Wagner Moura e Kleber Mendonça Filho brilham em Cannes 2025, levando os troféus de Melhor Ator e Melhor Diretor com o longa brasileiro "O Agente Secreto"
Após ser calorosamente ovacionado e receber críticas entusiasmadas, o filme O Agente Secreto saiu consagrado neste sábado (24) na edição 2025 do Festival de Cannes. A produção nacional venceu em duas categorias de peso: Melhor Ator, com Wagner Moura, e Melhor Diretor, com Kleber Mendonça Filho. Além disso, foi reconhecida pela crítica internacional com o prêmio da Fipresci, principal entidade de jornalistas cinematográficos do mundo.
Wagner Moura fez história ao se tornar o primeiro ator brasileiro a vencer o prêmio de melhor ator no prestigiado festival. Já Kleber Mendonça Filho tornou-se o primeiro diretor brasileiro a ser premiado desde Glauber Rocha, marcando um momento inédito para o cinema nacional.
Embora tenha levado prêmios significativos, O Agente Secreto não recebeu a Palma de Ouro — o maior reconhecimento do evento, que foi entregue ao longa A Simple Accident, do cineasta iraniano Jafar Panahi.
Ambientado na década de 1970, o longa retrata a trajetória de um professor universitário (interpretado por Moura) que retorna ao Recife para reencontrar o filho, em pleno contexto de repressão militar.
Essa é a primeira ocasião em que o Brasil conquista dois prêmios principais na mesma edição de Cannes. Ao receber o troféu de Melhor Diretor, Kleber Mendonça Filho declarou: “Quero mandar um abraço para o Brasil, especialmente para Recife e Pernambuco. Acreditamos que os filmes precisam ser vistos no cinema, porque é lá que eles ganham corpo e identidade”.
A trama gira em torno de Marcelo (Wagner Moura), um expert em tecnologia que, ao regressar ao Recife, se vê arrastado para o submundo da espionagem política. Em meio a conspirações e pressões emocionais, o protagonista enfrenta questões éticas e afetivas profundas.
Sob a direção de Kleber Mendonça Filho — reconhecido por títulos como Aquarius e Bacurau — o longa equilibra suspense, drama e thriller, oferecendo uma crítica contundente ao contexto da ditadura no Brasil, enquanto trata de temas como vigilância, memória coletiva e identidade.
Na estreia em Cannes, o filme foi ovacionado por 13 minutos e atingiu 100% de aprovação no Rotten Tomatoes, conquistando a crítica internacional.
O elenco inclui grandes nomes como Maria Fernanda Cândido, Gabriel Leone, Robério Diógenes, Isabél Zuaa, Alice Carvalho, Udo Kier, Thomás Aquino, João Vitor Silva e Hermila Guedes. A produção é fruto de uma parceria entre a brasileira CinemaScópio e a francesa MK2 Films. A Vitrine Filmes cuidará da distribuição no Brasil, enquanto a Neon será responsável pelo lançamento nos Estados Unidos. A estreia nos cinemas brasileiros está prevista para este ano.
Lista de premiados do Festival de Cannes 2025:
Palma de Ouro: It was Just An Accident, de Jafar Panahi (Israel)
Grande Prêmio do Júri: Sentimental Value, de Joachim Trier (Noruega)
Prêmio do Júri: Sirât, de Oliver Laxe (Espanha/França) e Sound of Falling, de Mascha Schilinski (Alemanha) – empate
Prêmio Especial do Júri: Resurrection, de Bi Gan (China)
Melhor Direção: Kleber Mendonça Filho – O Agente Secreto (Brasil)
Melhor Roteiro: Jean-Pierre e Luc Dardenne – Jeunes Mères
Melhor Atriz: Nadia Melliti – La Petite Dernière
Melhor Ator: Wagner Moura – O Agente Secreto (Brasil)
Destaques do festival
O Festival de Cannes deste ano foi marcado pela estreia arrebatadora de O Agente Secreto, que arrancou mais de 10 minutos de aplausos do público e teve recepção calorosa da crítica especializada.
Outros destaques incluíram o retorno de Jennifer Lawrence às telas com Die, My Love e a impressionante ovação de 19 minutos recebida por Sentimental Value, de Joachim Trier.
Prêmios paralelos
Além das principais categorias, o festival também concedeu prêmios paralelos que reconhecem novas vozes e perspectivas no cinema mundial. O Agente Secreto foi novamente laureado, desta vez com o Prêmio da Crítica (FIPRESCI), reforçando seu impacto artístico e político.
Confira os premiados nas categorias paralelas:
Caméra d’Or (melhor estreia): The President’s Cake, de Hasan Hadi (Iraque) – menção honrosa: My Father Shadow
Un Certain Regard: A Misteriosa Mirada do Flamingo, de Diego Céspedes
Palma de Ouro de Curta-Metragem: I’m Glad You’re Dead Now, de Tawfeek Barhom (Palestina) – menção especial: Ali
Prêmio da Crítica (FIPRESCI): O Agente Secreto
Melhor Documentário: Imago, de Déni Oumar Pitsaev
Queer Palm (destaque LGBTQIAPN+): La Petite Dernière, de Hafsia Herzi
Prêmio do Júri Ecumênico: Jeunes Mères
Prêmio do Júri Popular: The President’s Cake
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