“O Céu como Limite”, primeira individual de Mario Sanders desde 2017, tem curadoria de Izabel Gurgel
Mario Sanders expõe desenhos, bordados, objetos e pinturas em “O Céu como Limite”, uma realização da Fundação Edson Queiroz. A exposição do artista será aberta nesta quinta-feira dia 7 de abril, às 19h. A mostra, que reúne trabalhos de coleções públicas e privadas, fica em em cartaz até 7 de agosto de 2022 no Espaço Cultural Unifor. A curadoria é de Izabel Gurgel.
“O céu não tem limite. E na minha visão, nada se acaba, tudo se transforma e em outras dimensões ganha uma nova vida”, explica Sanders, que já participou de exposições coletivas realizadas pela Fundação Edson Queiroz. O artista nascido em Aquiraz, cidade litorânea a cerca de 40 km de Fortaleza, apresenta em “O Céu como Limite”, pela primeira vez, uma significativa produção de bordados. É a linguagem artística de uso mais recente por parte do artista, que começou a bordar há cerca de sete anos.
Uma das obras expostas é a série selecionada para a mais recente edição da Unifor Plástica, encerrada em fevereiro último. A série de bordados “Retratos da dor” (2021/2022, bordado s/ tela), volta ao Espaço Cultural montada em outro formato. Premiada na Unifor Plástica de 2007, a série de serigrafia sobre lenços “Dissabores doces” (de 2005) também integra a exposição.
Mario Sanders surgiu na cena artística de Fortaleza nos anos 1980, participando do grupo Fratura Exposta, o coletivo de seis jovens artistas. Ainda no início da carreira, foi premiado no Salão de Abril. Também marcou presença em outras edições da Unifor Plástica e construiu uma trajetória no jornalismo como ilustrador de cadernos e suplementos de cultura. Artista gráfico, faz livros e atua na publicidade.
Trajetória
A origem familiar influencia a criação do artista que volta ao Espaço Cultural Unifor. “Da tradição das rendeiras de Aquiraz, que conta tanto sobre nosso povo e nosso artesanato, também vem a gênese dessa mostra realizada pela Fundação Edson Queiroz. Afinal, as linhas da vida do artista plástico Mario Sanders estão intrinsecamente costuradas à arte. Vem de outras gerações o tac-tac dos bilros que teceram a vida familiar. Das mãos da mãe e da avó, ele herdou cores e inspiração para desenhar novos caminhos”, disse a presidente da Fundação, Lenise Queiroz Rocha, sobre a nova exposição.
O vice-reitor de Extensão e Comunidade Universitária da Universidade de Fortaleza, professor Randal Pompeu, ressalta a relevância do artista que está à frente de nova exposição individual. "Mario Sanders é um artista com trajetória consolidada no cenário cultural cearense, mas que continua a reinventar-se, explorando novas linguagens, suportes e temáticas. É também um artista cuja história já está marcada na Fundação Edson Queiroz, por ter sido premiado em duas edições de Unifor Plástica (1986 e 2007), em uma delas com uma viagem à Bienal de Veneza".
Mario Sanders lembra-se de ter “crescido encantado” com o trabalho manual, artesanal, da família. A jornalista Izabel Gurgel, responsável pela curadoria da exposição, diz: “Mario Sanders vem de uma casa de mulheres e homens às voltas com as manualidades: fazer renda de bilros, bordar, fazer rede de pesca, trabalhar com madeira na feitura de objetos úteis, cotidianos, como bancos para sentar, comer, conversar, olhar o tempo, alçar o corpo para pegar algo que não está ao alcance. Práticas e ofícios que abrem caminhos para ele nas artes”.
Exposição “Macedônia” convida visitantes a uma viagem pelo processo criativo de Daniel Chastinet e Wilson Neto
Espaço Cultural Unifor abre mostra dos artistas fortalezenses no dia 7 de abril. Um total de 23 obras permanece em cartaz até 7 de agosto de 2022
Um mergulho em outra cultura trouxe à tona novos horizontes criativos. A residência artística na República da Macedônia do Norte, em 2019, foi a gênese da exposição “Macedônia”, dos artistas Daniel Chastinet e Wilson Neto. As 23 telas em técnica mista sobre tecido também contam sobre expandir olhares e viajar no cotidiano, tudo em dupla. Por meio das pinturas e dos relatos de viagem, eles reduzem a distância geográfica e cultural entre o Ceará e o país do sudeste europeu, localizado a cerca de oito mil quilômetros de Fortaleza, cidade natal de ambos. A exposição entra em cartaz no Espaço Cultural Unifor, da Fundação Edson Queiroz, nesta quinta-feira (7 de abril). A visitação é gratuita.
A temporada na cidade de Bitola, que mescla matizes do Oriente e do Ocidente, não se encerra de fato com o retorno ao Brasil. Ao contrário, continua a burilar experiências por um ano até chegar ao ponto de traduzir-se em arte. O cotidiano vivenciado na Macedônia transforma-se em sensações, ideias e cores. “Duas portas, entradas para dois mundos distintos. Ou saídas que se encontram no mesmo local. Foi assim nosso processo de criação – saindo de uma porta e encontrando um espaço de câmbio criativo”, explicam os artistas em relação a uma das obras expostas, que traz o simbolismo do acesso da passagem a outro local.
“Os artistas deixaram-se mergulhar em outra cultura e imiscuir-se em outro lugar. O que nasce dessa imersão são obras que mesclam a vivacidade e a liberdade de criar”, diz sobre a mostra a presidente da Fundação Edson Queiroz, Lenise Queiroz Rocha. As 23 telas em técnica mista sobre tecido são um passeio pelas cores capturadas ao longo da viagem. Para a presidente da FEQ, Daniel Chastinet e Wilson Neto “são os nossos guias para a experiência de olhar o que nos convoca a parar, observar e alimentar a criatividade”.
O vice-reitor de Extensão e Comunidade Universitária da Unifor, Randal Pompeu, relembra a importância das vivências dos artistas que estão em cartaz na nova mostra. "Após residência artística na Macedônia e exposição em Brasília, Daniel Chastinet e Wilson Neto integram o já consolidado circuito de mostras de artistas cearenses do Espaço Cultural Unifor, antes de seguirem sua itinerância em Sófia, na Bulgária. Trata-se, portanto, de exposição carregada de experimentações, referências multiculturais e aprendizados mútuos, valores igualmente cultivados pela Fundação Edson Queiroz em sua atuação cultural", diz o vice-reitor.
Curadoria
O curador Aldonso Palácio ressalta o significado da residência artística do Programa Internacional De Niro na cidade macedônia. “Na bagagem de volta, não trouxeram suas obras prontas, mas esboços e desenhos em forma de cadernos de artista, registros materiais e imateriais que de alguma forma foram internalizados na retina e na alma”, explica. Assim, viram telas os tons de laranja e azul dos lagos Prespa (dois lagos compartilhados por Macedônia, Albânia e Grécia), a mesquita, o alfabeto cirílico (utilizado por povos como macedônios, búlgaros e russos), e a feirante, entre outras cenas do país que integrou o território iugoslavo até 1991.
“As obras aqui apresentadas não pretendem uma ficção linear, muito menos descrever um país. A intenção de Daniel Chastinet e Wilson Neto não foi guiada por registros cronológicos nem por anotações e imagens sistematizadas. Os viajantes transcenderam à própria viagem e abraçaram a liberdade no campo da pintura ao preferir construir uma poética da memória, um álbum carregado de conjecturas e de imagens-gatilho”, ressalta o curador da mostra.
A viagem de descobertas artísticas também é alvo da apreciação da escritora Ana Miranda, que considera inovador o movimento em direção ao outro do qual a dupla participa. “Não foram em busca de paisagens exóticas, abanos de palha, odaliscas, sombrinhas e quimonos, ou atmosferas, mas de uma visão sensível do outro que encontra eco em si mesmo. E nessa busca meio misteriosa, meio histórica, meio onírica, encontraram uma das mais belas expressões dos seres humanos: o sentimento da amizade”, apresenta a autora. Em Prece a uma Aldeia Perdida, a escritora também já escrevera sobre o que está em nós: “E quando ali retornares / Verás que nunca nos fomos / Pois o lugar onde estamos / O lugar onde estaremos / É sempre o lugar que somos”.
Multiculturalismo
A Macedônia do Norte, país do sudeste da Europa com território menor que o estado de Alagoas, fica na região conhecida como Península Balcânica e faz fronteira com países como Grécia, Albânia e Bulgária. Foi desse caldo multicultural que Daniel Chastinet e Wilson Neto beberam para aguçar os sentidos e desenvolver o que viria a seguir. Desse sumo criativo, brotaram os cadernos de viagem e as telas pintadas a quatro mãos.
“Reproduzir uma viagem e emocionar o outro por um relato visual ou oral é o objetivo dessa produção a dois. Acreditar no além, na ilusão e no não terreno é uma escolha? Pois foi escolha entrar nos Bálcãs pela aurora e um dia sentar na mesa com um cantor de aspecto Rasputin e voz de anjo, a cabeça só dá conta pintando”, confidenciam Chastinet e Neto.
Nos relatos de artistas-viajantes, a dupla entrega concepções, sensações, vivências, que vão desde a relação de proximidade/distância com a bicicleta até os sabores e as memórias de quem atravessou continentes para constatar humildemente que “a vida é sempre mais importante do que a arte”.
Wilson Neto é um pintor de um rico universo material feito de tinta, pigmento, impressões, bordados e fragmentos. Tecidos, papéis de parede, cadernos, objetos, tudo vira suporte para sua pintura que acumula camadas e se expande. O processo criativo não parece amedrontá-lo – sua mão mantém o pincel em constante movimento, como num processo de escrita automática dadaísta, um fluxo do inconsciente. Daniel Chastinet traz para o jogo a experiência de ilustrador e muralista, com distintivo traço nas proporções humanas hiperbólicas, mas também dono de uma requintada técnica de pintura – mais pausada e ponderada, preocupada com volumes e relações de cores. Apesar de bagagens tão distintas, quando nos deparamos com o suco do processo, torna-se difícil a tarefa de distinguir onde um termina e o outro começa.
Fundação Edson Queiroz
Instituição genuinamente cearense, a Fundação Edson Queiroz se orgulha por promover há décadas o desenvolvimento social, educacional e cultural do Estado e da região Nordeste. Criada em 26 de março de 1971, a Fundação foi uma das formas encontradas pelo industrial Edson Queiroz de retribuir, em forma de responsabilidade social, tudo o que a sua terra já lhe concedera. O maior entre os projetos sociais encampados pela Fundação Edson Queiroz se materializou na Universidade de Fortaleza (Unifor)
Inaugurado em 1988, o Espaço Cultural Unifor é um dos mais importantes instrumentos de disseminação da arte no Brasil. Por meio do acesso gratuito às exposições, promove renovação e democratização do conhecimento das identidades artísticas, históricas e culturais do país. O espaço já abrigou mostras exclusivas, nacionais e internacionais, como Rembrandt, Candido Portinari, Miró, Beatriz Milhazes, Antonio Bandeira, Vik Muniz e Burle Marx.
Serviço
O Espaço Cultural Unifor fica no Prédio da Reitoria da Universidade de Fortaleza. Av. Washington Soares, 1321, Bairro Edson Queiroz, Fortaleza-CE. Todos os protocolos de segurança vigentes são seguidos.
SERVIÇO
Exposição “O Céu como Limite”, de Mario Sanders
Abertura: dia 7 de abril – 19h
Visitação: de terça a sexta-feira, das 9h às 19h – sábados e domingos, das 10h às 18h
Mais informações: (85) 3477.3319
Exposição “Macedônia”
Abertura: dia 7 de abril – 19h
Visitação: de terça a sexta-feira, das 9h às 19h – sábados e domingos, das 10h às 18h
Mais informações: (85) 3477.3319
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