quarta-feira, 2 de outubro de 2024

"É assim que acaba": filme leve mas com problemas de desenvolvimento

POR WESLEY LEVI

Em cartaz na rede UCI Cinemas, "É Assim Que Acaba", longa do diretor Justin Baldoni, é uma adaptação cinematográfica do livro de mesmo nome da autora Collen Hoover.
O enredo gira em torno de Lily, interpretada por Blake Lively (eterna Serena Van Der Woodsen). Lily, ainda sofrendo pela morte de seu pai, conhece o neurocirurgião Ryle, um homem rico e charmoso. Ao mesmo tempo, a irmã milionária de Ryle, Jenny, cruza o caminho de Lily, e o "destino" une as duas em um projeto.
O relacionamento entre Lily e Ryle começa, e, conforme conhecemos o casal, acompanhamos uma sequência de flashbacks que revelam os traumas do passado da protagonista. No presente, Lily abre uma floricultura e, surpreendentemente, Jenny, apesar de sua vida de luxo, se oferece para trabalhar na loja de uma completa estranha, simplesmente por estar entediada.
Nos flashbacks, conhecemos Atlas, o primeiro amor de Lily, que, na época, enfrenta grandes dificuldades. 
A proximidade entre os dois surge, e o romance floresce. Esses flashbacks também mostram a conturbada relação de Lily com seu pai, um homem violento, o que serve como prelúdio para os acontecimentos que se desenrolam no presente.
No entanto, é no presente que a trama realmente se complica. Lily reencontra Atlas ao mesmo tempo, em que está noiva de Ryle. Esse reencontro azeda o que deveria ser um romance leve, com a história escalando para a violência doméstica.
A direção do filme consegue, em muitos momentos, criar um clima de dúvida. Inicialmente, a violência é retratada de forma quase sutil, como se fosse um "acidente", e até nos leva a questionar a sanidade da protagonista. Esse é um dos pontos positivos do filme. A manipulação psicológica do agressor, Ryle, é realista, mas o resto se perde em exageros e romantizações.
Ryle é inicialmente pintado como o parceiro perfeito, aquele que vem para mudar a vida de Lily com muito dinheiro e amor (Cinquenta Tons de Cinza?), mas o filme investe tempo demais nessa idealização de homem perfeito, por mais de uma hora e meia das duas horas de filme, ele é retratado como um príncipe encantado, apenas para, nos minutos finais, revelar-se o monstro que sempre foi. 
"Mas Wesley, isso é quebra de expectativa do roteiro, ele te surpreender por você imaginar os acontecimentos", eu entendo e minha crítica é para o que vem a seguir... O filme tem a cara de pau de tentar justificar o comportamento agressivo do cara com um trauma de infância. Sinceramente, essa "passada de pano" é imperdoável pra mim!
Jenny, sua irmã milionária, trabalhando na floricultura de Lily, parece uma piada sem graça, já que ela não precisa trabalhar. Aliás, a floricultura mal é explorada. As flores, supostamente uma grande paixão da protagonista, estão lá só por estar e se fossem removidas, não fariam diferença alguma.
Se o objetivo do filme era transmitir uma mensagem realista sobre as consequências da violência doméstica, ele falha em criar um impacto profundo. A narrativa é bonitinha, fofinha até, e no final entrega uma história mais focada no núcleo feminino do que no trauma vivido pela protagonista. 
Contudo, tudo é superficial e excessivamente romantizado.No final das contas, "É Assim que Acaba" é um filme leve, mas com problemas sérios de desenvolvimento e uma abordagem equivocada dos temas que tenta abordar. Se estiver passando na TV um dia, talvez eu pare e assista de novo.
Nota 6 (razoável).

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