quarta-feira, 9 de novembro de 2011

ARTES PLÁSTICAS, ARQUITETURA, DESIGN, FOTOGRAFIA

Exposição de artista polonês inaugura parceria entre Centro Cultural BNB e Fundação Joaquim Nabuco

A exposição do artista polonês Artur Zmijewski inaugura parceria entre o Centro Cultural Banco do Nordeste e a Fundação Joaquim Nabuco para a realização de ações nos campos da cultura, arte, educação e memória. A abertura da exposição contará com a presença da diretora de Cultura da Fundação Joaquim Nabuco, Silvana Meireles.

Com entrada franca, a mostra será aberta no Centro Cultural Banco do Nordeste-Fortaleza (rua Floriano Peixoto, 941 – Centro – fone: (85) 3464.3108), no próximo dia 30 (quarta-feira), às 20 horas, e ficará em cartaz até 31 de dezembro (horários de visitação: terça-feira a sábado, de 10h às 20h; e aos domingos, de 12h às 18h). O curador da exposição e coordenador de Artes Visuais da Fundação Joaquim Nabuco, Moacir dos Anjos, proferirá duas palestras sobre a relação entre Arte e Política, na abertura (dia 30) e no dia seguinte (1º de dezembro), sempre às 18h30.

A mostra integra o projeto Política da Arte, iniciado em 2009, na Fundação Joaquim Nabuco, sob o pressuposto de que mais do que dar visibilidade a imagens e ideias criadas em outras partes, a arte é capaz de, a partir dela mesma, desafiar os consensos e acordos que organizam e apaziguam a vida. Ao embaralhar os temas e as atitudes que a cada lugar e momento cabem no campo do possível, a arte aponta para a possibilidade do novo e tece a sua própria política.

Artur Zmijewski nasceu em 1966 em Varsóvia, Polônia, onde vive. Estudou escultura na Academia de Belas Artes de Varsóvia entre 1990 e 1995, mas logo se destacou por seus cáusticos vídeos, nos quais torna visíveis situações e fatos que os consensos sociais transformam em tabu. Em diversos trabalhos feitos no início de sua trajetória expôs, com calculada crueza, a vida de pessoas com deficiências físicas crônicas ou com doenças incuráveis, concedendo voz e imagem àqueles cuja presença pública causa inequívoco desconforto aos supostamente sãos. Em outra série articulada de vídeos, investigou e exibiu os cotidianos banais de trabalhadores comuns, desprovidos de qualquer apelo que justifique, na hierarquia de valores que organiza o corpo social contemporâneo, olhar tão cuidadoso e atento. Em um terceiro conjunto de vídeos – dos quais os apresentados nesta exposição são parte importante –, o artista discute, por meio das tensas e críticas narrativas que constrói, contextos políticos e históricos permeados por conflitos abertos ou por velados antagonismos.

No mais antigo dos vídeos de Artur Zmijewski contidos na mostra, The Game of Tag (1999), o artista exibe um grupo de homens e mulheres de idades variadas jogando uma espécie de ‘jogo de pegar’. Eles estão despidos e confinados no interior de espaços claustrofóbicos. É a informação fornecida ao final do vídeo que retrospectivamente transforma imagens de diversão, erotismo latente e gradual desconforto dos jogadores em lembranças de crimes e traumas.

A memória individual e coletiva é também questão central em 80064 (2004). Nesse vídeo, Artur Zmijewski tenta persuadir um antigo prisioneiro de campo de concentração nazista a ‘renovar’ o número de identificação que traz desde a década de 1940 tatuado no braço, marca inescapável das humilhações e violências sofridas no passado. Mesmo diante da hesitação e nítido incômodo que o antigo prisioneiro, agora com 92 anos, demonstra com a situação criada, o artista insiste em reavivar a tatuagem que atesta a condição daquele. Pressão a ceder ao domínio do outro que evoca, simbolicamente, situações que, como prisioneiro de guerra, o participante do vídeo já se submetera para sobreviver em meio à barbárie.

Em Them (2007), mais recente dos três vídeos da mostra, Artur Zmijewski documenta uma série de workshops de pintura que organizou reunindo grupos de diferentes estratos ideológicos da Polônia contemporânea: cristãos, judeus, jovens socialistas e nacionalistas poloneses. O artista solicita que cada grupo crie imagens que correspondam, simbolicamente, aos valores que partilham, para em seguida pedir que interfiram nas pinturas feitas pelos outros. Ao passar do tempo, essas interações geram crescente discordância e tensão entre os participantes, a ponto de colocar em dúvida a possibilidade de se explicitar diferenças sem se impor ao outro de modo violento, no limite aniquilando-o.

Não importa qual seja o assunto que lide, contudo, a obra de Artur Zmijewski se reveste sempre de ambiguidade moral: seja em relação àqueles que participam de seus vídeos, seja em relação ao público que os assiste. Quanto aos primeiros, não fica claro se o papel do artista é o de organizador de vontades autônomas que por meio de seus vídeos se expressam, ou se o de frio manipulador que usa os participantes para justificar uma narrativa que lhe interessa criar. Quanto à audiência, tampouco fica evidente se seu intuito é o de esclarecê-la, provocá-la, ou ainda de implicá-la nos dilemas éticos que expõe. Mas quaisquer que sejam as motivações que levam Artur Zmijewski a realizar seus vídeos, é certo que eles estão entre as mais originais e instigantes formulações de uma política da arte no mundo contemporâneo.








Exposição Amigos em Ação será aberta na quinta com trabalhos participantes de Leilão beneficente


Unindo o apoio às artes plásticas contemporânea cearense e a solidariedade a instituições filantrópicas cearenses, a campanha Amigos em Ação 2011 abre na noite da próxima quinta-feira (24), às 19 horas, na Galeria Casa D´Arte (Rua Barbosa de Freitas, 1.035 – Aldeota), em evento para convidados, artistas e instituições beneficentes, uma exposição coletiva com os trabalhos que fazem parte do Leilão de Obras de Arte do projeto. A mostra reúne 74 obras de arte doadas por 48 artistas plásticos e fotógrafos e fica aberta a visitação pública gratuita a partir da sexta-feira (25), seguindo até o dia 03 de dezembro, período em que os interessados em adquirir as obras podem fazer lances prévios antes do leilão. Os horários de visitação são de 10 horas às 19 horas, de segunda a sexta-feira, e de 10 horas às 13 horas, aos sábados.

O acrílico sobre tela cartonada “Bora Brincar”, de autoria do artista plástico e arquiteto Totonho Laprovítera, é a obra tema desta edição do Amigos em Ação, ilustrando todas as peças de divulgação da campanha – cartazes, camisas, convites. Além desta obra, a exposição traz um conjunto de gravuras, desenhos, fotografias, esculturas, colagens e artes decorativas de artistas renomados do cenário local, bem como de talentos da nova geração das artes cearenses. Os trabalhos fazem parte da oitava edição do tradicional Leilão de Obras de Arte, a ser realizado no dia 10 de dezembro, no Hotel Gran Marquise, em Fortaleza, cuja renda será revertida para a manutenção dos projetos sociais do Amigos em Ação.

Com o objetivo de arrecadar fundos para as obras assistenciais do programa Amigos em Ação, que beneficia anualmente entidades filantrópicas cearenses com doações de alimentos, o leilão valoriza artistas já celebrados, mas também abre espaço para talentos recém-descobertos das artes plásticas cearenses, todos unidos em prol da solidariedade. Entre os nomes que contribuíram neste ano, estão artistas como Sílvio Rabelo (marchetaria “Viver”), Mano Alencar (nanquim sobre papel sem título), Ciro Moraes (porcelana branca com altos relevos deflores estilizadas “Sopeira Inglesa”), Vando Figueiredo (carvão sobre papel formando conjunto de três gravuras intitulado “3 Figuras Femininas”), Emília Vidal Porto (acrílica sobre gravação “Cadeiras”), Beto Skeff (fotografias de mesmo título “O Pescador”), Rozildo Dorneles (óleo sobre tela “Região Chapada do Araripe”), Ascal (acrílico sobre tela sem título), Maurício Cals (óleo sobre tela “Cigana”), Nelson Gabriel (escultura de ferro “Atlas”), Rian Fontenelle (grafite sobre papel “A Máscara que Tu Usas Não é a Mesma Minha”), Sergei de Castro (acrílico sobre tela “Madame no Jardim”), Rodrigo Queiroz Frota (impressão em pigmento sobre papel algodão “Palácio da Inquisição, Série Colômbia 2010”), Hirma Castro (três acrílicos sobre tela “Datas I”, “Datas II” e “Datas III”), entre outros.

Totonho Laprovítera por Raimundo Fagner
Segundo o cantor, compositor e artista plástico cearense Raimundo Fagner, Totonho Laprovitera é o que se pode chamar de um artista múltiplo. Arquiteto, sempre procurou fugir do lugar comum dando um toque especial a seus projetos. Com dois livros escritos na tradição do humor cearense, encontrou eco entre seus pares onde é presença constante de alto astral e caráter. “Parceiro de alguns dos grandes músicos cearenses, tem marcado presença na arte de compor. Como artista plástico, tem se qualificado em dar cores e vida a seus temas preferidos, principalmente ao que se refere ao universo nordestino”, diz Fagner. Modesto, Totonho afirma que tem poucas composições suas gravadas. “O que me importa é a satisfação de ter letras gravadas por excelentes artistas, tais como Amaro Penna, Chico Pio, Ednardo, Gaubi Vaz, Herman Torres, Humberto Pinho, Joaquim Ernesto, Manassés de Sousa, Nonato Luiz, Wagner Castro e Zivaldo Maia”, conta Totonho.

Nascido em Fortaleza no ano de 1957, Totonho Laprovitera fez-se notar nas artes visuais desde 1974, quando participou de sua primeira exposição na Casa de Cultura Raimundo Cela, em Fortaleza (CE). No início de sua trajetória participou de prestigiadas exposições coletivas e ilustrou importantes publicações literárias na imprensa nordestina. Em 1977, como aluno do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Ceará (UFC), foi bolsista por quatro anos da Fundação Nacional das Artes (Funarte). No circuito artístico universitário, recebeu seu primeiro prêmio em salão e realizou sua primeira exposição individual. Em 1982, desenvolveu a técnica da pintura e até hoje realiza exposições individualmente ou em parceria pelo Brasil. A convite da Embaixada do Brasil na França, realizou em 2001, a exposição individual Laprovitera à Paris, no Espaço Cultural Jorge Amado. Em 2005, conquistou o primeiro prêmio da XIII Unifor Plástica 2005, na Universidade de Fortaleza, na categoria gravura, e realizou a exposição individual Laprovitera em Lisboa, na Casa da América Latina. Em 2006 foi homenageado pelo Centro Cultural Oboé, como um dos artistas que mais se destacaram nas Artes Plásticas do Ceará e representou o Ceará na coletiva Artistas Brasileiros 2006, no Salão Negro do Senado Federal, em Brasília.

Doação de alimentos a seis instituições cearenses
A expectativa dos organizadores da campanha Amigos em Ação é ultrapassar a arrecadação de 30 toneladas de alimentos não perecíveis, ampliando em 5,7% o montante arrecadado no ano passado, quando foram coletados 28.400 quilos de alimentos não perecíveis. Neste ano, instituições filantrópicas cearenses beneficiadas com as doações serão: Lar Torres de Melo, Santa Casa de Misericórdia de Fortaleza, Escola de Trabalho Oficina do Senhor, Orfanato Casa de Jeremias e Edisca – Escola de Dança e Integração Social da Criança e do Adolescente em Fortaleza, além das Comunidades de Vila Pagã e Estrada Nova, em Aquiraz.

No total, 53 entidades filantrópicas foram indicadas para serem beneficiadas com as doações, das quais seis foram escolhidas pelos 40 diretores e conselheiros do Amigos em Ação. “Para ser selecionada, a entidade precisa ter notória credibilidade, serviços prestados e ainda conquistar com sua trajetória o interesse dos conselheiros, uma vez que a votação é sempre muito disputada”, conta Alessandro Belchior, diretor da Campanha Amigos em Ação e da Alessandro Belchior Imóveis. Além dos donativos, as instituições recebem um troféu de reconhecimento pelo seu trabalho.

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