O livro, produzido inteiramente com imagens criadas pelas próprias crianças usando câmeras analógicas, reúne 30 fotografias autorais que retratam o cotidiano, as memórias e as belezas escondidas do Pirambu. Além do lançamento do livro, a comunidade agora conta com uma exposição fotográfica ao ar livre, espalhada em suportes montados em pontos importantes do bairro — tornando o Pirambu uma galeria viva, onde quem passa se reconhece. Parte das fotos também permanece em cartaz no Instituto Cai Cai Balão, aberto ao público até o final de agosto.
No evento, Emrah Kartal, idealizador e fotógrafo responsável pelo projeto, destacou em sua fala o apoio essencial da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Secult-CE) e da Secretaria da Cultura de Fortaleza (Secultfor), que viabilizaram a ação através da Lei Paulo Gustavo, por meio do 3º Edital de Cultura Infância e do Edital das Artes.
Em suas palavras, “Sem o apoio da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará com o 3º Cultura Infância, da Secultfor com o Edital das Artes — ambos pela Lei Paulo Gustavo —, e sem a parceria do Instituto Cai Cai Balão e o acolhimento dos moradores do Pirambu, seria impossível realizar o projeto. A execução foi um sucesso porque as crianças se envolveram de verdade: aprenderam que fotografia é paciência, escuta e criação. Não é só apertar um botão — é saber ver e guardar memória.”
Além de Emrah Kartal, participaram do lançamento Luana Viana, supervisora pedagógica, e Fábio Antônio Lessa, produtor local do projeto e presidente do Instituto Cai Cai Balão, que reforçou o compromisso coletivo com a formação artística das infâncias do bairro.
Sobre o projeto
“O Rio Que Traz – Ser Criança na Beira da Vida” é uma iniciativa de formação fotográfica, idealizada por Emrah Kartal, que capacitou crianças do Pirambu a contar suas próprias histórias por meio da fotografia. O projeto foi vencedor do 3º Edital de Cultura Infância do Secult-CE e do Edital das Artes da Secultfor, ambos pela Lei Paulo Gustavo, e foi executado em parceria com o Instituto Cai Cai Balão (Vila do Mar, 280 – Pirambu).
O fotógrafo e jornalista turco Emrah Kartal, radicado em Fortaleza desde 2015, foi o responsável por ministrar todas as oficinas. Com vasta experiência em projetos sociais e documentários fotográficos, Kartal tem uma relação consolidada com o Pirambu, onde já realizou diversos trabalhos. Sua abordagem vai além da técnica: usa a fotografia como ferramenta de transformação social, estimulando as crianças a criar, observar e valorizar suas próprias narrativas.
“Além de capacitar tecnicamente, o projeto também criou um ambiente seguro para as crianças se expressarem, com plano de formação, comunicação e recursos para acessibilidade, garantindo a inclusão de todas as famílias”, complementa Kartal.
Durante quase 80 horas de formação, as crianças estudaram história da fotografia, funcionamento de câmeras, prática fotográfica, composição de narrativa visual e experimentaram outras linguagens artísticas, até compreenderem que fotografar é linguagem — feita de tempo, cuidado e sabedoria. As imagens foram feitas em saídas fotográficas pelo bairro, mas também dentro dos quintais, becos, varandas e espaços de convivência de cada criança.
Memória e futuro
O resultado desse processo é o fotolivro “O Rio Que Traz”, que pode ser consultado no Instituto Cai Cai Balão e nas principais bibliotecas públicas de Fortaleza. Já a exposição fotográfica permanece aberta à comunidade até o final de agosto, convidando moradores a redescobrir o Pirambu com os olhos atentos de suas crianças.
Mais que um curso de fotografia, “O Rio Que Traz – Ser Criança na Beira da Vida” é uma declaração de pertencimento, memória e futuro — que reafirma o direito das crianças de contarem, em imagens, as histórias do lugar onde crescem.
Para saber mais, instragram @rioquetraz
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