Marta Aurélia lança o disco Acesa no Cineteatro São Luiz no dia 29/10
Produzido
pela própria artista, em parceria com Eric Barbosa, o trabalho
transita, de maneira fluida e livre, entre música e poesia
Cantora, compositora, atriz e jornalista, Marta Aurélia, ou simplesmente Aurélia, lança, no dia 29 de outubro de 2018, às 19h, no Cineteatro São Luiz, o seu segundo CD autoral, intitulado Acesa. Produzido pela própria artista, em parceria com Eric Barbosa,
o trabalho “cria uma poética da voz em sinestesia com outras fontes
sonoras e de instrumentação, de maneira fluida e livre”, como Aurélia
faz questão de definir.
Acesa
é um álbum orgânico, nascido do desejo da cantora de investigar outros
territórios para sua voz, seu som e sua poesia e de aproximar-se mais
da performance, do happening, da arte sonora, do noise e,
mais do que presente nos sets de cinema como atriz, aproximar-se,
também, da linguagem do audiovisual com sua música. Nessa perspectiva,
surge a parceria com o músico-performer Eric Barbosa e, daí,
começam os encontros criativos na Trincheira - residência artística
localizada no Centro de Fortaleza – incluindo, paulatinamente, a
presença de Eduardo Escarpinelli e Ayrton Pessoa.
Improvisações
de guitarra, baixo, teclado, acordeon, clarinete, voz e efeitos começam
a acontecer inicialmente no estúdio, seguidas por ensaios para
apresentação, mixagens do material diverso, mantendo sempre a liberdade
criativa que se apresenta nas oito faixas que compõem o disco. “O Acesa
nasceu com a ideia de se trabalhar a canção, a palavra, em outras fontes
e diretrizes, a partir do conceito de hibridismo de linguagem, entre
performance sonora e filosofia, passando ainda pelas instalações sonoras
e o audiovisual”, afirma Eric, que ainda ressalta, do trabalho, a
predileção por novas timbragens dos instrumentos, além das
experimentações da voz.
Já
Ayrton Pessoa pontua uma característica do processo criativo de
Aurélia, que é o fato de seus projetos serem tangenciais, “que se
confundem e se atravessam”. “A gente acaba sem saber o que começou,
onde, quando, como ou por que”, brinca. Para o músico, Acesa ganhou
ainda mais força com a chegada de Eric Barbosa ao projeto, dando ao
disco uma orientação estética melhor delineada e, principalmente,
trabalhando o poder de escrita de Aurélia, com composições espontâneas e
improvisos. Canções tradicionais se transformaram em ‘peças sonoras’
com a mistura de sons complexos e caóticos, ruídos, palavras, timbres de
guitarra com riffs, sintetizadores, um clarinete encantadoramente
perdido e sua voz.”
Eduardo
Escarpinelli destaca ainda a poética sonora sinestésica de Aurélia, do
seu texto falado e das frequências de seus movimentos, no estúdio e no
palco, que evocam imagens que também geram sons, deslocando poeticamente
sentidos clássicos, tradicionais, de se ver/ouvir/sentir/etc. “A
Aurélia inverte, expande e junta o cosmos sonoro", diz.
O território da voz
A
voz é território de atuação mais comum de Aurélia, desde o rádio, a
música, o teatro, o cinema, passando por suas investigações desse que
também é instrumento de autoconhecimento e expressão multicultural, dos
diversos usos da voz seja na comunicação, seja na arte, e da compreensão
do som como experiência com o sagrado e como força vital presente nos
processos criativos. É
da convergência desses aspectos que Aurélia carrega a bateria para
construir uma poética vocal capaz de transitar por alguns parâmetros
mais harmônicos do canto e da fala e criar novas imagens sonoras e
ruidísticas.
“A
voz é expressão do ser, que é perfeito, imperfeito, harmônico e
ruidoso. Então, queria caminhar com essa voz, que, quando audível,
também pudesse esmorecer, arranhar, borrar, sujar, enfim, além de
expressar a beleza do som e da voz, esta entendida também como discurso,
como o que está sendo dito. O álbum brinca entre entrar e sair de
alguns padrões, entre o som que é e não é, necessariamente,
‘compreensível’ ou ‘entendível’, mas que tem poesia e que provoca a
imaginação”, explica a cantora.
“Também
não tivemos essa questão de trabalhar com o polimento do som, quando se
pensa no referencial de gravação de estúdio, tanto que sons captados da
rua foram incorporados ao álbum. Isso porque o Acesa pretende trabalhar
essas outras formas de escuta”, pontua Eric Barbosa.
Os textos foram escritos e as músicas foram compostas durante o processo de construção do Acesa. “Ando Cantando o que Sou” expõe,
mais visceralmente, o que a artista revela de si neste momento. Nesta
música, é possível perceber o resultado das possibilidades construídas
em conjunto, a partir do diálogo entre melodia e voz. “Essa música bate
na porta da canção, é quase um aboio. Ela é quase cantada, meio
preguiçosa, às vezes quase inaudível. É para você sentir, uma espécie de
meditação em si mesma”, explica Aurélia.
Já “Cidades Invisíveis”, “Varanda” e “Escombros” são
músicas em que os textos estão mais à frente, quase como uma crônica
rítmica. É como se Aurélia contasse uma história, seja sobre cidades
contemporâneas destruídas pelas guerras (Escombros), seja sobre os seus
locais de afeto, encontrando-se com a poesia e a complexidade dos
lugares de Ítalo Calvino (Cidades Invisíveis).
“Entre” fala
da condição de vulnerabilidade da artista e do momento intraduzível da
criação: “... sem proteção qualquer, a não ser a própria sorte e algum
sinal de esmaecida lucidez, avanço, mergulhada no intraduzível do
instante”. Complementam o álbum, ainda, “Precário”, cuja poética lança um olhar crítico sobre a condição do artista na relação com seus processos de produção e criação, “Provisória”, que evoca a condição de passagem do processo criativo e “Vox”, na qual a própria voz é motor de criação.
Outra canção de destaque é “Meu Choro”,
que traduz o sentimento da cantora ao se deparar com imagens dos
flagelados da seca de 1877/1878 durante pesquisa da atriz Juliana
Tavares sobre os campos de concentração no Ceará. Mesmo tendo ficado
fora do álbum, “Meu Choro” foi mantida no repertório do show pela
conexão que estabelece com um dos dramas mais profundos do nosso tempo,
a fome, e pelo sentimento de empatia e solidariedade com a tragédia
humana.
Guerras,
miséria, fome, dor e outros temas que Aurélia traz para as músicas
traduzem, entre sons e movimento, a realidade pela qual o Brasil – e o
mundo – enfrentou e, mais do que nunca, enfrenta nos dias de hoje. Como
disse o jornalista Flávio Paiva, quando viu/ouviu Acesa: “a tragédia da
desesperança extrai a energia do corpo e precariza a mente. Mas ninguém
desaparece enquanto existir o outro”.
Som e imagem
O
processo orgânico que deu origem a este álbum vai além da relação entre
Aurélia e os músicos. Isso porque o disco também segue um conceito
visual, que dialoga com a fluidez das canções e de seu próprio processo
de construção. “O disco é um conjunto de todas essas referências:
música, imagem, design, poesia, teatro, dentre outras inspirações”, afirma Aurélia.
O
processo de desenvolvimento gráfico do disco, por exemplo, foi uma
troca entre alguns artistas e realizado em etapas. A capa partiu do
desenho da Antonia Malau, baseado nas próprias referências do
Acesa, em que a voz de Aurélia é alimentada pelas raízes poéticas, que
são ramificadas num “corpo em explosão com a terra e a alma!”, define
Antonia. A partir daí, Diego Maia elaborou todo o design do encarte, cuja arte final busca fortalecer o link entre o desenho e a atmosfera criada nas músicas.
As imagens feitas pela fotógrafa Natália Parente,
que também dialoga com a estética do álbum, foram feitas apenas com luz
natural, a partir da captura com o auxílio da técnica de longa
exposição. Após o tratamento digital, Aurélia criou toda a linguagem de
forma manual, escrevendo e interferindo sobre as imagens impressas. “A
partir desse material, fiz mais intervenções, com pintura, bordado, além
de queimar e colocar água. Trata-se de um trabalho que, embora digital,
o aspecto manual está muito presente em todo o processo”, explica
Natália.
No
Cineteatro São Luiz, Aurélia estará acompanhada de Eric Barbosa,
Eduardo Escarpinelli e Ayrton Pessoa, além de artistas convidados.
Acesa – Ficha Técnica
Produzido por Marta Aurélia e Eric Barbosa
Concepção e direção artística: Marta Aurélia
Gravação e mixagem: Eric Barbosa
Co-direção artística e assistência de mixagem: Uirá dos Reis
Gravado entre 2016 e 2018 na Trincheira Estúdio (Fortaleza/CE - Brasil)
Masterização: Klaus Sena - KlausHaus Studio (São Paulo/SP - Brasil)
Desenho da capa: Antonia Malau
Artefinal do encarte: Diego Maia
Fotos: Natália Parente
Figurino: Silvania de Deus
Maquiagem: Netinho Nogueira
Assessoria de Imprensa: Bebel Medal
Mídia Social: Nanda Loureiro
Produção executiva e fonográfica: Ana Azeredo
Selo: Trincheira / Índigo Azul / SuburbanaCo
Distribuição: Índigo Azul / OneRPM
SERVIÇO
Show: Acesa
Artista: Aurélia
Dia: 29 de outubro de 2018
Horário: 19h
Local: Cine-Teatro São Luiz
Classificação: livre
Duração: 1h30
Entrada: R$ 20,00 (inteira) / R$ 10,00 (meia): https://www.tudus.com. br/evento/cineteatro-sao-luiz- acesa-aurelia
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