segunda-feira, 3 de setembro de 2018

PATRIMÔNIO HISTÓRICO

Museu Nacional não foi o único monumento histórico que pegou fogo no Brasil



Revolta e indignação, está na força da imprensa o resto de esperança para que problemas como esse não volte a acontecer. "O que aconteceu com o Museu Nacional reflete todo o problema político que o Brasil enfrenta:" Fabiano de Abreu 

Filósofo e pesquisador, Fabiano de Abreu trabalha com historiadores para suas teses filosóficas. Muito afetado pela tragédia, o também jornalista desabafa já que além de conhecer pessoas que trabalhavam no museu, era frequentador e já reclamava do descuido a mais de 10 anos. 

"Não podemos falar em filosofia sem compreender a história, tenho diversos amigos historiadores, inclusive ligado ao Museu Nacional eu e meus amigos estamos arrasados, mal consigo trabalhar. Frequentei o local diversas vezes, sempre comentei do estado do museu e os responsáveis pelo local diziam que o governo dava de ombros às suas solicitações. Eu como filho de portugueses e filósofo, perco por terem matado a história, perco por terem matado um pedaço de Portugal."

O também escritor, lamenta não poder cumprir a promessa de levar a filha ao Museu Nacional.

"Frequentei algumas vezes o Museu Nacional, dizia a um professor amigo meu que quando minha filha tivesse idade para entender aquilo tudo, eu a levaria. E agora, como poderei levá-la e explicar o que já não existe."

O filósofo relembra que essa não foi a primeira tragédia com monumentos históricos no país e que o descuido é histórico. 

"O descuido com nossa cultura é histórico. Em 1978 queimou-se o Museu da Arte Moderna, destruindo diversas obras importantes.  Teve o Auditório do Memorial da América Latina em 2013, Teatro Cultura Artística em 1950, Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo em 2014, Museu do Ipiranga em 1895 e o Instituto Butantan em 2010"

Autor do livro "Viver Pode Não Ser Tão Ruim", Fabiano teme que seu livro também se perca em uma tragédia devido ao descuido. O livro encontra-se na Biblioteca Nacional.  

"O maior feito em minha vida, mesmo lançando meu livro em outros países, inclusive na Universidade de Coimbra e em São Lázaro em Portugal, foi ter eternizado meu livro na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Após ouvir da responsável da instituição que meu livro seria eternizado junto à grandes nomes. Essas palavras entraram como um orgulho especial em minha mente. E agora, devo temer o descuido também nessa instituição?"

Fabiano culpa o governo pela tragédia 

"O que aconteceu com o Museu Nacional, reflete todo o problema político que o Brasil enfrenta. Desde a era Lula, Dilma e agora Temer, é cobrado do governo Federal um cuidado especial ao Museu e aos prédios históricos. Assassinaram a cultura com esse incêndio e assassinato é crime. Os responsáveis são os últimos governantes do país que não zelam pelo património. Todos comentam nas ruas, o descuido causou uma tragédia irreparável. Não há dinheiro que recupere o irrecuperável. O Brasil é um país que arrecada bilhões e o dinheiro é usado de forma desorganizada e parte desviada. Por isso todos os problemas que estão a acontecer. 

Estou em contato com professores, alunos, que estão arrasados, muitos choram, como a morte de um ente querido, pois muitos tinham o Museu, um motivo de vida. Rancaram a vida de diversas pessoas e mataram nossa história."


História

O Museu Nacional é a instituição científica mais antiga do Brasil. É um dos museus de ciência de referência no mundo. Foi fundado em 1818.

Inicialmente instalado no Campo de Santana, o Museu foi posteriormente transferido para o Palácio de São Cristóvão, monumento tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e situado na Quinta da Boa Vista, um dos mais importantes parques urbanos do Rio. Antes de abrigar o Museu Nacional, o Palácio de São Cristóvão foi residência das famílias real portuguesa e imperial brasileira.

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