Guitarradas e cumbia permeiam lançamento de Kurió
Em “Saudade Do Que Não Vivi”, o musicista e produtor investe em musicalidade latino-americana em EP instrumental criado a partir de um longo trabalho de pesquisas
O ritmo marcante e inconfundível de Aldo Sena marcou a infância de Diego Fidelis, que se divertia enquanto cantava e dançava o som do paraense. Mergulhado nessas memórias, o musicista e produtor musical encontrou no alterego Kurió, seu apelido de infância, uma forma de chegar ainda mais perto daquilo que o formou musicalmente. Dessa vontade de estar perto de boas lembranças, nasce “Saudade Do Que Não Vivi”, EP instrumental lançado pelo cearense composto por seis faixas de ritmos bailantes que ressaltam a brasilidade musical predominante no Norte e Nordeste brasileiro.
As melodias das guitarradas e cumbias são parte de um longo projeto de pesquisa e estudos feitos pelo músico. A produção e gravação das músicas foram feitas em casa, sob uma atmosfera intimista e solo, permitindo que o artista se encontrasse com as próprias lembranças. O trabalho encontra as memórias afetivas a partir de um mergulho no acervo de registros feitos por Kurió ao longo dos anos.
“A vontade de realizar essa musicalidade é antiga, desde quando escutei e dancei Aldo Sena pela primeira vez, me imaginei tocando aquelas melodias. Isso ficou internalizado, pois, na época, eu escolhi curtir outras musicalidades, mas o que ficou cravado na memória em relação a isso foi a fala da mãe de um colega. Ela viveu numa época do bairro que acontecia grandes bailes de “lambada”. Passava a noite dançando, e era arrasta pé até o dia clarear. Essa cena descrita ficou na minha cabeça e o questionamento do porque isso não estava acontecendo na minha época”, relata Kurió.
E foi a realidade do isolamento social que fez com que o músico reencontrasse as recordações que despertaram o desejo de explorar mais essa musicalidade latino-americana. Tudo isso possibilidade por um acervo guardado por Kurió, entre fotos e vídeos, que pontuam a importância de guardar momentos que parecem voláteis, mas, na verdade, constroem a personalidade e impulsionam o desejo pela vida.
“Só anos depois, nesse momento pandêmico, junto com o isolamento social veio a nostalgia e a maturação de aflorar uma musicalidade que sempre me atravessou, pois era comum nas casas, no radinho de pilha do meu pai e nos bares do bairro, tocar musicalidades bregas, guitarradas… Uma coisa é você escolher escutar determinada musicalidade, outra é a musicalidade de onde você mora lhe atravessar. Tudo isso internalizado me fez pesquisar e criar minha própria musicalidade carregada de nostalgia e memórias afetivas”, finaliza.
Saudade Do Que Não Vivi
Kurió (@soykurio)
Seis faixas
Disponível no Spotify
https://open.spotify.com/
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