Próximos filmes nacionais nos cinemas
Os cinemas de Fortaleza recebem em breve duas novas produções nacionais no circuito, um drama e uma comédia.
“O Signo da Cidade”, com a musa Bruna Lombardi, estréia na próxima sexta. Por trás de cada janela da gigantesca São Paulo, histórias humanas se enredam numa engenhosa teia, entre acasos, encontros inesperados, desencontros, descobertas e coincidências. Num complexo mosaico de tipos humanos, os personagens descobrem que reescrever o destino não é impossível e que o antídoto para a solidão pode estar na solidariedade. Numa sequência ágil de cenas curtas, o filme atira uns na direção dos outros para deflagrar conflitos e expor feridas – mas também para criar encontros casuais e oportunidades de redenção e salvamento.
Co-produção da Globo Filmes e Coração de Selva (“Antônia”), “O Signo da Cidade” reúne um elenco de peso – além de Bruna Lombardi, tem Juca de Oliveira, Eva Wilma, Denise Fraga, Graziela Moretto, Malvino Salvador, Luis Miranda, Fernando Alves Pinto.
Uma dona de casa entediada e atormentada pela irmã gêmea, uma dondoca deslumbrada, uma atriz decadente com síndrome do pânico, uma psicanalista incapaz de cuidar da própria filha, uma garota disposta a vencer na vida a qualquer preço, um garoto de programa apaixonado: esses são alguns dos personagens de “Polaróides Urbanas”, filme que marca a estréia na direção de Miguel Falabella.
Para representar um painel intenso e divertido das mazelas contemporâneas das grandes cidades, Miguel Falabella reuniu um grande elenco afiado na arte de transitar entre a comédia e o drama: Marília Pêra, Arlete Salles, Neusa Borges, Ana Roberta Gualda, Natália do Vale, Stella Miranda, Marcos Caruso, Otávio Augusto e Juliana Baroni, entre muitos outros.
Um novo "Tropa de Elite"?
Ações terroristas promovidas pela facção criminosa PCC serão revividas no filme 'Salve Geral'
Daqui a alguns meses, São Paulo vai reviver os três piores dias de sua história recente. O cineasta Sérgio Rezende (de ‘Zuzu Angel’) filma em junho ‘Salve Geral — O Dia Em Que São Paulo Parou’, sua visão dos ataques orquestrados pela facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) no fim de semana do Dia das Mães de 2006, que chocaram o País inteiro.
Em meio a um inferno de ônibus incendiados, ataques a bancos, metrô e residências, que provocaram um saldo de pelo menos 152 mortos, o cineasta vai colocar uma atônita mãe de família. “A protagonista será a Andréa Beltrão. Ela é uma mulher que vê o filho de 17 anos ir preso e passa a conviver com um mundo do qual nada sabia”, conta Rezende.
Atualmente em fase de pré-produção, ‘Salve Geral’ faz, no título, referência aos comunicados da facção, como o que decretou a morte de policiais e agentes penitenciários em 2006 — é para os acontecimentos desta data que o longa de Sérgio Rezende se encaminha. Com orçamento de R$ 6,8 milhões, o filme será distribuído pela Columbia. “Fomos aprovados no edital do BNDES e a Globo Filmes deve entrar no projeto”, explica o diretor.
O filme será rodado no pólo cinematográfico de Paulínea, no interior de São Paulo e terá cenas com três mil figurantes. Na capital paulista serão feitas tomadas “essenciais”, como a de uma assustadora Avenida Paulista completamente deserta. Imagens dos noticiários televisivos da época vão garantir um tom documental.
Rezende, porém, não quer fazer filme sobre o crime organizado. “Esse episódio do PCC levanta uma discussão sobre os limites da lei no Brasil”, avalia. E vai além. “É certo que a grande maioria dos presos em penitenciárias infringiu a lei, mas o Estado, ao colocá-los sob sua tutela, também infringe a lei cotidianamente. O Estado não provê e abandona essas pessoas nos presídios. Esse caldo um dia ferve, como aconteceu em 2006”, reflete o diretor, que acha o momento ideal para esse tipo de discussão, ainda mais depois da vitória de ‘Tropa de Elite’ no Festival de Berlim.
Ele acredita que, goste-se ou não de ‘Tropa’, o filme cumpriu seu papel social. “O cinema nacional mobilizou a sociedade para uma discussão muito oportuna sobre segurança pública. É espetacular um filme ter esse poder de mobilização”, elogia.
"Tropa de Elite" conquista o Urso de Ouro do Festival de Berlim
José Padilha recebe o prêmio do principal festival de cinema da Alemanha
O filme "Tropa de Elite", de José Padilha, foi premiado no sábado (16) no Festival de Berlim com o Urso de Ouro de melhor filme, durante a cerimônia de encerramento da 58ª edição da Berlinale. "Era um prêmio que eu, sinceramente, não esperava", disse Padilha, logo após receber a estatueta. O cineasta carioca foi bastante aplaudido pelos mais de mil convidados. Ao subir ao palco do Berlinale Palast para receber o troféu, acompanhado do produtor do filme, Marcos Prado. A última vez que um filme brasileiro ganhou o Urso de Ouro foi em 1998, com "Central do Brasil", de Walter Salles Jr.. A atriz Fernanda Montenegro, protagonista do filme, conquistou na época o Urso de Prata de melhor atriz pelo papel de Dora, que escreve cartas para analfabetos.
Agradecimento a Costa-Gavras
O filme, o primeiro longa-metragem de ficção de Padilha, é baseado no livro "Elite da Tropa", que narra cenas de violência e corrupção policial no Rio de Janeiro.
"É difícil expressar sentimentos em qualquer língua. Costa-Gavras é um herói para todos na América Latina, por todos os filmes que fez", disse o diretor brasileiro ao receber o prêmio das mãos do presidente do júri, o politizado diretor franco-grego, conhecido a partir do thriller político "Z" (1969).
O longa de Padilha concorria com 20 filmes, e a sua receptividade na crítica especializada durante o festival foi dúbia. Gerou desde críticas --principalmente ao seu excesso de belicismo e ao tom fascista-- quanto elogios --sendo até chamado de "o novo Cidade de Deus."
"Tropa de Elite" ainda teve que superar problemas técnicos durante o festival. O filme foi exibido no original em português com legendas em alemão --o normal são legendas em inglês. Por causa disto, os jurados e o presidente do júri, o cineasta grego Costa-Gavras, tiveram que usar fones de ouvido, com narração em voz feminina.
Na ocasião da exibição do filme em Berlim, Padilha disse acreditar que os críticos estrangeiros que atribuíram ao filme um caráter fascista foram influenciados por colegas brasileiros que reprovam "Tropa de Elite" desde a sua estréia no Brasil.
Além do Urso de Ouro para "Tropa de Elite", o festival deu o Urso de Prata para o documentário "Standard Operating Procedure", de Errol Morris, sobre as torturas a presos iraquianos em Abu Ghraib. Já Paul Thomas Anderson ganhou o Urso de Prata de melhor diretor por "Sangue Negro", que era apontado como um dos favoritos ao prêmio máximo do festival e favorito ao Oscar 2008 no próximo dia 24.
Acusação de fascista
Sobre as resenhas publicadas, o diretor afirmou: "Uns nos acharam inteligentes, outros fascistas. Na verdade, não me preocupo com isso".
Quando falou da reação a "Tropa de Elite" no Brasil, o cineasta disse durante o Festival: "Temos uma polícia muito corrupta e muito violenta. A população odeia a polícia, com boas razões. Acho que parte do público tomou o filme como uma vingança contra a polícia, o que foi difícil, porque vingança não é um bom sentimento."
Ressaltando que "tudo o que está no filme, de fato, acontece", Padilha mencionou os traficantes brasileiros como violentos e cruéis. Para ele "já é hora de acabar com essas categorizações entre direita e esquerda, porque o que interessa é o que está acontecendo".
Apesar do êxito em Berlim, "Tropa de Elite" não teve a oportunidade de disputar o Oscar 2008. O Ministério da Cultura preferiu indicar "O Ano em Que Meus Pais Saíram de Férias" para concorrer ao prêmio de melhor filme estrangeiro. Porém, o filme dirigido por Cao Hamburger não ficou entre os cinco pré-selecionados pela Academia de Hollywood.
Boa safra brasileira em Berlim
Outros brasileiros presentes nas mostras paralelas do festival também foram premiados. Café com leite, de Daniel Ribeiro, recebeu o Urso de Cristal como melhor curta-metragem da seção de filmes para público infantil e adolescente, Generation 14plus.
Na mesma seção, o longa Mutum, da carioca Sandra Kogut, recebeu uma menção honrosa. Outro representante brasileiro, o filme Tá, de Felipe Sholl, ganhou o prêmio Teddy, destinado aos filmes de temática homossexual, como melhor curta-metragem.
'Sexo com Amor' marca estréia de Wolf Maya como diretor de cinema
O filme Sexo com Amor, com Reynaldo Gianecchini, Carolina Dieckmann e Malu Mader, entre outros globais, marca a estréia de Wolf Maya nos cinemas.
Com estilo semelhante ao recente Mulheres, Sexo, Verdades e Mentiras, a comédia conta a história de três casais que passam por momentos diferentes na relação.
Mesmo em classes sociais e situações que sequer se contrastam, todos têm algo em comum: a relação que vivem passa por um momento turbulento, que reúne não só casos extraconjugais, como a falta de motivação, insegurança e até mesmo ciúmes.
A vida dos três casais só se cruza quando seus filhos são pegos folheando um livro erótico no meio da sala de aula, algo que pode levar à discussão eterna da importância do sexo.
Sexo com Amor é a adaptação de um filme chileno do diretor Boris Quercia. Maya, porém, garante que a versão está muito mais brasileira do que se pensa.
"Criamos três famílias de núcleos bem diferentes uns dos outros. O filme tem muito mais características brasileiras, talvez nem tenha vestígios da obra original", afirma.
O elenco da comédia ainda conta com Marília Gabriela, José Wilker, Maria Clara Gueiros e Eri Johnson.
Cinema do Brasil busca novos negócios em festivais internacionais de filme
Cinema do Brasil e produtoras terão encontros com agentes da indústria cinematográfica internacional durante Festivais de Cinema
O mês de fevereiro será agitado para o cinema nacional. Primeiro acontece o Festival de Curtas de Clermont–Ferrand (de 01 a 09 de fevereiro), na França. Depois vem o Festival de Berlim, na Alemanha (de 07 a 17 de fevereiro). Em Clermont, o Brasil será representado pelos filmes “O Trópico de Cabras”, de Fernando Coimbra, e “O Som e o Resto”, de André Laquial. Em Berlim, o filme “Tropa de Elite” concorre ao prêmio; são 26 filmes na disputa.
No Festival de Clermont-Ferrand, o Brasil leva à França pela primeira vez uma delegação para expor ao mercado externo possibilidades de negócio com a produção nacional de curtas. A missão é coordenada pelo programa Cinema do Brasil, criado em 2006, com o objetivo de desenvolver ações que contribuam para fomentar a internacionalização da indústria cinematográfica brasileira, o que inclui missões ao exterior.
Na França, a delegação brasileira cumprirá uma extensa agenda de encontros com diversos agentes de distribuição e produção. O programa levará ao Festival um catálogo especial com 45 filmes, 30 de produção recente e 15 considerados históricos e vencedores de diversos prêmios no Brasil e no exterior nos últimos 20 anos.
A missão na França é composta por diversas produtoras, que representam quatro estados. Neste ano o festival reúne 47 países. Após a participação na França, o Cinema do Brasil segue para a Alemanha, onde estarão presentes 25 produtoras brasileiras no 58º Festival Internacional de Berlim, um dos mais importantes do calendário.
Pelo terceiro ano consecutivo, o programa Cinema do Brasil montou um estande de 58 m², com duas salas de reunião e um escritório. Além do espaço, que será um ponto de encontro de produtores brasileiros e estrangeiros, haverá três eventos de negócios, uma festa e dois coquetéis com a caipirinha brasileira.
A aposta dos organizadores é de que os contatos em Berlim se revertam em oportunidades de co-produção e exibição dos filmes brasileiros em outros países. Ações desse porte fortalecem ainda mais a produção cinematográfica do País que, em 2007, rodou 75 longas-metragens, com geração de cerca de cinco mil empregos diretos. Desde 2006, o mercado internacional gerou um volume de negócios de 43 milhões de dólares para o cinema brasileiro.
Sobre o programa Cinema do Brasil
Criado em 2006, o programa Cinema do Brasil quer fortalecer o cinema nacional no exterior e também atrair novas oportunidades para o mercado brasileiro. Desenvolvido pelo Siaesp – Sindicato da Indústria Audiovisual do Estado de São Paulo, em parceria com a APEX Brasil - Agência de Promoção de Exportações e Investimentos, ligada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, e o Ministério da Cultura, o programa tem 95 produtoras associadas de todo o País.
O programa Cinema do Brasil tem ações específicas junto aos festivais internacionais, onde cria possibilidades de negócios para as produtoras brasileiras nesses eventos. Os estandes do programa dão visibilidade à participação do Brasil, além de oferecer estrutura para reuniões e encontros entre as produtoras brasileiras e possíveis parceiras internacionais. A atuação garante a presença constante do País nos mais renomados eventos de cinema do mundo: Toronto, no Canadá; Berlim, na Alemanha; Cannes, na França, e San Sebástian, na Espanha, entre outros.
O mercado nacional, em contrapartida, está cada vez mais preparado para receber investimentos externos. Nos últimos anos, as empresas brasileiras otimizaram sua infra-estrutura e aprimoraram tecnologia, o que foi fundamental para atrair produções de outros países. No ano passado, o filme Blindness, de Fernando Meirelles, foi co-produzido com Canadá e Japão, e filmado, em parte, na cidade de São Paulo. O novo filme Incrível Hulk, de Louis Leterrier, também teve locações no Rio de Janeiro.
O programa Cinema do Brasil não apenas acredita no potencial do cinema nacional para gerar negócios e empregos, mas também concentra ações em programas e eventos para mostrar a diversidade cultural brasileira a outros países. “Em 2004, o Brasil produziu 40 longas; em 2007, a produção cresceu quase 100%, totalizando 75 filmes. E esse número deve ser ainda maior em 2008”, diz o presidente do projeto, André Sturm. A indústria cinematográfica nacional gerou cerca de 5 mil empregos diretos e movimentou mais de 40 milhões de dólares nos últimos dois anos. Além disso, foram realizados negócios entre as empresas associadas ao programa em mais de 27 países, como Alemanha, Bélgica, Chile, Cingapura, Coréia do Sul, Cuba, Espanha, Estados Unidos, França, Holanda, Itália, Índia, Inglaterra, Japão e México, entre outros.
Outra iniciativa do programa para os próximos meses é trazer produtoras estrangeiras ao Brasil. O objetivo é gerar intercâmbio e novos negócios em território nacional, além de chamar atenção para o potencial nacional de realizar produções com padrão internacional.
Brasileiro é finalista no “Oscar” dos efeitos visuais dos Estados Unidos
O animador Péricles Michielin recebeu duas indicações para a premiação anual da Visual Effects Society, a mais importante da indústria para efeitos visuais do cinema, e é a aposta brasileira para a celebração. As duas são para o filme Beowulf nas categorias Destaque de Personagem de Animação e Destaque de Efeitos em Filmes de Animação. Nos dois casos, o brasileiro integra as equipes finalistas. A Visual Effects Society é composta por mais de 1.600 membros, todos artistas e técnicos em artes e efeitos visuais. A organização é representada em 17 países, inclusive no Brasil.
Péricles, que mora nos Estados Unidos desde 2001, é engenheiro mecânico e está na Sony Pictures Imageworks desde 2005. Desde então, já trabalhou na produção de filmes como Motoqueiro Fantasma, Homem Aranha 3, no recente Eu Sou a Lenda e no Speed Racer, ainda em produção. A premiação acontece no próximo dia 10.
Canadá e Brasil organizam 3º. Encontro de Co-Produção
Evento em São Paulo reforça negócios entre produtores do Brasil e Canadá; parcerias já resultaram em 40 projetos de co-produção nos últimos três anos
O setor Audiovisual brasileiro dá mais um passo na consolidação de sua relação comercial com o Canadá. A cidade de São Paulo (SP) sediará nos dias 28 e 29 de fevereiro de 2008 o 3º Encontro de Co-Produção Brasil-Canadá, promovido pelo Consulado Geral do Canadá em São Paulo, pelo Projeto Setorial de Exportação - Brazilian TV Producers, da ABPITV, e pelo Programa Cinema do Brasil, do Siaesp, com apoio da Apex-Brasil, MinC, Ancine e Sebrae.
Cerca de 20 representantes de produtoras, distribuidoras e autoridades canadenses participarão do evento. O perfil dos profissionais canadenses pode ser encontrado no site www.coproducaobrasilcanada.com.br/home.htm “O cinema europeu é repleto de co-produções e é esse modelo que pretendemos expandir no Brasil”, diz o presidente do Programa Cinema do Brasil, André Sturm.
Para este ano, o evento espera reunir cerca de cem profissionais do setor, inclusive com importantes presenças dos governos de ambos os Países. Do lado brasileiro, são esperados representantes da Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura, Agência Nacional de Cinema (Ancine), Agência de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo e Secretaria de Cultura da Cidade de São Paulo. “Este é, certamente, o maior evento do setor já realizado entre Brasil e Canadá, promovendo iniciativas inéditas para aprimoramento da diversidade audiovisual de forma bilateral”, afirma Eliana Russi, gerente do Projeto Setorial de Exportação Brazilian TV Producers, da ABPITV.
O primeiro dia do Encontro (28/02) será dedicado a palestras com profissionais canadenses e brasileiros seguidas de uma Rodada de Negócios com empresários do Canadá, que continuará no dia 29. Mais informações podem ser obtidas no site da ABPITV www.abpitv.com.br ou do Consulado Geral do Canadá www.canadainternational.gc.ca/brazil
CURTA-METRAGEM INDEPENDENTE TRAZ O SURREALISMO PARA O CINEMA BRASILEIRO
Inspirado nos clássicos de Luis Buñuel e David Lynch,"Entre Espelhos e Sombras" revela estilo pouco difundido no País
Um filme para ser visto sem as travas psíquicas impostas pela vida em sociedade. Esta é a proposta de "Entre Espelhos e Sombras", curta-metragem no estilo surrealista do diretor independente Dimitri Kozma. Finalizado em 2007, o filme mostra a história de um homem à procura de Deus e de uma mulher em busca de respostas, em uma viagem estranha e surreal por entre os abismos da alma humana.
"Entre Espelhos e Sombras" partiu do desafio de se produzir um curta-metragem surrealista no Brasil, com verba mínima e em um curto espaço de tempo. O roteiro foi escrito por meio de uma técnica chamada pelos artistas surrealistas de "automatismo psíquico", que busca extravasar os impulsos criadores do subconsciente sem o controle da razão. Na composição do roteiro, foram utilizadas apenas algumas anotações de cenas-chave e, em seguida, deixou-se a história fluir como em um sonho, permeado por imagens produzidas pelo subconsciente.
O cinema surrealista tem como principais características a abolição da lógica na produção e a ruptura com a própria linha de compreensão. Dimitri Kozma optou por esse estilo pouco difundido em uma tentativa de romper com o "status quo", o conservadorismo e a obviedade. "Sabia, desde o começo, dos desafios desta empreitada. Gosto do cinema convencional também, não o descarto, mas acredito que é preciso oferecer outras opções que fujam do padrão, quebrem algumas regras", explica.
Inspirado nas grandes obras do cinema surrealista, como o precursor "Um Cão Andaluz", de Luis Buñuel e Salvador Dali, e em alguns trabalhos de Alejandro Jodorowsky e David Lynch, "Entre Espelhos e Sombras" possui componentes de sonhos que se relacionam buscando uma realidade paralela, que valoriza o onírico, os desejos interiores e deixa a imaginação livre. Uma herança simbolista de tristeza e melancolia, bem como elementos da psicologia freudiana, podem ser reconhecidos em diversos trechos. Um dos exemplos é o peixe, um símbolo fálico de acordo com Freud.
Experiência surreal
Segundo Dimitri Kozma, como a maioria das obras surrealistas, "Entre Espelhos e Sombras" corre o risco de ser mal-interpretado, pois demanda certa capacidade de abstração à qual a maioria do público não está acostumada. "Digo acostumada porque todos têm a capacidade de entender e abstrair. A questão é que, como os espectadores recebem tudo de 'mão beijada' nos blockbusters, eles se desacostumaram. Fiz questão de colocar, logo no início do filme, a palavra 'interprete', como um aviso de que aquele não será um filme que já vem mastigado e digerido, que será necessário ligar outra chave na mente para assistir."
Para o diretor, não há uma cultura de se produzir cinema surrealista no Brasil e, sem esta tradição, obviamente não há público interessado. "O filme surrealista é uma experiência muito diferente do convencional, que possui história linear e que obedece a critérios narrativos, como apresentação de personagens, conflito e resolução. No surrealismo, estas barreiras são quebradas e o filme é mais uma experiência audiovisual, um mergulho na mente, num mundo de sonhos, que faz sentido diferente para cada um dos espectadores. É uma viagem pela própria mente", declara Kozma.
Com sua recente obra, Dimitri espera proporcionar uma experiência intuitiva e o espectador deve estar preparado para isso. O objetivo é fazer com que as pessoas reflitam, interpretem e tenham a sua própria versão do filme, uma experiência única e individual. "A tag do filme explica um pouco sobre isso: Uma viagem estranha e surreal por entre os abismos da alma humana. Ao assistir e interpretar este filme, você pode aprender coisas sobre a sua essência e descobrir segredos enterrados que jamais imaginava possuir. Interpretar este filme pode dizer muito sobre você", esclarece o diretor.
Filmagens
Com uma equipe pequena e bem entrosada, o curta-metragem "Entre Espelhos e Sombras" foi filmado na cidade de São Paulo, em dois dias, um tempo curto para o grande volume de cenas. As gravações foram feitas da forma mais natural possível, com interferência discreta nos cenários e evitando modificar muito a luz natural. "Como filmamos em mini-DV, a imagem granula demais em alguns momentos. Trabalhamos esta granulação propositadamente como linguagem. Optamos também por evitar ao máximo o uso do tripé, utilizando, sempre que possível, a câmera na mão", declara Kozma.
Sinopse
Uma viagem estranha e surreal por entre os abismos da alma humana. Ao assistir e interpretar este filme, você pode aprender coisas sobre sua essência e descobrir segredos enterrados que jamais imaginava possuir.
Cuidado! Interpretar este filme pode dizer muito sobre você.
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