O projeto Jazz em Cena, que em 2025 celebra 10 anos e que iniciou a temporada com um show lotado do saxofonista Bob Mesquita, tem sua edição de fevereiro no Centro Cultural Banco do Nordeste (CCBNB Fortaleza), no sábado, 22/2, às 19h, com uma atração especialíssima: a cantora Idilva Germano, um dos nomes mais dedicados ao jazz, em uma carreira aplaudida desde os anos 80, na capital cearense. Em época de pré-carnaval, ela apresenta o show inédito “Pra machucar meu coração”, ao lado de grandes instrumentistas, em uma homenagem ao samba-canção, inspirada no livro de Ruy Castro "A Noite do Meu Bem", em um show que ao mesmo tempo abre espaço para a improvisação, característica do jazz.
Idilva contará com direção musical e adaptação de arranjos feitas pelo maestro Luciano Franco, que também tocará violão no show, e com outros grandes instrumentistas: Tito Freitas (piano), Ezequiel Ribeiro (contrabaixo acústico) e André Benedecti (bateria). Marcos Maia, violonista e professor, faz participação especial. A seleção de repertório é de Idilva Germano, a partir do livro, em diálogo com Luciano, e inclui super clássicos como a faixa-título do show e "Inquietação", ambos de Ary Barroso, "Só louco" (de Dorival Caymmi), "Caminhos cruzados" (de Tom Jobim e Newton Mendonça), "Outra vez" (de Tom), Eu a brisa (de Johnny Alf), "Beijo partido" (de Toninho Horta) e "Acaso", de Ivan Lins e Abel Silva. Também criações do mestre Tito Madi ("Não diga não" e "Cansei de ilusões"), entre outras possíveis canções.
Idilva Germano é uma das mais aplaudidas intérpretes de Fortaleza. Apresentou-se em projetos como o Festival Jazz & Blues, Festival Choro Jazz, Ceará Jazz Series e o próprio Jazz em Cena, além de espaços como o CCBNB, o Teatro Dragão do Mar, o Cineteatro São Luiz, o Theatro José de Alencar, o Maloca Dragão, a Sublime e os saudosos Teatro das Marias e Café Pagliuca. Uma artista que se destaca pela sensibilidade do canto, por seu belo timbre e sua precisão, pela relação pessoal com o contexto, o significado e as possibilidades interpretativas de cada canção escolhida, a emoção a ser vivenciada e transmitida no esperado encontro com os instrumentistas e com o público.
Em 2020, lançou o especial audiovisual "Quasar", com Tito Freitas, Pedro Façanha e André Benedecti, com repertório de obras de compositores cearenses e também com clássicos do jazz e da música brasileira. Em 2004, lançou o disco "Urbanita", produzido por ela e por Maurício Matos, trabalho que segue amealhando elogios e sendo lembrado como uma grande referência da cena jazz do Ceará para o Brasil. Também participou do disco "Sonho ou Canção", de Luciano Franco e Dalwton Moura, cantando "Tudo de novo", faixa que conta com o piano de Adriano Oliveira e com a guitarra do mestre da bossa nova Roberto Menescal. E está no novo disco de Luciano Franco, álbum em parceria com o compositor Chico Araújo, "Sonho é pra Sonhar", que acaba de ser lançado nas plataformas.
Do livro "A Noite do Meu Bem" ao show
"O livro 'A Noite do Meu Bem' contextualiza o surgimento do gênero que está no coração da nossa música popular e que se tornaria universal, tocada e cantada aqui e no mundo todo por várias gerações. A força dessa música com o público é tamanha que hoje ainda cantamos e nos emocionamos com os sambas-canção pioneiros dos anos 1920 e 1930, ainda não classificados como tal, criados por Ary Barroso, Vadico e Noel Rosa", destaca Idilva Germano.
"No auge do gênero, entre 1945 e 1965, acompanhando o surgimento das boates e o novo ambiente intimista dos shows musicais, são criados os maiores clássicos do samba-cancão, por outros gênios, como Dorival Caymmi, Lupicínio Rodrigues, Herivelto Martins, Tom Jobim e Newton Mendonça, Johnny Alf, Tito Madi... A lista é imensa e fico pensando como o país conseguiu produzir tanta beleza décadas a fio", ressalta Idilva.
"Após 1965, o gênero continua forte, mas deixa de ser nomeado como samba-canção, sendo incorporado sem necessidade de rótulos à criação de compositores como Chico Buarque, Cristóvão Bastos, João Bosco, Ivan Lins e muitos outros. Enfim, ao que chamamos a MPB", enfatiza a cantora.
Idilva explica que, segundo o autor, o samba-canção tem origem no samba de andamento rápido, sincopado, próprio para se dançar e se esbaldar nos carnavais e que fazia a festa nos cassinos (antes de sua proibição em 1946), bailes e auditórios, acompanhados de orquestras completas e cantado a plenos pulmões. No cenário que se seguiu ao fechamento dos cassinos e emergência das pequenas 'caixas' escurinhas - as boates cariocas - surgem os sambas.
Nas palavras de Castro, “surgem os sambas 'românticos, intimistas, confessionais', com frases musicais 'longas e licorosas, perfeitos para serem dançados como samba, mas devagarinho, com o rosto e o corpo colados'". Suas letras pareciam narrativas "que contavam uma história", quase sempre um "caso de amor desfeito".
Mais sobre o Jazz em Cena
O projeto Jazz em Cena promove mensalmente espetáculos de música jazz ou influenciada pelo jazz, sempre no Centro Cultural Banco do Nordeste Fortaleza, com entrada franca. A iniciativa concretiza o sonho de uma temporada permanente de jazz em Fortaleza e procura contribuir para a valorização e a visibilidade dos músicos e músicas do Ceará, abrindo espaço para que possam tocar com liberdade, escolhendo temas ou artistas ou discos homenageados para cada show, além dos trabalhos autorais.
Em 2025 o projeto celebra 10 anos, tendo contribuído para a apresentação de mais de 150 shows, considerando os momentos em que foram realizadas duas apresentações por mês. A grande maioria dos shows foi especialmente concebida para o projeto, idealizado e dirigido por Dalwton Moura e Lucas Benedecti. Em ocasiões especiais, o projeto Jazz em Cena trouxe a Fortaleza artistas como Chico Pinheiro, Arismar do Espírito Santo, Osmar Milito e Zé Luiz Mazziotti, sempre convidando esses nomes de outros estados a subir ao palco ao lado de grandes músicos do Ceará.
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