Quando se fala em democratizar o acesso à arte e à cultura na periferia de Fortaleza, a primeira informação que vem à mente costuma ser o Centro Cultural Bom Jardim, por sua representatividade e resultados que ajudaram a transformar a região do Grande Bom Jardim (GBJ) ao longo dos últimos anos. Neste ano de 2024, o CCBJ, equipamento da Rede Pública de Espaços Culturais (Rece) da Secretaria da Cultura do Ceará (Secult), gerido em parceria com o Instituto Dragão do Mar (IDM), completou 18 anos de existência, alcançando a maioridade com um legado que transforma vidas por meio de formações artísticas, apresentações, acompanhamentos sociais, eventos, dentre outras atividades. São quase duas décadas de atuação potente em prol da cidadania cultural no território do GBJ, composto pelos bairros Canindezinho, Granja Lisboa, Bom Jardim, Granja Portugal e Siqueira, onde moram mais de 210 mil pessoas (de acordo com o Censo 2010 do IBGE).
O Centro Cultural Bom Jardim é guiado pelo respeito à identidade, memória, cultura, diversidade e dinâmicas próprias de suas comunidades e indivíduos. Com um firme compromisso com a democracia, a participação e a transparência, promove o direito à cultura e à arte, valorizando a inovação e a criatividade. Além disso, atua para impulsionar o desenvolvimento local sustentável e fortalecer a promoção dos Direitos Humanos, colocando as pessoas e suas realidades no centro das ações.
Mostra das Artes 2024
A Mostra das Artes 2024 do CCBJ foi uma celebração da ancestralidade, fortalecendo a memória daqueles que vieram antes, reconhecendo as conquistas do presente e contemplando o que se define como um futuro promissor. O evento contou com três dias de programação, entre 19 e 21 de dezembro, com mais de 30 atrações, entre artistas e atividades culturais, oficinas, teatro, exposições, além dos shows que encerraram as noites de festa.
Ações que transformam vidas
As ações do Centro Cultural Bom Jardim (CCBJ) transformam vidas e isso pode ser comprovado por seus números, que representam muito mais que dados: são indicadores de transformação social. Com milhares de atendimentos anuais, o CCBJ impacta diretamente a vida de crianças, jovens e adultos por meio de formações artísticas, ações educativas e programas culturais. Cada oficina, espetáculo e projeto realizado reflete o compromisso de democratizar o acesso à cultura e promover oportunidades. Esses números traduzem histórias de inclusão, desenvolvimento humano e cidadania, evidenciando o poder da arte e da cultura como ferramentas de mudança e empoderamento no Grande Bom Jardim.
Ação Cultural (difusão cultural e circulação)
Em 2024, o Centro Cultural Bom Jardim reafirmou seu compromisso com a transformação social por meio da cultura, investindo R$ 3.681.583,09 na Ação Cultural. Com 366 atividades realizadas, o equipamento beneficiou diretamente, entre os meses de janeiro e dezembro, 17.197 pessoas, proporcionando a produção, a fruição e a circulação de arte e cultura no Grande Bom Jardim, promovendo feiras criativas, cedendo pauta gratuitamente, disponibilizando estúdio para gravações musicais e podcasts, organizando festivais e ativando sua webrádio, além de oferecer a consultoria Bússola Cultural e credenciamento para integrar a programação do CCBJ. Além disso, o apoio a 10 grupos residentes locais e de periferias cearenses, durante cinco meses, foi fundamental para a manutenção de suas atividades, além de integrar 30 bolsistas em suas iniciativas, fortalecendo o protagonismo e o impacto cultural nas comunidades.
NArTE
O Núcleo de Articulação Técnica Especializada (NArTE) do Centro Cultural Bom Jardim impulsionou ações transformadoras em 2024, com um investimento de R$ 3.021.948,22. Por meio de 911 iniciativas que incluem atendimentos sociais e ações direcionadas a pessoas em situação de vulnerabilidade, o NArTE beneficiou diretamente 4.249 indivíduos. Além disso, com 117 bolsas ofertadas para o desenvolvimento de atividades de impacto social, o núcleo fortaleceu o protagonismo local e ampliou as oportunidades de inclusão e cidadania no território do Grande Bom Jardim. O NArTE funciona como um braço estratégico de cidadania cultural com um corpo de colaboradores formado por educadores sociais, articuladores comunitários, psicólogo comunitário, assistente social e educadores para a infância.
Escola de Cultura e Artes (ECA)
A Escola de Cultura e Artes do Centro Cultural Bom Jardim se destaca como um polo de formação e inclusão cultural, com um investimento de R$ 4.398.053,77 em 2024. Foram realizadas 51 ações formativas, totalizando 11.996 horas/aula e atendendo 2.034 alunos, dos quais 908 foram contemplados com bolsas. Ainda no ano de 2024, a Escola de Cultura e Artes inaugurou três novos cursos técnicos, somando-se ao já existente Curso Técnico em Dança, sendo eles: Curso Técnico em Programação de Jogos Digitais; Curso Técnico de Teatro; e Curso Técnico de Música - Habilitação em Violão. Sendo um expoente também na produção cultural de Pessoas com Deficiência (PcD) a partir de seu Programa de Acessibilidade, sua ampla atuação reforça seu compromisso em democratizar o acesso à cultura e fomentar talentos no Grande Bom Jardim.
“O Centro Cultural Bom Jardim é muito mais do que um equipamento cultural; é um espaço de transformação social, onde a arte e a cultura se tornam ferramentas de inclusão, cidadania e desenvolvimento humano. É a prova viva de que investir na periferia é investir no futuro de toda a sociedade”, afirmou a secretária da Cultura do Ceará, Luisa Cela.
Em reverência à existência do equipamento cultural, o superintendente do CCBJ, Levi Nunes, aponta que “Completar 18 anos é um marco que faz lembrar a força e o impacto transformador do CCBJ. Mais do que um centro cultural, esse é um espaço de acolhimento, luta e resistência, fruto do desejo e da participação da comunidade do Grande Bom Jardim. O CCBJ é revolucionário porque não só oferece cultura, arte e formação, mas também transforma olhares, possibilitando que as pessoas se reconheçam como sujeitos dignos de direitos. Esse equipamento carrega em si o poder de construir um outro mundo possível, especialmente para quem cresceu ouvindo que seus sonhos eram inalcançáveis. Ver esse espaço se consolidar como um símbolo de pertencimento e potencial criativo da periferia, é, para mim, a verdadeira celebração”.
Histórico
O CCBJ foi construído em 2006 com recursos do Fundo Estadual de Combate à Pobreza (FECOP), por meio da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Secult). Desde então, o espaço é gerido pelo Instituto Dragão do Mar (IDM). É considerado um marco nas políticas culturais cearenses. Trata-se do primeiro espaço cultural público da cidade fora do corredor turístico e cultural de Fortaleza, sendo assim uma intervenção ímpar de democratização do acesso à cultura.
Desde sua inauguração, no final do ano de 2006, o espaço recebe cerca de 25 mil pessoas por ano. O Centro tem mantido um diálogo intenso com a população do bairro, despertando vínculos afetivos com muitas gerações e famílias. Conta com a participação de agentes da cultura e representantes das comunidades em seu entorno, para partilha de avaliações, sugestões e debates sobre suas atividades, por meio de encontros bimestrais de Gestão Compartilhada.
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