Textos inéditos de José de Alencar
Editora da UFC lança ensaios inéditos do escritor cearense
Manuscritos inéditos do escritor cearense José de Alencar (1829-1877) serão lançados nesta segunda, em Fortaleza, pela Editora da UFC (Universidade Federal do Ceará) no Festival UFC de Cultura. A publicação de "Antiguidade da América e a Raça Primogênita" busca corrigir o que alguns estudiosos da sua obra consideram injustiça. Nesses ensaios, o autor abandona a ficção --o escritor faz parte da escola romântica da literatura brasileira-- e se concentra na filosofia e na antropologia para dar conta do surgimento e do colapso da civilização. "O berço da humanidade foi a América; não esta regenerada; mas a primitiva América, tal como saiu da gênese universal", afirma ele numa passagem de "Antiguidade da América". Em outro trecho, diz: "A intervenção divina é infalível. Outrora manifestou-se pelo dilúvio; chegará a vez da combustão".
Para Alencar, o apogeu da Europa até o final do século 19 seria somente uma fase da humanidade e o colapso dela se daria no retorno das atenções à América. "Ele mostra uma versão universalizante do mundo e se antecipa, inclusive, a questões contemporâneas, como o esgotamento dos recursos naturais", afirma o organizador do projeto, o professor de literatura da UFC Marcelo Peloggio, organizador do trabalho. De acordo com ele, os ensaios mostram preocupações de alguma forma presentes na obra do escritor, mas que não eram bem assimiladas: "O material revitaliza a obra alencarina. Abre um novo diálogo com o autor".
Os ensaios revelam, segundo Peloggio, um intelectual preocupado com a interferência divina e suas leituras, como as do filósofo Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) e do naturalista Charles Darwin (1809-1882). Em "A Raça Primogênita", ele escreve: "Embora reconheça a verdade das duas leis da seleção e da evolução, aparto-me da doutrina de Darwin em não considerar essas leis como absolutas, mas subordinadas ao princípio da criação". Elaborados entre setembro e novembro de 1877, os textos têm alguns trechos inacabados, esboços para desenvolvimento futuro, conta Peloggio. Alencar morreria de tuberculose em dezembro daquele ano.
Os dois ensaios foram retirados do caderno número quatro dos 11 manuscritos de Alencar guardados no Museu Histórico Nacional, no Rio de Janeiro. Os papéis incluem ainda outros textos inéditos --inclusive alguns apócrifos. Pequenas passagens do material chegaram a ser publicadas por Alceu Amoroso Lima em 1965 --numa edição comemorativa de "Iracema"-- e em textos acadêmicos, mas essa é primeira vez que eles são publicados integralmente. Os ensaios são acompanhados de três artigos, escritos por Eduardo Vieira Martins, da Universidade de São Paulo, César Sabino, da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, e Peloggio.
Editora da UFC lança ensaios inéditos do escritor cearense
Manuscritos inéditos do escritor cearense José de Alencar (1829-1877) serão lançados nesta segunda, em Fortaleza, pela Editora da UFC (Universidade Federal do Ceará) no Festival UFC de Cultura. A publicação de "Antiguidade da América e a Raça Primogênita" busca corrigir o que alguns estudiosos da sua obra consideram injustiça. Nesses ensaios, o autor abandona a ficção --o escritor faz parte da escola romântica da literatura brasileira-- e se concentra na filosofia e na antropologia para dar conta do surgimento e do colapso da civilização. "O berço da humanidade foi a América; não esta regenerada; mas a primitiva América, tal como saiu da gênese universal", afirma ele numa passagem de "Antiguidade da América". Em outro trecho, diz: "A intervenção divina é infalível. Outrora manifestou-se pelo dilúvio; chegará a vez da combustão".
Para Alencar, o apogeu da Europa até o final do século 19 seria somente uma fase da humanidade e o colapso dela se daria no retorno das atenções à América. "Ele mostra uma versão universalizante do mundo e se antecipa, inclusive, a questões contemporâneas, como o esgotamento dos recursos naturais", afirma o organizador do projeto, o professor de literatura da UFC Marcelo Peloggio, organizador do trabalho. De acordo com ele, os ensaios mostram preocupações de alguma forma presentes na obra do escritor, mas que não eram bem assimiladas: "O material revitaliza a obra alencarina. Abre um novo diálogo com o autor".
Os ensaios revelam, segundo Peloggio, um intelectual preocupado com a interferência divina e suas leituras, como as do filósofo Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) e do naturalista Charles Darwin (1809-1882). Em "A Raça Primogênita", ele escreve: "Embora reconheça a verdade das duas leis da seleção e da evolução, aparto-me da doutrina de Darwin em não considerar essas leis como absolutas, mas subordinadas ao princípio da criação". Elaborados entre setembro e novembro de 1877, os textos têm alguns trechos inacabados, esboços para desenvolvimento futuro, conta Peloggio. Alencar morreria de tuberculose em dezembro daquele ano.
Os dois ensaios foram retirados do caderno número quatro dos 11 manuscritos de Alencar guardados no Museu Histórico Nacional, no Rio de Janeiro. Os papéis incluem ainda outros textos inéditos --inclusive alguns apócrifos. Pequenas passagens do material chegaram a ser publicadas por Alceu Amoroso Lima em 1965 --numa edição comemorativa de "Iracema"-- e em textos acadêmicos, mas essa é primeira vez que eles são publicados integralmente. Os ensaios são acompanhados de três artigos, escritos por Eduardo Vieira Martins, da Universidade de São Paulo, César Sabino, da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, e Peloggio.
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