Serra de Baturité renova Rota do Café celebrando 200 anos de cultivo no local
Rota turística desenvolvida pelo SEBRAE ensina sobre a história dos municípios e o manejo sustentável da floresta com o café de sombra
Nesse ano de 2022 a Serra de Baturité está comemorando o segundo centenário da presença do café em seu território. O produto que mudou o rumo da história da região, hoje influencia o turismo e o meio ambiente em diversas ações realizadas pelo SEBRAE em parceria com as prefeituras do Maciço. O blog DIVIRTA-CE foi convidado para conhecer alguns pontos turísticos dos municípios de Baturité e Mulungu, e recebeu uma placa especial alusiva à data, entregue em jantar que reuniu a imprensa cearense no Mosteiro dos Jesuítas. "Estamos envolvendo nesse pós pandemia a revitalização da Rota do Café nesses municípios, com gestores públicos e o trade turístico, atraindo novos produtos e serviços nesse ano simbólico", afirmou a consultora do Sebrae, Fabiana Gizeli. "São 200 anos de café no maciço e vários equipamentos estão incorporando café no seu cardápio, programações especiais e novos atrativos", adiantou Fabiana, em entrevista para o DIVIRTA-CE.
O Selo Comemorativo de 200 Anos marca um momento especial com o plantio sustentável associado ao turismo, a expansão da Rota Verde do Café e o processo de reconhecimento da produção cearense. O SEBRAE Ceará promove a Rota do Café desde 2015, reunindo as cidades serranas citadas, além dos municípios de Guaramiranga e Pacoti - todos no Maciço de Baturité. No roteiro, plantações de café em meio à Mata Atlântica, apresentações sobre os processos de fabricação, a história dos sítios e casarões centenários com suas arquiteturas e peculiaridades, tudo isso sempre com uma rica conversa com as famílias produtoras da região, contato intenso com a natureza, paisagens exuberantes, trilhas de eco turismo e aventura, sempre degustando as iguarias da gastronomia local que usam o café como o principal ingrediente de doces, salgados, e até drinks, e sendo acolhidos por um povo simpático e carinhoso do interior cearense.
História
As primeiras sementes de café chegaram a Serra de Baturité por volta de 1822 trazidas do Cariri e posteriormente do Pará, e foram plantadas num sistema de pleno sol. A partir de 1846, o café entra na lista das exportações. Até 1857 centenas de quilos foram exportados pelo porto de Fortaleza - assim, cidades como Baturité e Mulungu tiveram na cultura do café sua principal atividade econômica e tornaram-se um importante produtor nacional, chegando a deter 2% de toda a produção brasileira. Tanto que foi construída a primeira ferrovia no estado – a Companhia Cearense da Via Férrea de Baturité –, interligando Baturité à capital, com objetivo de transportar a safra para distribuição e venda.
Café de Sombra
O plantio de pleno sol permitiu a expansão dos cafezais, mas provocou a derrubada da mata nativa e a exaustão dos solos. Depois de algum tempo a terra perdeu a umidade, tornando-se improdutiva. Somente então, vieram as tentativas de arborização, surgindo a necessidade de um outro tipo de cultivo, que não afetasse o meio ambiente. É o que mostra um dos novos pontos turísticos de Baturité, o Centro de Referência do Café de Sombra, da prefeitura daquele município, que promove a pesquisa e a história do café Arábica sombreado, a espécie plantada no local. Camunzé e ingazeira começaram a proteger os cafezais do sol. Este tipo de árvore concentra a umidade e enriquece o solo com a vantagem de abrigar os inimigos naturais das pragas, deixando o solo livre de produtos químicos, adubados com a palha de café e outros detritos orgânicos, o que torna, até hoje, o Café do Maciço de Baturité um produto especial de exportação do Ceará, com um potencial econômico imenso, um privilégio do Estado abrigar a produção desse café tão distinto e saboroso.
Sítios e Viveiros
Seguindo esse processo bem natural, as mudas de café serão apresentadas aos turistas que puderem conhecer o Viveiro das Manas, uma nova parada da Rota do Café, dentro do Circuito Uirapuru, a chamada parte alta de Baturité (1000 metros de altitude), que integra a mais extensa Área de Proteção Ambiental do Ceará. Com a proposta de revitalizar e vender mudas para turistas e novos produtores, difundindo a cultura local do café, o Sebrae e a Prefeitura de Baturité investiram em consultorias profissionais, com agrônomos e outros especialistas, para associações de agricultores do município, e na Rota recebem turistas para um encontro e bate papo sobre a produção e a história da cultura do café na região.
Isso acontece também na visita ao Sítio Monte Carmelo, outro novo ponto da Rota do Café. Adquirido em 1975 por um médico que atua em Baturité, o Monte Carmelo, que também é ponto de hospedagem para turistas, mostra toda a riqueza de detalhes da produção, com vídeos e palestra, apresentando utensílios e máquinas históricas na produção do café de sombra, além de convidar a todos os visitantes a fazerem uma trilha pelo local, e, posteriormente, receberem uma massagem nos pés, no meio da natureza, ao final do passeio. Uma experiência única e revigorante. Horários de funcionamento: sábados, domingos e feriados, das 9h às 16h. Site: www.sitiomontecarmelo.com.br .
Em Mulungu, os Sítios São Roque, Nova Holanda, o Recanto Saíra e a Estância Monte Horebe também são locais de parada nessa renovação da Rota do Café, mostrando um pouco da história e a da cultura na serra cearense, com locais de hospedagem, restaurante e outros atrativos para turistas. O turismo religioso também está incluído no novo roteiro pela serra, com a visita ao Memorial da irmã Clemência, em Baturité — uma personalidade conhecida na região por seus feitos a favor dos menos favorecidos e seus milagres. A irmã está em processo de beatificação pela Igreja Católica. Todos esses locais estarão na segunda reportagem sobre a renovação das rotas turísticas no Maciço de Baturité em 2022, nessa celebração dos 200 anos de Café no local.
SERVIÇO
Rota Verde do Café
Turismo pelos municípios de Baturité, Guaramiranga, Pacoti e Mulungu
Informações: (85) 3347-1570 - WhatsApp do site Destino Serra
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