domingo, 17 de janeiro de 2016

EM CARTAZ - CRÍTICA

Em atuação razoável, Stallone finalmente se consagra como ator em "Creed"

Assim como o novo filme de "Star Wars" colocou um negro como protagonista, "Creed" também promove a inversão na imagem do herói boxeador americano, com Rocky Balboa sendo treinador do filho de um antigo rival negro  

"Rocky, um lutador"  foi lançado há 40 anos, mas aquela imagem do grande boxeador pobre americano vencedor, com aquela musiquinha, até crianças que não viram o filme conhecem. O filme que tornou-se cult e atravessou gerações com diversas continuações com a história de Rocky Balboa levou 3 estatuetas (Melhor filme, direção e montagem) no Oscar de 1977, superando, dentre outros, clássicos como "Todos os Homens do Presidente" e "Taxi Driver".
A saga Rocky ganhou outras versões ao longo das décadas: algumas razoáveis; outras, oportunistas. Porém, quando todo mundo pensava que a trama já tinha sido nocauteada, eis que surge um novo desdobramento com a chegada de "Creed: Nascido para lutar", que estreou nos cinemas de Fortaleza, estando em cartaz em sala UCI Iguatemi e outras.
A nova história se levanta do ringue pela boa direção de Ryan Coogler, que narra a trajetória de Adonis Creed (em atuação impecável de Michael B. Jordan), filho bastardo de Apollo "Doutrinador" Creed, adversário de Balboa na primeira versão. Rebelde e rejeitado, Adonis passou parte da infância em reformatórios, sempre arranjando confusões, sempre partindo para a briga, ou, como diz o título: nascido para lutar.


Idoso, Rocky segue sua vida à frente de sua cantina italiana. Sem muita perspectiva, o que sobra de seu passado de glórias são os quadros das lutas, pendurados na parede, como num grande museu de si mesmo. O convite de Adonis, mesmo depois de revelar ser o filho de Apollo, não seduz o ex-lutador, que já não encontra muito sentido na vida, como se entrando no último round, extenuado, combalido, pior, sem esperança.
Porém, a vontade e a determinação do jovem em entrar para o mundo da luta contagiam Balboa, que o encaminha à Academia de Boxe e, como se também o seu instinto o conduzisse, resolve treinar Adonis. Ao adentrar no universo da academia, Balboa não só reconduz o jovem Adonis, mas reencontra-se com seu destino.
Parte importante que distingue o filme bom do não interessante é a forma de conduzir a narrativa. Neste ponto, o diretor Ryan Coogler conseguiu manter o vigor de uma história que praticamente foi toda contada há 40 anos e convive no imaginário de muitos. Não é fácil o desafio de fazer um filme partindo de uma premissa já existente e muito explorada.
Porém, em "Creed", Coogler consegue equilibrar o antigo/clássico com o moderno/contemporâneo. Preserva a atmosfera underground dos cenários de "Rocky" com os cenários suburbanos atuais. O mesmo acontece com a trilha sonora, tão marcante no primeiro filme, que revive em "Creed", porém, "sampleada" com novas sonoridades eletrônicas. Nessa simbiose entre o passado e o tempo atual, Coogler recria "Rocky", sem que se limite a um remake fiel (mas nunca negando as referências e fontes) e ainda com força para que "Creed" tenha a sua própria identidade. Mas não deixa de usar a trilha sonora do antigo filme. O novo bem que poderia ter uma duração menor.
A vida do garoto se transforma quando a viúva de Apollo, Mary Anne (Phylicia Rashad) resolve adotá-lo. Com isso, Adonis tem a chance construir uma vida. Já adulto, mesmo trabalhando em uma grande empresa em Los Angeles, mantém o instinto por meio de lutas de boxe clandestinas no México. Uma clara referência às lutas amadoras de Rocky no primeiro filme. Esse instinto brigador de Adonis o faz abandonar o emprego para tentar a sorte como lutador profissional. Sai de casa e parte para a Filadélfia, onde encontrará Rocky (Sylvester Stallone) e o convida para ser seu técnico.

Não foi divulgado, mas em busca de um público negro maior nas salas de cinema dos EUA, as principais franquias Hollywoodianas estão incorporando atores negros protagonistas nos chamados bombshells, filmes com grande expectativa de bilheteria. Foi assim em "Star Wars" e está sendo assim na sucessão de Rocky Balboa para "Creed".
As sequências de preparação do jovem para a luta, quando pareciam sucumbir ao óbvio e ao déjà vu, a história se desloca dos ringues para focar a vida de Balboa, um homem com passado glorioso, mas que se encontra sozinho e tem de conviver com as limitações físicas da senilidade. É como se existisse um curta-metragem inserido de forma sem interrupções na história do jovem Adonis. Uma excelente montagem, um ótimo roteiro. Mas a atuação de Stallone é apenas razoável, sem exageros de amigos e admiradores de Hollywood. Pela primeira vez ele está pouco canastrão em algum filme, pois em todos, mais parece um robô moderno - nem por isso impediu que seus filmes fossem sucessos de bilheteria. Talvez pelo filme ter esse plano entre a velhice de Rocky em sua idade e a e ascenção de Creed na juventude seja a pegadinha do filme para agradar homens de todas as idades.
Mas a verdade é que mesmo ganhando o Globo de Ouro na semana passada, e o Critics Choice Awards, outra premiação americana de cinema, no domingo que passou (17 de janeiro), ou mesmo ganhando o Oscar 2016, Sylvester Stallone consegue ter uma atuação apenas razoável perto de uma carreira de canastrices que deveriam consolidar um Franboesa de Ouro pelo conjunto da obra. Afinal, ele faz bons filmes - mas ter talento como ator é outra história. O talento dele é pra ter músculos e fazer o tipo machão. Aprender não é o mesmo que ter talento. Com 40 anos de carreira ele aprendeu um pouquinho. 

Um comentário:

Cirilo disse...

critica de merda a atuação dele tá otima mas ator bom pra vc e malvino salvador e caio castro kleber toledo e etc... né?