não é o mesmo tempo da tela. São dois universos muito diferentes e cada um faz sua parte”, afirmou o americano.
A data de aniversário dos atentados terroristas em Nova York também foi lembrada. “Trata-se de um evento épico. É algo tão transformador que fica difícil analisar como ele mudou a sociedade. Particularmente, acredito que mudou para melhor. Os Estados Unidos aprenderam que existe um mundo. E que a troca de experiências com esse mundo é importante para o crescimento interno”, afirmou Turow.
A XV Bienal do Livro Rio abriu ainda espaço para a discussão da língua portuguesa entre o professor e linguísta Evanildo Bechara e o escritor e jornalista Sergio Rodrigues no espaço Café Literário, na sessão “Última flor do lácio, inculta e bela”. Entre os temas abordados, a dupla falou sobre o uso cotidiano do português, a educação pública e a nova reforma ortográfica.
Provocado, Sergio Rodrigues comentou a polêmica envolvendo o livro do MEC adotado para o ensino do português nas escolas públicas. Em um dos capítulos da obra, os autores defendem que o uso de frases como “Nós pega o peixe” é considerado normal na linguagem popular. “A imprensa exagerou nas críticas, como se duas páginas do livro fossem causar o fim da civilização. Por outro lado, pareceu também que defender o ensino da norma culta é um instrumento de dominação política contra o povo”, afirmou. Para Bechara, os professores devem ensinar os alunos a serem poliglotas dentro de sua própria língua. “Os estudantes chegam na escola com um patrimônio linguístico que vem de casa. Ele deve ser preservado e acrescentado de outras variantes e registros”.
Mais cedo, o Café Literário abriu suas atividades com a palestra “HQ: Cruzamento de linguagens”. O debate foi comandado por Lobo Barba Negra e teve como convidados os autores Lourenço Mutarelli, André Dahmer, Rafael Coutinho e Rafel Sica. Os métodos diversos da produção de quadrinhos, a internet e os estilos de narrativa foram os temas principais da atividade, que contou com grande presença do público, especialmente dos jovens.
De acordo com o quarteto, a inquietação é a marca principal desse mercado. Por isso, deve-se reinventar até quando se fala em linguagem, o que nem sempre agrada o público: “Existe alguém que falou que as histórias devem ter início, meio e fim. Só que comigo não funciona assim”, disse Rafael Sica. Lourenço Mutarelli concordou com o colega: “As pessoas cobram que a gente diga a elas o que entender, quando elas que deveriam tirar suas próprias conclusões.”
Outro ponto que agitou o debate foi as influências artísticas de cada um. Dhamer concorda que é bom ter boas referências, mas acha importante o “abandono do mestre”: “Sempre é bom ter referências, mas tem que se perceber que você é você e ele é ele. Se está disposto a fazer arte é importante fazer o diferente”, ensinou.
No Conexão Jovem, espaço dedicado ao encontro dos adolescentes com seus autores prediletos, Eduardo Sporh foi protagonista de uma concorrida palestra. Autor de A Batalha do Apocalipse (Verus Record) – livro que esteve entre os mais vendidos no segundo semestre de 2010 no Brasil –, o escritor carioca é um dos principais representantes da literatura fantástica no país. Simpático, Sporh falou sobre a popularidade do livro: “Tinha receio de que os evangélicos tivessem preconceito. Por sorte, eles entenderam que é ficção e não criaram polêmica. Eu me inspirei na Bíblia, mas a história é ficcional”, ressaltou.
Sporh também lembrou de suas experiências anteriores na festa literária e mostrou-se emocionado durante a palestra. “É maravilhoso estar com vocês aqui na Bienal. Na edição anterior, em 2007, vim de forma independente e vendi apenas dez exemplares, contando os da minha família. Mas não desisti e só tenho a agradecer a vocês por fazerem parte dessa história”, disse Spohr, que lançou nesta Bienal seu segundo livro, Filhos do Eden – Herdeiros de Atlântida.
Mauricio de Sousa e Ziraldo autografam pela primeira vez juntos
Os dois lançaram na Bienal do Rio o livro "O Maior Anão do Mundo"
Somando, os dois têm mais de um século de carreira. Ainda assim Mauricio de Sousa e Ziraldo fizeram algo inédito na Bienal do Livro, no Rio de Janeiro. Eles autografaram juntos o primeiro livro da dupla "O Maior Anão do Mundo", fato nunca antes ocorrido.
Com texto do pai do Menino Maluquinho e ilustrações do pai da Turma da Mônica, a obra conta a história de Julius, um jovem que, mesmo com seus 2,80m de altura é um anão. Um anão com sonhos de grandeza. Ziraldo conta as aventuras e desventuras de seu grande pequeno personagem que tenta, a todo custo, ser famoso.
Último dia da maior festa literária do país teve ainda palestras sobre língua portuguesa, histórias em quadrinhos e contos fantásticos
O casamento entre cinema e literatura reuniu dois ícones das letras neste domingo na XV Bienal do Livro Rio. O francês Marc Levy, que teve mais de 23 milhões de exemplares vendidos em 42 idiomas, e o americano Scott Turow, papa dos livros de tribunal, conversaram sobre as adaptações de seus livros para a telona. As primeiras sessões do dia apresentaram ainda debates sobre a língua portuguesa, as narrativas nas histórias em quadrinhos e uma palestra de Eduardo Spohr, autor consagrado da literatura fantástica.
Muito aplaudidos pelo público, Levy, autor de Tudo aquilo que nunca foi dito (Objetiva), e Turow, que lançou nesta Bienal O Inocente (Record), iniciaram o debate com uma análise sobre a transformação do conteúdo de um romance para um filme de apenas duas horas. “É a realidade comercial. É claro que algo se perde nesse processo, mas a seleção tem que ser feita. Não há muito a fazer”, lamentou Turow. Já Levy brincou com a felicidade de ver sua obra no cinema: “Quando vi meu nome, fiquei tão feliz que nem quis ver o filme. Já estava satisfeito”, brincou o francês. “Na verdade, eu espero que a inteligência do diretor que vai escolher os cortes faça a diferença”.
Os dois disseram que o processo de transformação de uma obra literária para um filme não conta com grande participação dos autores. “O pessoal de Hollywood é quem faz esse trabalho específico. Não me meto no processo”, disse Levy, que recebeu a aprovação de Turow. “O tempo da escrita não é o mesmo tempo da tela. São dois universos muito diferentes e cada um faz sua parte”, afirmou o americano.
A data de aniversário dos atentados terroristas em Nova York também foi lembrada. “Trata-se de um evento épico. É algo tão transformador que fica difícil analisar como ele mudou a sociedade. Particularmente, acredito que mudou para melhor. Os Estados Unidos aprenderam que existe um mundo. E que a troca de experiências com esse mundo é importante para o crescimento interno”, afirmou Turow.
A XV Bienal do Livro Rio abriu ainda espaço para a discussão da língua portuguesa entre o professor e linguísta Evanildo Bechara e o escritor e jornalista Sergio Rodrigues no espaço Café Literário, na sessão “Última flor do lácio, inculta e bela”. Entre os temas abordados, a dupla falou sobre o uso cotidiano do português, a educação pública e a nova reforma ortográfica.
Provocado, Sergio Rodrigues comentou a polêmica envolvendo o livro do MEC adotado para o ensino do português nas escolas públicas. Em um dos capítulos da obra, os autores defendem que o uso de frases como “Nós pega o peixe” é considerado normal na linguagem popular. “A imprensa exagerou nas críticas, como se duas páginas do livro fossem causar o fim da civilização. Por outro lado, pareceu também que defender o ensino da norma culta é um instrumento de dominação política contra o povo”, afirmou. Para Bechara, os professores devem ensinar os alunos a serem poliglotas dentro de sua própria língua. “Os estudantes chegam na escola com um patrimônio linguístico que vem de casa. Ele deve ser preservado e acrescentado de outras variantes e registros”.
Mais cedo, o Café Literário abriu suas atividades com a palestra “HQ: Cruzamento de linguagens”. O debate foi comandado por Lobo Barba Negra e teve como convidados os autores Lourenço Mutarelli, André Dahmer, Rafael Coutinho e Rafel Sica. Os métodos diversos da produção de quadrinhos, a internet e os estilos de narrativa foram os temas principais da atividade, que contou com grande presença do público, especialmente dos jovens.
De acordo com o quarteto, a inquietação é a marca principal desse mercado. Por isso, deve-se reinventar até quando se fala em linguagem, o que nem sempre agrada o público: “Existe alguém que falou que as histórias devem ter início, meio e fim. Só que comigo não funciona assim”, disse Rafael Sica. Lourenço Mutarelli concordou com o colega: “As pessoas cobram que a gente diga a elas o que entender, quando elas que deveriam tirar suas próprias conclusões.”
Outro ponto que agitou o debate foi as influências artísticas de cada um. Dhamer concorda que é bom ter boas referências, mas acha importante o “abandono do mestre”: “Sempre é bom ter referências, mas tem que se perceber que você é você e ele é ele. Se está disposto a fazer arte é importante fazer o diferente”, ensinou.
No Conexão Jovem, espaço dedicado ao encontro dos adolescentes com seus autores prediletos, Eduardo Sporh foi protagonista de uma concorrida palestra. Autor de A Batalha do Apocalipse (Verus Record) – livro que esteve entre os mais vendidos no segundo semestre de 2010 no Brasil –, o escritor carioca é um dos principais representantes da literatura fantástica no país. Simpático, Sporh falou sobre a popularidade do livro: “Tinha receio de que os evangélicos tivessem preconceito. Por sorte, eles entenderam que é ficção e não criaram polêmica. Eu me inspirei na Bíblia, mas a história é ficcional”, ressaltou.
Sporh também lembrou de suas experiências anteriores na festa literária e mostrou-se emocionado durante a palestra. “É maravilhoso estar com vocês aqui na Bienal. Na edição anterior, em 2007, vim de forma independente e vendi apenas dez exemplares, contando os da minha família. Mas não desisti e só tenho a agradecer a vocês por fazerem parte dessa história”, disse Spohr, que lançou nesta Bienal seu segundo livro, Filhos do Eden – Herdeiros de Atlântida.
Mauricio de Sousa e Ziraldo autografam pela primeira vez juntos
Os dois lançaram na Bienal do Rio o livro "O Maior Anão do Mundo"
Somando, os dois têm mais de um século de carreira. Ainda assim Mauricio de Sousa e Ziraldo fizeram algo inédito na Bienal do Livro, no Rio de Janeiro. Eles autografaram juntos o primeiro livro da dupla "O Maior Anão do Mundo", fato nunca antes ocorrido.
Com texto do pai do Menino Maluquinho e ilustrações do pai da Turma da Mônica, a obra conta a história de Julius, um jovem que, mesmo com seus 2,80m de altura é um anão. Um anão com sonhos de grandeza. Ziraldo conta as aventuras e desventuras de seu grande pequeno personagem que tenta, a todo custo, ser famoso.
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