terça-feira, 26 de janeiro de 2016

IMPERDÍVEL

Fundação Edson Queiroz apresenta exposição de Hélio Oiticica 

Estrutura Corpo Cor traz 60 obras do artista no Espaço Cultural Airton Queiroz
Dos originais parangolés aos bólides complexos, capazes de se remodelar com o olhar por meio de texturas, cores vivas e elementos que provocam o imaginário,  o artista carioca Hélio Oiticica (1937-1980) é a síntese do artista libertário. Inventor e anfitrião de seus próprios trabalhos, resultantes de uma mente aguda, inquieta, movida por técnica precisa e valores que encontravam nas questões sociais e políticas sua grande tela para se esboçar, o artista rompeu a linha que dividia a obra e o espectador, tornando a interação e a sensorialidade parte fundamental de sua obra e da apreciação da mesma.
O artista, que revolucionou a arte mundial com suas obras criadas por um espírito que encontrava inspiração nas manifestações populares do Brasil, será o tema da individual Hélio Oiticica – Estrutura Corpo Cor, no Espaço Cultural Airton Queiroz, da Unifor, em Fortaleza, de 26 de janeiro até 1º de maio de 2016.

As 60 obras presentes na exposição, com curadoria de Celso Favaretto e Paula Braga, mostram a transformação do artista, que partiu da pintura para chegar ao além-da-arte (por ele denominado “invenção), saindo da bidimensionalidade para a múltipla experiência sensorial, dando corpo teórico e experimental à interação entre o público e a obra, unindo arte e vivência. Os 17 espaços da exposição, assim, marcam as diferentes fases do artista, como o Grupo Frente, os Metaesquemas, Seco, Bólides, Neoconcretismo, Macaleia, Relevos espaciais e outros. A exposição contempla ainda um espaço educativo e uma cronologia do artista, nos ambientes térreos do Espaço Cultural.

O artista
Hélio Oiticica (1937-1980) começa a se dedicar à pintura em 1954, quando inicia os estudos de pintura com Ivan Serpa (1923-1973), no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro – MAM – RJ.

No ano seguinte, realiza sua primeira exposição, na segunda coletiva do Grupo no Museu de Arte Moderna. Nesse período, o artista entra em contato com a artista Lygia Clark (1920-1988) e com os críticos de arte Ferreira Gullar (1930) e Mário Pedrosa (1900-1981) e inicia seus trabalhos bidimensionais, com a criação de pinturas geométricas de guache sobre cartão.
Em 1956, começa a criar a série Secos, de guache sobre cartão, técnica com a qual trabalhará ao longo de toda a década seguinte, criando também a série posteriormente denominada Metaesquemas.
Em 1958, inicia a série de Pinturas Brancas.
No ano seguinte, o artista, a convite de Lygia Clark e Ferreira Gullar, passa a integrar o grupo Neoconcreto do Rio de Janeiro. A série Branca evolui de pinturas em cartão para pinturas a óleo sobre tela e compensado. Realiza obras monocromáticas que incluem pinturas triangulares em vermelho e branco e também a série Invenções. Inicia o grupo de Bilaterais.
Em 1963, o artista começa a produção de bólides criando a primeira de suas estruturas manuseáveis, o B1 Bólide caixa 1. 
O escultor Jackson Ribeiro, em 1964, o apresenta à Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira, que passa a ser passa de sua vida e obra.
Na Zona Norte do Rio e Janeiro, Oiticica vive outra experiência marcante em sua obra ao ver uma espécie de construção improvisada por um mendigo com estacas de madeira, cordões e outros materiais; em um pedaço de juta consegue ler a palavra "Parangolé" e passa a designar assim as obras que desenvolvia naquele momento.
A exposição Opinião 65, marco da história da arte brasileira, no MAM - RJ, marca um dos momentos mais polêmicos de sua carreira. Proibido de desfilar com passistas da Mangueira e seus parangolés nas dependências do museu, Oiticica se retira do espaço expositivo e faz seu desfile no jardim do local, com repercussão positiva junto a artistas, intelectuais e imprensa presente.
Nesse mesmo ano, o artista realiza o B33 Bólide caixa 18 – "Homenagem a Cara de Cavalo", famoso bandido carioca de quem era amigo.
O artista, em 1967, inicia suas propostas Supra-sensoriais, apresentadas no IV Salão de Arte Moderna de Brasília, por meio dos bólides da "Trilogia sensorial”, e concebe o Éden, conjunto de penetráveis e proposições supra-sensoriais, expostos em 1969, na Galeria Whitechapel, em Londres.
No ano do AI-5, que marca o endurecimento da ditadura, o artista cria para o show de Caetano Veloso, na boate Sucata, no Rio de Janeiro, a bandeira “Seja marginal seja herói”, que acaba apreendida e é a causa da interdição do espetáculo pela Polícia Federal.
A partir do final dos anos 1960, o artista começa a expor com consistência no exterior. Depois da exposição na Whitechapel, em Londres, o artista expõe em Edimburgo (Escócia) e na coletiva “Six latin american countries”, The Lively Midland Group Gallery, também na capital britânica.
Em 1970, viaja para Nova York onde expõe os Ninhos na exposição "Information", com curadoria de Kynaston McShine, no Museum of Modern Art.
Morre, em 1980, no Rio de Janeiro, vítima de um acidente vascular cerebral.
Sobre a Fundação Edson Queiroz – Como poucas instituições no Brasil fora do eixo Rio-São Paulo, a Fundação Edson Queiroz construiu um amplo acervo de arte brasileira, sobretudo do século 20, com obras de artistas do porte de Lygia Clark, Di Cavalcanti, Lasar Segall, Tarsila do Amaral, Alfredo Volpi, entre outros. A articulação entre a educação superior e as artes faz parte da essência da Fundação Edson Queiroz, mantenedora da Universidade de Fortaleza (Unifor), onde a comunidade acadêmica convive em harmonia com as artes visuais, o teatro, a música e a dança, por meio da realização de exposições e espetáculos e do apoio permanente a seus grupos de arte – Big Band, Camerata, Cia. de Dança, Coral, Grupo Mirante de Teatro, Orquestra Infantil de Sanfonas, Grupo Infantil de Flautas, Grupo Infantil de Violinos e Grupo Infantil de Piano. A Fundação mantém ainda a Biblioteca de Acervos Especiais, composta por livros raros adquiridos da coleção de Francisco Matarazzo Sobrinho, aberta à visitação pública sob agendamento.

Sobre o Espaço Cultural Airton Queiroz – Criado em 1988 e ampliado em 2004, o Espaço Cultural Airton Queiroz apresenta estrutura compatível à dos grandes salões de arte do mundo. O espaço, localizado no prédio da Reitoria da Universidade, já recebeu nomes de importância da arte internacional, como Rembrandt, Rubens e Miró, artistas brasileiros consagrados, como Antonio Bandeira, Candido Portinari, Beatriz Milhazes e Adriana Varejão, e novos talentos da arte cearense e nordestina. O ambiente reflete a figura do chanceler Airton Queiroz, presidente da Fundação Edson Queiroz, que parte da compreensão da capacidade que a arte detém de ampliar conhecimentos em todas as áreas do conhecimento. Por meio do Projeto Arte-Educação, estudantes de escolas públicas e particulares são guiados por monitores especialmente treinados, reforçando o caráter educativo da visitação.

Hélio Oiticica – Estrutura Corpo Cor
De 26 de janeiro a 1º de maio de 2016
26 de janeiro, 19h – abertura para convidados
27 de janeiro, 9h – palestra com os curadores Celso Favaretto e Paula Braga, no auditório da Biblioteca Unifor

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