quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

ARTES PLÁSTICAS, ARQUITETURA, DESIGN

Salão histórico no Centro Dragão do Mar

Exposição e livro marcam três décadas das artes visuais no Ceará


O Salão de Abril 2010 reabre hoje, às 19h, no Museu de Arte Contemporânea do Dragão do Mar, com uma exposição de obras significativas para as artes visuais cearenses, entre os anos 1980 e 2010, que permanecerá aberta até 28/02/2011, no Museu de Arte Contemporânea do Dragão do Mar. Além da exposição SALÃO DE ABRIL - De casa para o mundo.Do mundo para casa - 1980 – 2009, que reúne artistas como Aldemir Martins, Antonio Bandeira, Raimundo Cela entre muitos outros que se destacaram no período, será lançado, também no dia 28, o livro com o mesmo nome da exposição, organizado pelo curador da mostra, o artista plástico Herbert Rolim. O Salão Histórico é uma iniciativa da Prefeitura Municipal de Fortaleza, através da Secretaria de Cultura (Secultfor). “Na sua sexagésima primeira edição, o Salão reitera a pergunta: qual o lugar da arte? E assim nos desloca e nos descola de nossos territórios reais e imaginários e permeia o desafio maior de consolidação de uma política pública para as artes visuais, através de um Sistema Municipal de Cultura em formação, que visa dar legitimidade a uma política de Estado e não de governos”, afirma a secretária de Cultura de Fortaleza, Fátima Mesquita.
Com textos de Estrigas, Ana Valeska, Bitu Cassundé, Ricardo Resende, João Jorge, Cristiana Tejo, Maíra Ortins e Nílbio Thé, além do curador da mostra, Herbert Rolim, o livro SALÃO DE ABRIL - De casa para o mundo/Do mundo para casa instiga outros olhares sobre a contribuição da mostra na arte contemporânea cearense e nacional: “A proposta desta publicação limita-se a perscrutar o recorte de tempo dos anos 80 até a primeira década deste século, no entanto, sem a pretensão de extenuar o assunto em sua complexidade. Não temos a intenção de tratar o assunto pelo registro ordenado dos fatos, circunscrito à descrição cartorária, mesmo porque a 2ª edição do livro de Estrigas O Salão de Abril: 1943 a 2009, nossa principal fonte de pesquisa, inteira esse hiato na bibliografia cearense”, explica Herbert Rolim.
A publicação focaliza seu interesse nos fatos relevantes para as artes visuais e para os artistas que surgiram e firmaram suas poéticas nas três últimas décadas, o que contribui para uma reflexão sobre o Salão de Abril dentro do processo de transformação da arte brasileira. “Em outras palavras, objetivamos nos debruçar sobre a inserção do Salão no panorama da arte cearense em concordância com a trajetória do contemporâneo, rastreando indícios que se pautaram em algumas demandas e questões emergentes de âmbito nacional”, conclui Rolim.
A pesquisa que antecedeu a organização do livro e a exposição histórica, realizada por seis meses, suscita indagações fundamentais para o melhor entendimento da história das artes plásticas no Ceará: Quais acontecimentos ligados ao Salão de Abril contribuíram para sua transformação, de acordo com os paradigmas atuais da arte? Quais artistas e obras concorreram para uma compreensão da arte contemporânea cearense? Quais os pontos de intersecção entre a produção cearense e o contexto histórico, social, político e econômico do país?
Como gerador de diálogos, abrindo caminhos e ampliando a abrangência de geográfica, conceitual e de novas linguagens ao longo dos anos, o Salão, através do registro em livro e exposição que contam parte de sua história, não fecha questão sobre o debate. Ao contrário, sugere novos elementos para aprofundar a discussão: “Se passarmos a observar o movimento do Salão a partir de uma perspectiva política, notaremos que ao longo de sua existência, com maior ou menor intensidade, ele possui uma marca de contestação, inquietação e questionamento sobre si mesmo. Esta pode ser uma ‘linha’, um fio condutor de sua história, bem como, do comportamento dos artistas locais em relação às transformações sociais do Brasil. As mudanças são evidentes, e, é claro que ao observar o desenrolar da história sob o prisma da arte, é, por consequência, ter acesso a um ponto de vista filtrado, particular e que, em sua maioria, irá evidenciar o lugar pouco comum”, observa Maíra Ortins, organizadora da mostra.

Nenhum comentário: