sexta-feira, 29 de dezembro de 2023

ENTREVISTA: Bendor, na Gandaia do sucesso

Revelação da música cearense em 2023, cantor Bendor e banda fazem show sábado no Gandaia Club, na Praia de Iracema

Ele começou cantando MPB no calçadão da Av. Beira Mar em Fortaleza, passou por bandas de forró, participou de lives solidárias, lançou singles e videoclipes, foi semifinalista do V Festival da Música de Fortaleza e venceu o Festival da Música nas Olimpíadas de Santa Quitéria. Essa é a trajetória de Jarbas Bendor, ou simplesmente Bendor, o cantor que se tornou a revelação da música cearense em 2023.
Bendor nasceu em Santa Quitéria, no sertão do Ceará, e desde cedo mostrou seu talento e sua paixão pela música. Nesta entrevista para o DIVIRTA-CE, Bendor fala sobre sua carreira, seu álbum, suas influências e sua história de vida até chegar a ser um dos cantores que mais faz show em Fortaleza atualmente. O cantor mostrará neste sábado seu show de carnaval para o público do Gandaia Club, na Praia de Iracema, às 21n.
DIVIRTA-CE- Como você descreveria a sua jornada musical desde os primeiros passos em Santa Quitéria, até vir para a capital com seus projetos mais recentes? Como surgiu o interesse pela música e quando você decidiu virar cantor profissional?  Como foi o seu início com MPB no calçadão da Av. Beira Mar em Fortaleza? Como a cidade de Santa Quitéria, sua cidade natal, influencia a sua música e trajetória artística?
BENDOR - Tudo começa quando meu irmão mais novo era uma criancinha e eu ajudava a nossa mãe que era dona de um bar, colocando-o para dormir. Eu, uma criança que queria estar brincando com os meninos na rua, tinha essa obrigação todos os dias. Então notei que quando cantava, ele dormia bem mais rápido. Nesse momento eu viajava com a minha imaginação e assim o sonho estava se instaurando. A primeira vez que subi ao palco foi nas olimpíadas da minha cidade. Tinha meus 13, 14 anos e foi uma experiência quase traumática. Me tremia de medo, minha voz mal saiu e quando terminei, fui pra casa chorando aos prantos e a pé. Estava envergonhado com a minha performance mas ainda sim, sabia que aquilo era o que eu queria pra mim, só precisava aperfeiçoar e vencer esse primeiro desafio. Me mudei para Fortaleza em 2009 com 17 anos, comecei trabalhando numa pizzaria, fui modelo manequim, vendedor em lojas no shopping por anos até que percebi o tempo passando e eu trabalhando com tudo menos com música. Quando dei por mim já era 2017 e a música ainda não passava de um sonho. Comprei uma caixa de som que vinha com um microfone, baixei uns instrumentais do YouTube, coloquei tudo num pendrive, peguei meu belo e querido busão sozinho e fui para a avenida Beira-mar. Lá na frente do antigo Boteco tinha um senhor que vendia água de coco, fiquei um pouco distante dele bem no meio do calçadão e comecei a cantar. As pessoas passavam me olhando, algumas paravam, admiravam e eu sempre com os meus olhos fechados pra vencer a tão temida timidez. Esse senhor chegou até mim com um coco, me entregou e falou “venha cantar mais pertinho, as pessoas estão parando, tomando água de coco e adorando”. Ele ainda me deu uma caixinha de papelão com uma pedra dentro para que eu recebesse algum trocado. Passei alguns dias frequentando a Beira Mar. Teve um momento engraçado na minha estadia pelo calçadão que foi quando um grupo de pessoas que estavam sentadas nas mesas finais do Boteco que me chamaram, me deram 50 reais e falaram: você canta melhor que o cara que está tocando aqui, traz a sua caixa e fica cantando pra gente. Cantei umas cinco músicas até ser expulso pelo gerente (risos).Teve também um repórter que estava correndo e me abordou dizendo que já tinha me visto lá algumas vezes e que iria fazer uma matéria comigo, mas eu adoeci e parei de ir para o calçadão. Nesse momento eu senti uma vontade imensa de me cuidar na casa de minha mãe no interior. Era muita saudade. Haviam anos que eu não visitava a minha família no interior e tudo estava diferente do que eu lembrava. Em Santa Quitéria foi onde realmente o negócio começou a ganhar forma de verdade. Apesar de distante, eu sempre mantive contato com meus amigos da escola e um deles a Dayane Siqueira que hoje é professora me reapresentou para a cidade. Primeiro ela me leva para as escolas onde ela dava aula e no recreio eu cantava com os alunos e depois em uma quinta feira ela me leva para um barzinho que ficava na esquina do ginásio. Lá eu dei uma palhinha com o Luiz Xerez, musicista conhecido da cidade, que me convidou para cantar com ele. Assim, Neury Farias que é a proprietária da banda que carrega o seu nome soube que eu cantava bem e me convidou para ser o seu cantor de apoio e eu aceitei com todo gosto. Com ela eu subi em um palco com uma banda de verdade pela primeira vez, aprendi a me comportar diante um público e rodamos a região do sertão do inhamuns como Catunda, Crateús, Monsenhor Tabosa, Tamboril. Foi a minha grande mentora. 
DIVIRTA-CE- Quais são as suas referências culturais e regionais de Santa Quitéria e do Ceará e como elas influenciam o seu trabalho musical? Quais são as suas principais influências musicais e como elas se refletem no seu estilo e nas suas composições?
BENDOR - Minha maior referência cultural de Santa Quitéria é a minha vozinha Edite Bendor. Ela é ex professora, artesã e amante de forró pé de serra. Ela sempre falava: Jarbinhas deveria cantar forró, se ele cantasse forró ele ganhava dinheiro. Kkkk
E o pior de tudo foi que apesar de nascer na terra do forró, esse ritmo só veio me cativar depois de velho, depois que entrei pra banda na Neury. Antes eu só ouvia música pop e nada além. Tinha uma única música de forró que eu ouvia quando colocava o meu irmão pra dormir que era A Lua dos Namorados do forró Saborear na voz da Marília Patricinha. O resto era RBD, Britney Spears, Backstreet Boys, NSYNC, Christina Aguilera, Mariah Carey, tipo só os gringos. E eu não sei falar inglês, cantava no embromation mesmo. Isso é na minha adolescência até meus 23 anos, que foi quando no Fortal, pela primeira vez, me encantei com o show do Saulo. Foi ali que eu abri o meu coração para a música brasileira de verdade. Fui me interessando pelo axé-music. Vieram Claudia Leitte, Ivete Sangalo, Daniela Mercury. Depois mergulhei na mpb com a minha saudosa e maravilhosa Elis Regina que me dilacera com sua voz incrível. Tim Maia nem se fala. Legião urbana e Cazuza no pop rock junto com Kid Abelha. Tive uma fase apaixonado pelo Criolo, O Rappa, Charlie Brown Jr, Natiruts. Na nova geração me vem a galera do Poesia Acústico, 1Kilo, Lourena, Cynthia Luz, Duda Beat, Jão, Anitta. Sou apaixonado pela musicalidade do nosso país, não tenho como negar. Quanto mais fundo mergulhei, mais encantado me encontrei. Escolher um ritmo para seguir profissionalmente era muito difícil pra mim, porque sempre gostei de música. 
Sou muito ligado a espiritualidade e pedi muito para que o universo me guiasse para o melhor caminho e nisso, caí nos braços do ritmo que minha avó sempre dizia, o forró. Mas é aquilo, sou de fato um artista camaleão. Não quero estacionar em um único segmento, mas hoje sou tão apaixonado por forró que me vejo fazendo outros ritmos, mas não me vejo deixando o forró de lado. Tanto que pra honrar as minhas origens o meu primeiro álbum produzido totalmente de forma independente traz muito de mim e dessa complexidade. Trouxe o forró e misturei ele com elementos da música urbana, pop, reggae, rock. Tirando ele totalmente da caixinha e do formato como as músicas de forró são comercializadas. Pra mim, eu criei um álbum experimental e conceitual no que diz respeito a sonoridade. Nas letras eu trouxe o olhar daquele rapaz nascido no sertão, com suas questões válidas sobre a própria sexualidade, os relacionamentos bons e os tóxicos vividos nesses 31 anos de existência e claro, um cover do nosso mestre Luís Gonzaga. 
DIVIRTA-CE- Como foi a experiência de trabalhar com a Banda OMS e participar de projetos solidários durante a pandemia? Quais os desafios de iniciar uma carreira solo após o hiato da Banda OMS?
BENDOR - A experiência foi magnífica! Em resumo básico: 2018 eu trabalhava em Santa Quitéria, 2019 me apaixono por uma criatura, deixo tudo no interior e volto pra capital. Amo minha terrinha, tenho minha casa mas não me vejo morando 100% lá. O destino me trouxe a Fortaleza novamente. Conheci o Alysson da banda OMS através de alguns contatos e logo começamos nossa jornada que apesar de breve, foi bastante intensa e gratificante. Começamos em Outubro de 2019. Alysson, por ser um homem de negócios, conseguiu colocar a gente pra tocar em locais super legais na cidade de Fortaleza como Boteco, Arena Goiabão para a torcida do Ceará, Vila Camaleão entre outros. 
No final de dezembro aluguei um carro para trabalhar como motorista de aplicativo e melhorar os meus ganhos. Eu já tinha dado início a produção das minhas músicas autorais e só o que ganhava com a banda não dava pra me sustentar e custear as produções, fora que, com um carro, eu poderia me deslocar para os eventos com facilidade e até ajudar com os equipamentos da banda. Hoje, analisando tudo, ter pego aquele carro foi como uma proteção de Deus, me preparando para o que estava por vir: a pandemia. Em março tudo fechou. A banda foi obrigada a ficar na garagem e eu, graças aos guias de luz, consegui levar o meu sustento pra casa por causa daquele carro. Foi um momento muito delicado. Alysson fez de tudo para que a banda reagisse e seguisse a tendência das lives. Seguindo todos os protocolos de segurança fizemos três lives, duas em especial: uma ajudando os artistas circenses, feita em buffet com alguns patrocinadores, solicitamos doações em dinheiro via pix. A segunda foi mais intensa. O abrigo de animais abandonados São Lázaro é um local que precisa muito de ajuda. Eles vivem sem apoio nenhum de governo, somente da população. Nosso tecladista Jotaerre deu essa ideia e rapidamente Alysson correu para executa-la. Eu fiquei encarregado de recolher doações de quem pudesse. O carro que eu trabalhava era lotado de ração, graças a Deus. Até o dia da live eu consegui arrecadar com a ajuda de um amigo mais de 3 mil quilos de ração e 50 litros de água sanitária. No dia da live tivemos o influencer Yarley Ara na frente solicitando doações também via pix juntamente com Mari Rios, repórter do Ceará Sport Clube e fizemos a festa no espaço cedido pela barraca SunRise na Praia do Futuro. Essas duas lives estão disponíveis no canal do YouTube da Banda OMS. Apesar de toda felicidade nas nossas conquistas, a vida ficou mais complicada. Os integrantes da banda perderam seus empregos fixos e a banda não podia mais fazer parte da rotina deles no futuro. Com os locais ainda fechados, eu me mantive como motorista de aplicativo até que tive a infelicidade de sofrer uma tentativa de assalto em Outubro de 2020 que me deixou traumatizado. Em 2021 as lives estavam a todo vapor, todo mundo de máscaras e eu me meti no meio de todas, dessa vez como artista solo. Lancei minha primeira faixa nas plataformas digitais e fui divulgá-las onde fosse convidado. 
DIVIRTA-CE-- Como foi a colaboração com outros artistas, como Nick Sol, Milan Nandes e Suzy Navarro, em suas músicas e videoclipes? Pode nos contar sobre a participação no V Festival da Música de Fortaleza e a experiência de ser semifinalista?
BENDOR - Conheci Nick Sol nessas lives que a vida me convidou. Criamos uma amizade tão leve e brincalhona, sempre que dava eu passava na casa dela pra dar um cheiro nela e no Aquiles, seu filhote. Ela me convida para fazer participação em seu vídeoclipe “Ela tem Moral na Quebrada” e foi uma experiência muito massa. Pense numa mulher inspiradora, porque ela e sua irmã Mônica cuidam de tudo sozinhas. Cuidam de figurino, cenário, dança. Eu aprendi muito com elas. Queria eu ter o talento que Nick tem em gerenciar e criar as coisas. Sou muito fã. Suzy Navarro é uma diva maravilhosa. A conheci na live da Dona Fransquinha, humorista que foi minha passageira quando era motorista de aplicativo. A vida é cheia de surpresas. Quando a conheci no carro eu mostrei uma de minhas canções, ela amou e disse: eu vou fazer uma live no São João e eu vou lhe convidar. Você vai estar no meio dos grandes artistas do forró cearense, se prepare! Eu nem fico mais empolgado quando alguém chega me prometendo algo, mas não é que ela cumpriu o que prometeu!  Estava eu ao lado de Suzy Navarro, César Dantas, Juliet Moreno, Marília Patricinha, Dinha Alves. Confesso que não acreditei que estava no meio de todos aqueles artistas que tem uma bagagem de respeito. Sobre o V Festival da Música de Fortaleza foi outra novela, para me inscrever eu fiz o samba do crioulo doido. Estávamos com minha mãe no hospital. Lá na sala de espera vejo no Instagram que naquele dia às 17h seria o encerramento das inscrições para o V Festival da Música. Logo me desesperei. Haviam muitos documentos e certidões que eu não tinha em mãos e não conseguia emitir pelo celular. Tive de esperar minha mãezinha terminar o seu exame, levá-la pra casa para descansar e só assim, correr para uma lan house e pegar as tais certidões. Havia uma em específico que só. Consegui enviar a minha inscrição aos exatos 16h18. Foi um alívio. Agora a maior surpresa foi dia 1 de março de 2023, faltando 2 dias para o meu aniversário. Recebo uma mensagem dizendo que fui um dos selecionados para apresentar a minha obra na Semifinal do V Festival da Música de Fortaleza. A alegria não cabia em mim. Foi um mix de sensações. Eu era a pessoa mais feliz do mundo. Apesar de não ter passado para a final, eu me sinto um grande vencedor por ter colocado uma canção no meio de tantos veteranos de festivais. No dia em si eu estava muito nervoso. Minha voz estava trêmula na primeira estrofe, só fui me soltar mais do meio pro final, mas é isso. Faz parte. Eu abri o primeiro dia do Festival e me sinto o cara por isso. Que venham os próximos. 
DIVIRTA-CE - Como foi o processo de produção do álbum "Bendor do Sertão" e quais são as principais mensagens que você pretende transmitir com ele? Como você descreveria o seu estilo musical em relação a misturar música nordestina como o axé-music e variantes do forró com elementos de sonoridade underground?
BENDOR - O processo foi duro, difícil, lento e confuso. No início de tudo não iria trabalhar com o forró. Mas pensei comigo: Ben, você tem que valorizar o lugar de onde você vem. Você veio da terra que respira forró. Por que você vai seguir outro caminho? Seja real consigo mesmo. Venho trabalhado nesse álbum desde 2019, antes da Banda OMS. Então, vamos brincar e ver no que vai dar. Falei com Tiago Colares e expliquei tudo o que queria e colocamos a mão na massa. O segundo single que lancei foi a canção “Maflor” em 2022, no dia do niver do meu irmão que colocava pra dormir. Como estava trabalhando com a minha verdade, eu quis trazer para essa faixa a sonoridade do primeiro ritmo brasileiro que me encantou, o Axé-music. Nisso fui estudando o que mais caberia naquela obra “fora da caixinha” que eu queria ter em meu portfólio. Inclui o reggae, xote e o piseiro. Conheci o trabalho do ZzzBeats de São Paulo e com as referências que dei, ele criou um xote com elementos de Lo-fi ( a canção participante do V Festival da Música, Psicodélico da Vez).
Eu precisava fazer um álbum que fosse regional mas que tivesse as referências que eu cresci ouvindo. Que falasse do autoconhecimento, da paixão ardente e provocante, das dores da saudade e da ilusão, da fuga após um término lascado, da curtição sem limites. Nesse projeto tenho também três composições que ganhei de presente de três parceiros, Tiago Colares, Josilson Lobo e Matti, meu amigo do peito. 

O ESTADO -Como você se relaciona com os seus fãs e como você utiliza as redes sociais para divulgar o seu trabalho e interagir com o seu público? Como você lida com as críticas e as expectativas em relação ao seu trabalho?
BENDOR - Engraçado. Eu tô aqui pensando sobre e vejo que eu tenho dois tipos de fãs.
Os fãs que me acompanham nos eventos que faço em restaurantes, bares e casas de shows. Que adoram a minha animação e minha interatividade, que vão toda vez que estou no determinado estabelecimento. Me abraçam e tiram fotos. Mandam reels engraçados e eu retribuo. Tenho fãs que me contratam para seus eventos em seus condomínios. É tão lindo isso. Me sinto são honrado em participar de momentos especiais com essas pessoas tão queridas.
Tenho também os fãs das redes sociais que dizem que eu não tenho cara de cantor de forró (risos).É muito cômico isso, pois alguns dizem: - Tem que fazer música pop que combina mais com você!  E eu retruco: - Sim! Em breve sai um projeto voltado pra esse seguimento, mas agora eu tô nesse momento. Essa é a minha meta, embora os meios são escassos e ainda não são fáceis. Mas creio que consigo. Dou tempo ao tempo. 
DIVIRTA-CE- - Quais são as suas fontes de inspiração e de criatividade para compor as suas músicas? Como você escolhe os temas e os gêneros musicais que aborda nas suas canções? Como é o seu processo de produção musical, desde a concepção da ideia até a gravação e a divulgação da música?
BENDOR - Minha fonte de inspiração vem do além. Ela simplesmente brota de mim.
Eu preciso, sempre, estar com o gravador do celular em mãos pq só vem uma única vez. Se não gravar eu perco o feeling. E quase sempre me vem a melodia, a letra eu bato cabeça depois.  Eu ouço um instrumental e do nada sai da minha boca palavras no inglês embromation e assim crio a melodia do que será cantado. Às vezes sai em português e quando sai, ela vem quase toda pronta, mas na maioria das vezes vem nessa língua indefinida (risos). Se você pegar o meu gravador vai ficar chocado (risos). Como eu não tenho nenhuma técnica de composição ainda, os temas que percebo sempre são sobre amor e sofrimento. O que casa bem com meu nome: Bendor. Tenho que racionalizar mais a minha arte, por que ela é muito fluida. Ela acaba me levando quase sempre pra mesma direção. Ultimamente eu dei uma parada nas composições porque estou focado na minha banda. Em deixa um repertório perfeito para o meu público e assim conseguir mais contratos para futuramente voltar a produzir mais arte singular.

DIVIRTA-CE- -  Como você vê o cenário musical brasileiro atualmente e quais são os principais desafios e oportunidades para os artistas independentes? Quais são as suas expectativas e planos para o futuro da sua carreira musical?
BENDOR - O cenário musical está extremamente competitivo e muitas vezes, prostituído. Hoje quem tem verba pra impulsionar sua arte está bem na fita. Noto que o que importa são os números, não a narrativa, não a sutileza das palavras e que reflexão aquilo se gera. A música boa está perdendo espaço para batidas extravagantes, palavras curtas e diretas, muitas das vezes de baixo calão. Não vou dizer que não gosto disso, eu também amo “mexer a raba”, mas sinto falta de conteúdo genuíno como trazia Belchior, Renato Russo, Tim Maia, Chorão. A galera da nova MPB dá um show nesse quesito, mas não é tão consumida pela grande massa como essas farofadas estão sendo engolidas. Sinto que perdi muito tempo fazendo coisas que não me levaram pra música e hoje eu tô correndo atrás desse tempo perdido. Preciso de grana pra investir na minha arte e torná-la autossuficiente. Preciso aparecer em eventos especiais, de grande porte, tanto para ter a experiência quanto para me aperfeiçoar pra grandiosidade que está chegando. Porque eu sinto que vem algo gigante pra mim em breve. Eu vejo isso.
DIVIRTA-CE-- Quais foram os momentos mais marcantes da sua carreira até o momento? Quais são os seus projetos atuais e futuros na música e em outras áreas de atuação? Qual seu maior sonho e fale a agenda dos seus próximos shows.
BENDOR - Com certeza seria ter participado do V Festival da Música de fortaleza esse ano, mas recentemente eu tive de cumprir um contrato de show logo após velar o corpo de meu avô Antero Bendor, que nos deixou repentinamente após um acidente. A música me tirou da escuridão, mas ainda sim em alguns momentos do evento a voz estava entalada e me segurei bastante pra controlar o choro. Mas outros momentos marcante foi o de cantar no Calçadão da Av Beira-Mar como artista de rua. Montar com a minha Sócia Karine Oriane a Bendor & Banda, comprar os equipamentos e vendermos o nosso show de porta em porta no início; A cada ano me surpreendo, vamos ver o que tem guardado pra nós em 2024. 
Coloco tudo nas mãos de Deus, sempre! Agora é cumprir a agenda de shows de final de ano. São muitas confraternizações, aniversários e um casamento em Sobral, além dos bares e restaurantes parceiros que sempre marcamos presença. Está em produção o meu segundo álbum, ainda sem título. Como estou chique, esse álbum está sendo produzido e idealizado pelo meu parceiro Magnata Ronniell, da Maratoba do Piseiro. Uma produtora de alto nível que está chegando com tudo no mercado fonográfico cearense e choquem-se, esse álbum é voltado para um mercado completamente diferente do primeiro que lancei. Dessa vez vai ser voltado pra aqueles meus fãs que dizem que não tenho cara de cantor de forró (risos). Segundo Magnata, esse álbum é o maior desafio da Maratona até então. 
Dito isso, vamos aguardar para ver o resultado. Um dia encontrarei um empresário de respeito que me coloque nos maiores palcos para compartilhar o melhor que eu puder extrair de mim. 

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