Paulo Diógenes foi um dos maiores nomes do humor cearense, que se destacou nacionalmente com a personagem Raimundinha, uma mulher extravagante e irreverente que conquistou o público com seu jeito brega e divertido. Além de humorista, Paulo também foi vereador de Fortaleza e coordenador de Políticas Públicas para a Diversidade Sexual da capital. Ele morreu aos 62 anos, em 14 de fevereiro de 2024, vítima de uma pneumonia bacteriana.
Nascido no Rio de Janeiro, em 1961, Paulo veio para o Ceará com seis meses de idade, pois parte da sua família era cearense. A mudança ocorreu após o pai dele passar em um concurso público, levando a esposa e os filhos para morarem em Russas, no Interior do Estado 62. Lá, ele começou a d esenvolver seu talento para o humor, imitando os tipos e sotaques locais.
Ele iniciou a carreira como humorista em 1978, em Fortaleza, e quatro anos depois se mudou para o Rio de Janeiro, com o objetivo de explorar outros caminhos como artista. Foi na capital fluminense que surgiu a ideia da personagem Raimundinha, inspirada em várias pessoas do seu convívio que considerava engraçadas. O nome, no entanto, só foi estabelecido no fim da década de 1980.
A icônica personagem completou 35 anos em 2023, e foi homenageada com o espetáculo “Raimundinha é a Mãe! – O Show”, baseado no livro de mesmo nome, escrito por Tarcísio Matos. Abusando do brega, Raimundinha marcou o humor cearense com suas piadas sobre sexo, política, religião e cotidiano. Ela também fez parte do programa "Vila do Riso", da TV Diário, ao lado de Aurineide Camurupim, Oscabrito e Dadá.
Foi com Raimundinha que Paulo criou o primeiro show de humor cearense a rodar o Brasil, no início dos anos 1990. A peça "Caviar com Rapadura" surgiu a partir da colaboração de Paulo e Ciro Santos, que interpretava a personagem Virgínia Del Fuego, uma dondoca do Rio de Janeiro⁴. No palco, a dupla apresentava o contraste entre uma mulher cosmopolita e chique e uma outra que abusa dos excessos, do “brega”. A fórmula deu muito certo, e rendeu uma sequência em 2023, chamada “Caviar com Rapadura: 30 anos depois…”.
Além de humorista, Paulo também teve uma carreira na política. Em 2012, foi eleito vereador de Fortaleza pelo PSD, cargo que exerceu até 2016. Entre 2017 e 2019, ele foi o coordenador de Políticas Públicas para a Diversidade Sexual da Secretaria de Cidadania e Direitos Humanos da capital cearense. Ele também foi um militante dedicado à luta pelos direitos das pessoas LGBTQIAPN+ e pelas políticas públicas para dependentes químicos.
A morte de Paulo Diógenes causou comoção no meio artístico e político, e muitas personalidades prestaram homenagens ao humorista nas redes sociais. Entre eles, estavam Tom Cavalcante, Tiririca, Elmano de Freitas, Camilo Santana, Roberto Cláudio, Sarto e Evandro Leitão. Eles destacaram o pioneirismo, o talento, a bondade e o compromisso social de Paulo, que deixou um legado de alegria e cidadania para o Ceará e para o Brasil.
Paulo Diógenes também teve sua trajetória registrada em um filme, que tem estreia prevista para 2024. O longa, dirigido por Pedro Diógenes, sobrinho do humorista, acompanha a história de um humorista que se apresenta como a personagem Silvanelly e precisa se reconectar com a filha adolescente. O filme é uma homenagem a Paulo e a Raimundinha, que fizeram do Ceará a terra do riso.
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