Além do anúncio da Academia Brasileira de Cinema e Artes Audiovisuais, o cineasta inicia as filmagens de seu novo longa-metragem ‘A África Dentro da Gente
Diretor do premiado ‘Pureza’, lançado em 2022, Renato Barbieri foi anunciado pela Academia Brasileira de Cinema e Artes Audiovisuais, como representante da Comissão de Seleção que escolherá o filme brasileiro que concorrerá a uma vaga na categoria de Melhor Filme Internacional, na 96ª Premiação Anual promovida pela Academy of Motion Picture Arts and Sciences – Oscar 2024.
Julho, também marca o início das filmagens de seu novo longa-metragem ‘A África Dentro da Gente’. O documentário contará com cenas gravadas durante um festa eletrônica, em Brasília.
O documentário ‘A África Dentro da Gente’ tem como objetivo o debate sobre uma estratégia global de diminuir a África, berço da humanidade. Do apagamento sistemático da ancestralidade africana, da importância de seu legado cultural, filosófico, dos modos de vida, das línguas, e de sua legitimidade e potência milenar, além de investigar o recrudescimento do racismo e da discriminação. O longa-metragem se propõe a investigar a ascendência africana por meio de situações pessoais, lugares emblemáticos, dialógicos com pensadores brasileiros e africanos de diferentes áreas de conhecimento. Ele terá ainda gravações em São Paulo, Salvador, São Luís, no Brasil; na África, em Mali, Senegal e Nigéria. O filme ‘A África Dentro da Gente’ conta com o apoio do Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal (FAC).
Ao longo de 40 anos de carreira, Renato Barbieri tem uma extensa conexão com a África e com o cinema social. Mundialmente reverenciado por suas produções audiovisuais, o cineasta radicado em Brasília há mais de três décadas, já realizou diversos filmes e séries sobre temas ligados à negritude, africanidade e da afrobrasilidade.
Um outro olhar
Nascido em Araraquara, interior de São Paulo, veio para Brasília, em 1993. Na capital do País, fundou a GAYA Filmes, onde acumula o papel de produtor e diretor.
Em 1985, com a realização do antológico curta ‘Do Outro Lado da Sua Casa’, feito em coautoria com Paulo Morelli e Marcelo Machado (integrantes da produtora paulista Olhar Eletrônico), Barbieri descobriu os atributos e impactos de um outro jeito de fazer Cinema, integrando o campo artístico e o campo da justiça social. Assim, passou a desenvolver conteúdos cinematográficos de relevância ambiental, social e artística.
Impressionado com o poder social do cinema, Barbieri aprofundou ainda mais sua visão sobre a indústria cinematográfica, para que, as produções audiovisuais tivessem valores suficientes em qualidade dramatúrgica, técnica, artística e com capacidade de distribuição, para atingir o grande público com conteúdo de impacto, exatamente como cinema de entretenimento faz, com missão de contar histórias de impacto, gerar novos paradigmas e inspirar mudanças na sociedade.
Entre prêmios e homenagens, em 2022, Renato Barbieri recebeu a comenda da Ordem do Mérito Judiciário do Trabalho, do Tribunal Superior do Trabalho (TST), por sua contribuição contra o trabalho escravo no Brasil, por meio do filme Pureza.
Seus principais filmes
Com o premiado Atlântico Negro – na Rota dos Orixás (1998), obra-de-referência nas relações Brasil-África, surge um segundo marco na carreira do cineasta em sua trajetória de “cinema de impacto”, ou “cinema social”, como prefere o cineasta. O filme fez uma calorosa abertura oficial do Festival de Brasília, em 1998. Ele foi logo adotado por educadores do ensino primário ao universitário, antropólogos, historiadores, diplomatas e pelos movimentos sociais, notadamente aqueles ligados aos terreiros de candomblé e letramento racial.
O filme se tornou a primeira “obra de referência audiovisual” para o vestibular da UnB. Em 1999, ela foi convidada ao Festival de Cannes e depois distribuída para festivais, mostras e canais de televisão em diversos países, como nos Estados Unidos. Em viagens do Presidente Lula à África, a obra foi exibida nas televisões nacionais dos países visitados. O filme também foi aclamado no 52º Festival Internacional do Filme de Cannes – Mostra “Black-Noir-Negra".
Barbieri ainda conta com mais de 60 títulos de relevância social e ambiental. Entre eles estão longas, médias e séries. Entre os principais estão:
A Invenção de Brasília (2001),
Malagrida (2001),
Terra de Quilombo – Espaços de Liberdade (2002),
A Liga da Língua (videoinstalação, 2003),
As Vidas de Maria (2005),
Félix Varela (2007),
Cidades Inventadas (2010),
Araraquara – Memórias de uma Cidade (2013),
A Revolta dos Cabanos (2014),
Guerra da Independência na Bahia (2015),
Cora Coralina – Todas as Vidas (2016),
Brasil Migrante (2017),
Lendas Animadas (2017),
Consciência³ (2019),
Libertárixs (2021), e
Pureza (2022).
No segundo semestre de 2023, Barbieri lançará, pela O2 Play, o longa-doc Servidão. Ele investiga a secular mentalidade escravagista no Brasil e a resistência abolicionista da escravidão contemporânea. Ao tempo em que Pureza é um filme imersivo na cena do crime deste tipo de submissão contemporânea na Amazônia, em Servidão observará a dimensão histórica secular da maior chaga social desde sempre enraizada no Brasil.
Destaques da cinematografia
Atlântico Negro – na Rota dos Orixás - Média Doc - 1998 - 54 min
Atlântico Negro é considerado uma obra-de-referência nas relações Brasil-África. O filme faz uma viagem no espaço e no tempo em busca das origens africanas da cultura brasileira. Historiadores, antropólogos e sacerdotes africanos e brasileiros relatam fatos históricos e dados surpreendentes sobre as inúmeras afinidades culturais que unem as duas margens do Atlântico. Obra de referência nas relações Brasil-África, surge um segundo marco na carreira do cineasta em sua trajetória de “cinema de impacto”, ou “cinema social”, como prefere o cineasta.
O filme fez uma calorosa abertura oficial do Festival de Brasília, em 1998, e foi adotado por educadores do ensino primário ao universitário, antropólogos, historiadores, diplomatas e pelos movimentos sociais, notadamente aqueles ligados aos terreiros de candomblé e letramento racial. Se tornou a primeira “obra-de-referência audiovisual” para o vestibular da UnB. Em 1999, a obra foi convidada ao Festival de Cannes e depois distribuída para festivais, mostras e canais de televisão em diversos países e notadamente nos Estados Unidos. O filme foi aclamado no 52º Festival Internacional do Filme de Cannes – Mostra “Black-Noir-Negra”. Em viagens do Presidente Lula à África, a obra foi exibida nas televisões nacionais dos países visitados. Saiba mais sobre Atlântico Negro
PUREZA - Longa Ficção - 2019 - 101 min
Vencedor de 30 prêmio nacionais e internacionais, o filme foi inspirado em fatos reais e conta a história de Pureza Lopes Loyola, uma mãe em busca do filho desaparecido. Em sua incessante busca, Pureza acaba encontrando trabalhadores em cárcere privado, numa fazenda onde testemunha o tratamento brutal dessas pessoas que servem ao desmatamento da floresta.
Lutando contra um sistema forte e perverso. Pureza vivida nas telas pela atriz Dira Paes, é uma heroína contra a escravidão contemporânea e seu empenho em coletar provas sobre trabalhadores em situação análoga à escravidão, na Amazônia, deu impulso decisivo à criação, em 1995, do Grupo Especial de Fiscalização Móvel, que uniu auditores-fiscais do trabalho, policiais federais e procuradores do trabalho para viabilizar o cumprimento da lei e a observância de direitos trabalhistas em todo o território nacional. Entre 1995 e 2021, o Grupo Móvel libertou mais de 62 mil trabalhadores em condições análogas à escravidão.
Exibido com exclusividade, em homenagem ao Dia do Cinema Nacional (19/06), ‘Pureza’ foi a maior audiência de um filme brasileiro exibido na TV aberta em 2023.
SERVIDÃO - Longa Documentário - 2019 - 72 min
Documentário sobre o trabalho escravo contemporâneo com foco na Amazônia brasileira. Foram ouvidos trabalhadores rurais que foram escravizadas em frentes de desmatamento no Norte do Brasil e abolicionistas de diferentes vertentes. Embora as condições de trabalho análogas à de escravo sejam consideradas crime previsto pelo Código Penal Brasileiro, o regime da servidão é praticado no Brasil desde sempre, há cinco séculos. Com narração de Negra Li, “Servidão” é um contundente registro sobre uma das maiores mazelas do Brasil.
Prêmio: “Melhor Documentário Longa-Metragem” - 15th Trinidad + Tobago Film Festival
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