Integrando a agenda educativa em diálogo com a exposição “coreografias do impossível”, itinerância da 35ª Bienal de São Paulo em cartaz no MAC-CE, as ações incluem feira com produtos agroecológicos, cozinha coletiva, debates, criação de faixas com artistas cearenses e apresentação artística
Desde o dia 10 de setembro, o Museu de Arte Contemporânea do Ceará (MAC-CE), Museu localizado no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, segue com visitas gratuitas à itinerância da 35ª Bienal de São Paulo, intitulada coreografias do impossível. Seguindo com atividades educativas que dialogam com as obras, o MAC-CE, a Fundação Bienal de São Paulo e o Centro de Formação Frei Humberto realizam, neste final de semana, um grande intercâmbio cultural relacionado à Cozinha Ocupação 9 de Julho, instalação do Movimento Sem Teto do Centro (MSTC) que compõe a exposição. Integrantes do coletivo Movimento Sem Teto do Centro (MSTC), do Movimento Sem Terra do Ceará (MST-CE) e artistas cearenses têm encontro marcado por uma série de atividades conjuntas, com acesso gratuito, que visam dar visibilidade aos propósitos e lutas dos movimentos.
No sábado (9), a partir das 9h, o encontro acontecerá no Centro de Formação Frei Humberto Frei. Além da Feira Cultural da Reforma Agrária, Carmen Silva (Cozinha Ocupação 9 de Julho - SP) e Luciana Lobo (Cozinha Centro de Formação Frei Humberto - MST-CE) estarão cozinhando juntas. Também haverá intervenção com faixas, com a mediação dos artistas cearenses Ton Almeida e Marina de Botas, debate sobre "Vigilância Popular e Saúde" e apresentação da banda Manga Rosa.
Já no domingo (10), o encontro acontecerá no próprio MAC-CE, a partir das 15h, com cortejo com faixas e a roda de conversa "Possíveis encontros: O afeto como política e a formação da rede para construção de outros mundo", integrada por Carmem Silva, Edouard Fraipont, Cacá Mousino e Clarice Rodrigues, ocasião em que as lideranças dos MSTC e do MST-CE conversam sobre suas formas e possibilidades de trabalho.
A gestora do MAC-CE, Cecília Bedê, destaca a importância das ações para extrapolar os limites físicos do espaço museológico e, assim, ampliar o seu alcance, promover o intercâmbio artístico e cultural e provocar a sociedade a refletir sobre questões sociais relevantes a partir do acervo em exposição. “É também uma oportunidade de dar apoio e visibilidade a esses movimentos sociais e debater caminhos para a economia solidária, segurança alimentar, alimentação saudável e sustentabilidade”, afirma a gestora.
Sobre os convidados
Carmen Silva é liderança do MSTC (Movimento Sem Teto do Centro), Conselheira Municipal e Estadual de Habitação e ativista pelo direito à cidade. Mulher preta e nordestina, é uma urbanista prática, já tendo lecionado em cursos de Arquitetura e mantendo discussões com autoridades dos setores público, privado e acadêmico. Recebeu inúmeros prêmios, entre eles o FNA, APCA e ARCHcine. Com o MSTC, retirou quase 3 mil pessoas de moradias precárias e de baixo de viadutos, promovendo inclusão social, acesso à saúde, educação e cultura.
Cacá Mousinho é artista visual, arte educadora e ativista. Nasceu no Recife, mora e trabalha em São Paulo. Participou de exposições individuais e coletivas em Recife, São Paulo, Brasília e Frankfurt e de programas de residência artística em Recife, São Paulo, Brasília e Genk na Bélgica. Estudou desenho e pintura no Espaço Vitruvio e na London of Arts. Atua junto ao MSTC - Movimento Sem Teto do Centro em São Paulo nas áreas de cultura, arte e educação.
Edouard Fraipont é fotógrafo, artista visual, produtor e ativista cultural. Nasceu e mora em São Paulo. Desde 1997 participa de exposições individuais e coletivas. Desde 2017 trabalha com o MSTC, Movimento Sem Teto do Centro, sendo um dos fundadores do projeto da Cozinha Ocupação 9 de Julho, atuando desde sua inauguração na sua organização e articulação além de outros projetos culturais e sociais na Ocupação 9 de Julho como o Cine Ocupa, a Galeria Reocupa e a Horta da Ocupação 9 de Julho.
Clarice Rodrigues é assentada da reforma agrária, administradora de formação e doutoranda em agroecologia. Atualmente, faz parte da direção estadual do MST-CE e coordena o Centro Frei Humberto.
Luciana Lobo é chef de cozinha formada em Gastronomia pela UFC com pesquisa em comida de santo. Por ser filha de Oyá aprendeu que o quente do dendê opera milagres e alquimias nas panelas e na vida. Cozinhar torna-se, então, um ato político e devocional para a abundância.
Marina de Botas nasceu em São Paulo e cresceu e vive em Fortaleza. Produziu uma série de vídeo- performances sobre questões das mulheres, opressões cotidianas, maternidade e realidades paralelas. Desenvolveu projeto sobre moradias feitas por pessoas que vivem nas ruas da cidade e começa agora um novo projeto com a Escola do Campo do Assentamento Maceió em Itapipoca. Seus desenhos, vídeos e pinturas flertam com as histórias em quadrinhos e narrativas cinematográficas. Foi selecionada para o Rumos visuais do Itaú em 2009. Participou da coletiva “À Nordeste”, no SESC 24 de maio, em 2019, sob curadoria de Clarissa Diniz, Marcelo Campos e Bitú Cassundé. Teve duas obras incorporadas ao acervo da Pinacoteca do Estado do Ceará. Ficou em cartaz, em 2023, na exposição "Se Arar" nesse mesmo espaço.
Ton Almeida é artista visual, arte-educador, produtor cultural e realizador audiovisual. Atua desde 2009 no campo das Artes Visuais iniciando sua trajetória artística a partir da primeira formação do coletivo Aparecidos Políticos, com enfoque maior nos primeiros anos em intervenções urbanas, arte urbana e em arte pública relacional. Seus trabalhos artísticos e educativos têm um enfoque nas relações entre territórios, comunidades (sejam estas tradicionais ou de formações autônomas e temporais) e memória social. Desenvolve ainda conceitos, discursos e práticas que atuam numa zona relacional que atravessam conhecimentos do cinema e do audiovisual, da museologia social e comunitária, da crítica e curadoria de arte, numa perspectiva de ativar trabalhos que lidem com a relação entre as linguagens e técnicas mais tradicionais (Desenho, Pintura, Escultura, Fotografia e etc) com expressões contemporâneas (Performance, Happening, Instalações, Video-Arte e etc).
Sobre os Movimentos Sociais
Organizada pelo Movimento Sem Teto do Centro (MSTC) em São Paulo, a Ocupação 9 de Julho vem se consolidando como um marco na luta pelo direito à cidade e à moradia, a partir de uma rede de ativismo alimentar, ambiental e cultural. O movimento transformou um prédio anteriormente abandonado em um espaço de moradia, lazer, trabalho e um grande centro cultural, um espaço dinâmico, vivo, que ressignifica o centro de São Paulo. A Cozinha Ocupação 9 de Julho é um projeto artístico cultural ativo desde 2017 que une os moradores das ocupações do MSTC com a classe artística e profissionais da gastronomia para realização de almoços de domingo que abrem a ocupação 9 de julho para a cidade de São Paulo. Com a venda de almoços, ações sociais com distribuição de quentinhas são feitas também aos domingos na periferia de São Paulo.
O Movimento Sem Terra está organizado em 24 estados nas cinco regiões do país. No total, são cerca de 450 mil famílias que conquistaram a terra por meio da luta e organização dos trabalhadores rurais. É um movimento social, de massas, autônomo, que procura articular e organizar os trabalhadores rurais e a sociedade para conquistar a Reforma Agrária e um Projeto Popular para o Brasil.
Sobre a exposição coreografias do impossível
Com curadoria de Diane Lima, Grada Kilomba, Hélio Menezes e Manuel Borja-Villel, coreografias do impossível lança um olhar poético sobre as complexidades e urgências do mundo contemporâneo, estimulando seus visitantes a refletir sobre questões sociais, políticas e culturais. A Mostra reúne trabalhos da Cozinha Ocupação 9 de Julho - MSTC, de Deborah Anzinger, Denilson Baniwa, Gabriel Gentil Tukano, Katherine Dunham, Leilah Weinraub, MAHKU (Movimento dos Artistas Huni-Kuin), Maya Deren, Melchor María Mercado, Nadir Bouhmouch e Soumeya Ait Ahmed, Nontsikelelo Mutiti, Nikau Hindin, Rosa Gauditano, Simone Leigh e Madeleine Hunt-Ehrlich.
A exposição segue em cartaz no Museu de Arte Contemporânea do Ceará, com visitas gratuitas de quarta a sexta, das 9h às 18h, e das 13h às 18h aos sábados e domingos, sempre com último acesso às 17h30. (com entrada pela Av. Presidente Castelo Branco S/N, esquina com a Rua Almirante Jaceguai). A exposição dispõe de recursos de acessibilidade sensorial, tais como audioguia, Libras, leituras em áudio, impressões em fonte ampliada, Braille, mapa tátil, leitura fácil, handtalk e interação tátil.
Serviço: Encontro da Cozinha Ocupação 9 de Julho - MSTC - e MST-CE
No sábado (9), 9h, no Centro de Formação Frei Humberto: feira cultural da Reforma Agrária + Almoço por Carmen Silva (Cozinha Ocupação 9 de Julho - MSTC) e Luciana Lobo (Cozinha Centro de Formação Frei Humberto - MST-CE) + Mutirão de Faixas + Debate + apresentação grupo Manga Rosa
No domingo (10), 15h, no MAC-CE: cortejo com faixas + Roda de Conversa: "Possíveis encontros: O afeto como política e a formação da rede para construção de outros mundo", com Carmem Silva, Edouard Fraipont, Cacá Mousino, Clarice Rodrigues
Acesso gratuito e livre
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