Centenário de Chico Albuquerque é lembrado
com a mais completa exposição já realizada sobre sua obra
Grande parte das imagens foi
restaurada pelo Instituto Moreira Salles e pela primeira vez será exposta no
Ceará
Chico Albuquerque em foto de Delfina Rocha
A história da fotografia no Brasil passa por muitos nomes, mas poucos
traçaram esse percurso com pioneirismo, múltiplas habilidades, extremo domínio da
luz e da técnica e alcançaram o patamar de mestre de gerações de fotógrafos
Brasil afora, como é o caso de Chico Albuquerque. Nascido há 100 anos (25 de
abril de 1917) e falecido há 16 (26 de dezembro de 2000), "Seu Chico"
como era chamado por tantos amigos, colegas e admiradores de sua obra, foi o
precursor da fotografia na publicidade no Brasil e fez escola com sua arte que foi,
é e será sempre uma grande referência.
Para marcar o centenário de nascimento, o Instituto Moreira Salles
(IMS), do Rio de Janeiro, e a Terra da Luz Editorial, do Ceará, abrem no dia 25
de abril a exposição "O fotógrafo Chico Albuquerque, 100 anos",
que ocupará os dois andares do Museu de Arte Contemporânea do Ceará (MAC) do
Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura. Esta será a mais completa mostra sobre
a sua obra, somando cerca de 400 fotografias, além de objetos, livros, recortes,
exibição de filmes ("It's All True",
"Cangaceiros"),
documentários sobre ele, vídeo sobre o livro Mucuripe, entrevistas, entre outros. A mostra abre o festival
Maloca Dragão, que este ano tem como tema "It's
All True, Orson Welles – 100 anos de Chico Albuquerque”.
"Essa exposição pretende apresentar ao público a maestria de
Chico Albuquerque, que teve uma rica trajetória de mais de 65 anos na
fotografia brasileira", diz Patricia Veloso, da Terra da Luz, que divide a
curadoria com Sérgio Burgi, do IMS.
Imagens preservadas
Muitas fotografias serão expostas pela primeira vez no Ceará. Elas são
parte do acervo de cerca de 75 mil imagens produzidas pelo
fotógrafo cearense em São Paulo entre 1947 e 1975, que está preservado na Reserva Técnica Fotográfica do Instituto
Moreira Salles por meio de convênio com o Museu da Imagem e do Som de São
Paulo. Esse material foi digitalizado no IMS, que fez, em seguida, um
minucioso trabalho de recuperação das imagens, boa parte delas bastante
degradadas. Outra parte da exposição é composta por fotografias mantidas no Ceará,
sendo, pois, um encontro de acervos, dando uma visão de toda a obra, resultando
na mais completa mostra já realizada sobre ele.
"O fotógrafo Chico Albuquerque, 100 anos" apresenta as
várias fases de sua vida e obra. Uma das salas lembra o período de 1934 a 1945,
que são os primeiros anos da ABAFILM, fundada em Fortaleza por seu pai, Adhemar
Bezerra de Albuquerque, e o início da carreira profissional de Chico, que
esteve à frente do estúdio da empresa de fotografia do pai. É dessa época o
trabalho de still do filme It's All True, do cineasta Orson Welles,
do qual participou Chico Albuquerque, e os registros do cangaço feitos por
Benjamim Abrahão, cujo serviço foi contratado pela ABAFILM.
Em 1945 Chico Albuquerque mudou-se para São Paulo, onde abriu seu
estúdio e destacou-se como um dos melhores retratistas do país, tornando-se um ícone
da fotografia publicitária no Brasil, atividade que iniciou em 1949 junto às
maiores agências de publicidade nacionais e internacionais.
Do período que residiu em São Paulo datam a série de cerca de 50 retratos
de artistas, políticos e outras personalidades, as fotografias de arquitetura,
moda, indústria automobilística e as imagens urbanas da capital paulista,
produzidas nas décadas de 1960 e 1970, nunca expostas em Fortaleza. Na mostra há
também um espaço dedicado ao fotoclubismo, movimento que participou como membro
do Foto Cine Clube Bandeirante e que projetou a fotografia brasileira no
cenário internacional.
Mucuripe, Frutas e Jericoacoara
Do acervo que permanecem no Ceará, estão séries como Frutas, de 1978, Jericoacoara, sendo este o
último ensaio que realizou, em 1985, e Mucuripe,
a famosa documentação sobre os jangadeiros na praia de Fortaleza registrada por
Chico Albuquerque em duas épocas distintas. A primeira vez foi em 1952, gerando
uma grande repercussão nacional, com exposição no MASP e divulgação em revista
de circulação nacional. A segunda, 36 anos depois, em 1988, cujas fotografias
compuseram a primeira publicação do livro Mucuripe,
lançado no ano seguinte. Editora e curadora também dos livros sobre a obra de
Chico Albuquerque, Patricia Veloso lembra que as duas primeiras edições de Mucuripe tiveram o acompanhamento do
fotógrafo nos serviços de impressão em São Paulo.
Recortes e afetos
A exposição reserva um espaço que é chamado pelos curadores como Sala
dos Afetos, com registros de pessoas que fotografaram Chico Albuquerque, fotos
pessoais, da família e lugares onde morou.
Instalação e Performance Visual
na abertura
A abertura no dia 25 será acompanhada da instalação “Jangadeiros”, do
ilustrador, grafiteiro e artista plástico Rafael
Limaverde, e do show “Quatro
homens e uma jangada”, uma
performance sonora visual criada por Eric
Barbosa que, juntamente com
os músicos Guilherme Mendonça e Julio César Santana Pepeu e o artista visual
Dimitri Lomonaco, realizam uma reinterpretação audiovisual do filme de Orson
Welles.
SERVIÇO
Exposição "O
fotógrafo Chico Albuquerque, 100 anos" - Abertura no dia 25 de
abril, às 19h, no MAC-CE do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura. A exposição
fica em cartaz até o dia 02 de julho de 2017. Visitação de terça a sexta, das
9h às 19h (acesso até as 18h30); e aos sábados, domingos e feriados, das 14h às
21h (acesso até as 20h30). Acesso gratuito. Informações: (85)3488.8624
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