Quatro cidades
do Brasil concorrem a títulos na Unesco
Fortaleza concorre no segmento Design
As regiões pretendem
integrar a Rede de Cidades Criativas da entidade. Atualmente, o país
conta com oito selos; resultado sai até fim de
outubro
Laboratório de ideias e de práticas
inovadoras em prol do desenvolvimento sustentável. Esse é o
objetivo da Rede de Cidades Criativas, da Unesco, que tem quatro cidades
brasileiras candidatas a títulos para este ano. Belo Horizonte (MG)
concorre na categoria Gastronomia, Cataguases (MG) em Cinema, Fortaleza
(CE) no segmento Design e Aracaju (SE) na música. O resultado sai
até o fim de outubro.
Por meio de políticas públicas, boas práticas
e projetos de base que promovam a participação de todos -
incluindo mulheres, jovens e grupos vulneráveis, a rede coopera de
forma decisiva para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável (ODS) da Agenda 2030 das Nações Unidas.
Atualmente, a rede, criada em 2004, conta com 180 cidades em 72
países. Oito delas são no Brasil: Belém (PA),
Florianópolis (SC) e Paraty (RJ), no campo da Gastronomia;
Brasília (DF) e Curitiba (PR), no do Design; João Pessoa
(PB), em Artesanato e Artes folclóricas; Salvador (BA), na
Música; e Santos (SP), no Cinema.
Para a coordenadora de Meio Ambiente, Cultura e Economia Criativa
do Ministério do Turismo, Nicole Facuri, o aproveitamento dos
setores da economia criativa como ativos para agregar valor e desenvolver
novos produtos e destinos turísticos são de grande
importância para a diversificação da oferta
turística nacional, sobretudo no Brasil, que tem a criatividade como
diferencial.
“O turismo criativo ou turismo de experiência
representa uma tendência de consumo em todo o mundo. O MTur tem
apoiado ações que promovam e incentivem o consumo de produtos
turísticos estruturados a partir do capital cultural, intelectual e
na criatividade, como audiovisual, design, gastronomia, conteúdos
literários, artes visuais, entre outros”, ressalta
Nicole.
SOBRE AS CANDIDATURAS/SINGULARIDADE
Com uma arte culinária singular e que remete a uma
tradição de décadas, Belo Horizonte vem se
consolidando cada vez mais como um ativo imprescindível para o
turismo gastronômico no país. Hoje, a gastronomia responde por
quase 40% dos empregos na economia criativa de Belo Horizonte, com mais de
21 mil pessoas formalmente empregadas. Segundo a Abrasel-MG, o setor
movimenta 4,5 bilhões de reais por ano, considerando as suas 45.662
empresas do setor de alimentos, das quais 18.699 são bares e
restaurantes, distribuídos em mais de 10 polos
gastronômicos.
Aprovada por 96% dos turistas estrangeiros que visitam o estado, a
gastronomia de Minas Gerais só perde para a hospitalidade do
brasileiro, segundo estudo do perfil do visitante estrangeiro feito
anualmente pelo Ministério do Turismo. O modo artesanal de fazer
queijo de minas nas regiões do Serro e das Serras da Canastra e do
Salitre é patrimônio imaterial do Brasil (IPHAN) e já
atrai turistas de diversas partes do país para as fazendas do
interior do estado. Além disso, a Rota do Queijo Terroir
Vertentes levou o segundo lugar na 1ª edição do
Prêmio Nacional do Turismo, em dezembro de 2018. O projeto promove o
desenvolvimento econômico e da gastronomia mineira nos 23
municípios que integram o Circuito Turístico Trilha dos
Inconfidentes e Terroir Vertentes, gerando mais trabalho e renda para a
região.
Ao se candidatar ao título de Rede de Cidade Criativa da
Música, Aracaju pretende estabelecer uma poderosa indústria
criativa com investimentos nacionais e internacionais, uma vida cultural
participativa incluindo os mais vulneráveis e um desenvolvimento
urbano onde a música é um fator estratégico de
desenvolvimento sustentável. Do ritmo tradicional de forró, a
cidade hoje se reinventa em misturas de rock e jazz, além de ritmos
contemporâneos nos mercados nacionais e
internacionais. Principal ativo da economia criativa de Aracaju, a
cena musical é efervescente com projetos independentes, privados e
públicos, além de meio de subsistência para
músicos, técnicos e produtores. Quase 250 grupos e artistas
ocupam 36 teatros e cinco festivais.
Aspirante ao título de Design, a capital do Ceará
é considerada a 4ª capital do país em número de
estabelecimentos do segmento, depois de São Paulo, Rio de Janeiro e
Curitiba. Além disso, Fortaleza ocupa hoje a terceira
posição entre as capitais brasileiras em número de
empregos formais no setor de Design, com uma taxa de 273,9 projetistas por
milhão de habitantes, 80% superior à média brasileira.
Tudo teve início com o ciclo da plantação de
algodão no Ceará, a partir do século XVIII, quando o
processo de industrialização de Fortaleza se consolidou com a
criação de um parque industrial têxtil e uma
área de produção de moda.
Já no quesito Cinema, a cidade mineira Cataguases é
quem encabeça a candidatura do Brasil à rede da Unesco. Com
um polo audiovisual em ascensão desde 2002, a região se
destaca no cenário cultural nacional, sendo reconhecida como um
modelo produtivo arranjo regional e como um grande centro de
produção cinematográfica no país. A
criação de uma escola-estúdio para
qualificação profissional de alto nível em design
audiovisual e transmídia, com foco no setor de
animação, é um dos projetos a serem desenvolvidos,
após o título da cidade na Rede de Cidades Criativas. O
principal evento na cidade é o Festival Ver e Fazer Filmes que
já teve a participação de jovens estudantes de
Portugal, Moçambique, Cabo Verde e Angola.
COMO FAZER PARTE
Para integrar a rede, a cidade deve preparar um plano de
desenvolvimento no campo criativo em que a região se candidatou. O
processo de seleção é feito por dois comitês: um
técnico, com representação em cada categoria,
designado pela Unesco; e um comitê de representantes das cidades
já integrantes da Rede, em cada categoria. Ao conquistar o
título, a cidade tem a oportunidade de integrar uma rede
internacional de cooperação que envolve outros setores
criativos, além de participar de projetos estratégicos em
âmbito internacional e fomentar a indústria criativa local de
forma sustentável e inclusiva.
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