O humorista cearense Paulo Diógenes, que morreu no último dia 14 de fevereiro, aos 62 anos, deixou um legado de alegria e irreverência para o público brasileiro. Conhecido por sua personagem Raimundinha, uma mulher suburbana e extravagante, Paulo fez sucesso nos palcos, na TV e no cinema, com seu humor ácido e crítico.
Uma das últimas obras que contou com a participação de Paulo foi o filme “A Filha do Palhaço”, dirigido e escrito por seu primo de segundo grau, Pedro Diógenes. O longa-metragem é uma ficção inspirada na vida e na obra de Paulo e de Raimundinha, e acompanha a história de Renato, um humorista que se apresenta em bares e clubes de Fortaleza, e que precisa se reaproximar da filha adolescente, da qual está distante.
O filme, que estreia comercialmente nos cinemas em 2024, já foi premiado em diversos festivais, como a Mostra de Cinema de Tiradentes, a Mostra de Gostoso e o For Rainbow. Paulo assistiu ao filme em 2022, quando foi exibido no For Rainbow, e se emocionou ao ver sua trajetória retratada na tela.
Em entrevista ao jornal O Povo, Pedro Diógenes contou que o filme é uma homenagem ao seu primo e à sua arte. “Ele foi uma pessoa muito importante na minha vida, na minha formação como artista e como pessoa. Ele foi um exemplo de coragem, de luta, de resistência, de generosidade. Ele foi um grande mestre para mim e para muita gente”, disse o diretor.
Pedro também revelou que o filme traz referências à vida de Paulo, como sua infância, sua relação com a família, seus amores, suas dificuldades e suas conquistas. “O filme é uma ficção, mas é baseado em fatos reais, em histórias que ele me contou, em coisas que eu vivi com ele, em coisas que eu pesquisei sobre ele. É um filme que mistura realidade e fantasia, assim como era a arte dele”, afirmou.
Além de Paulo Diógenes, que interpreta o pai de Renato, o filme conta com um elenco de talentos cearenses, como Ciro Santos, que faz o papel de Renato, Larissa Goes, que faz a filha dele, e Silvero Pereira, que faz uma participação especial como Silvelly, a personagem drag de Renato.
O filme também tem a participação de Raimundinha, a personagem mais famosa de Paulo, que aparece em algumas cenas, interagindo com Renato e com o público. Raimundinha foi criada por Paulo nos anos 1980, quando ele ainda cursava Comunicação Social na Universidade Federal do Ceará (UFC). Ela era uma caricatura da mulher nordestina, com roupas e maquiagens coloridas, voz estridente e sapatos de salto alto. Com seu humor ácido e crítico, ela abordava temas como política, sexualidade, religião e preconceito.
Raimundinha fez sucesso em diversos programas de TV, como o “Show do Tom”, o “Zorra Total” e o “Escolinha do Professor Raimundo”. Ela também protagonizou peças de teatro, como “Caviar com Rapadura”, que teve um remake comemorativo em 2023, com Paulo e Ciro Santos. Além disso, ela foi a primeira personagem travesti a ser eleita vereadora em Fortaleza, em 2004, pelo Partido dos Trabalhadores (PT).
Paulo Diógenes foi um dos pioneiros do humor cearense, e um dos primeiros artistas a assumir sua homossexualidade publicamente. Ele foi um ativista da causa LGBTQIA+, e lutou pelos direitos humanos e pela cultura popular. Ele deixou um legado de alegria e irreverência para o público brasileiro, que poderá rever sua arte e sua história no filme “A Filha do Palhaço”.
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