Marconi Rezende, cantor, compositor, violonista, um dos nomes mais destacados da cena de São Luís-MA, lotou o Centro Cultural Banco do Nordeste (CCBNB) na noite deste sábado, 12/8, na companhia de músicos cearenses no show "Paratodos - Homenagem a Chico Buarque". O contrabaixista Jorge Helder, cearense que há mais de 30 anos integra a banda de Chico, fez participação especialíssima, tocando com Marconi e grupo "Sinhá", de Chico e João Bosco, e "Bye Bye Brasil", de Chico e Menescal.
Os maestros Adriano Oliveira, no teclado, Luciano Franco, no contrabaixo, e o baterista André Benedecti, que formaram o grupo com Marconi para os shows em Fortaleza, foram também muito aplaudidos, assim como a cantora e produtora cultural Ana Marques, que fez participação especial em dueto com o cantor em "João e Maria", de Chico e Sivuca. O show contou com apoio do projeto Jazz em Cena e com Dalwton Moura na produção local e no apoio à comunicação. Curadoria de Gildomar Marinho, diretor do CCBNB Fortaleza. Sonorização por Clarisse Melo, iluminação por Waldo Jr., filmagem por Jorge Albuquerque e captação de áudio por Gabriel Andrade.
Marconi Rezende e trio voltam a se apresentar neste domingo, 13/8, Dia dos Pais, no restaurante Giz Cozinha Boêmia, na Rua Professor Dias da Rocha, 579, Meireles, quase esquina com a Av. Dom Luís. O show começa às 12h30 e será também dedicado à obra de Chico Buarque.
O público que lotou o CCBNB foi só elogios para Marconi e o show. Foram necessárias cadeiras extras, enquanto a plateia tomava cada espaço para conferir a apresentação no palco CCBNB, às 19h deste sábado, em um dia de muitas atividades no centro cultural, com teatro infantil, hip-hop, trenzinho e o Festival CorpoArte de Dança. Marconi conquistou a plateia desde o início, abrindo o show com "Tanto mar" e "Paratodos", canção escolhida para dar título à apresentação.
A voz suave de Marconi, o violão chamando atenção por seguir com fidedignidade todas as harmonias desafiadoras de Chico e dos arranjadores das gravações originais, o desafio de cantar junto com essa execução detalhista e esmerada ao violão, as soluções encontradas pelo cantor para interpretar da melhor forma e a seu modo as ênfases, nuances, sutilezas, os mistérios e encantos de cada canção foram reconhecidos pelo público desde as primeiras músicas da apresentação, que se estendeu por uma hora e meia, passando por diversas fases da trajetória e da obra de Chico, dos anos 60 aos discos mais recentes.
Para além de tudo isso e da grande performance dos instrumentistas cearenses convidados, também muito aplaudidos, Marconi Rezende ganhou o público também pela simplicidade e pela sinceridade com que se entrega a um desafio desse porte. Há mais de 30 anos o artista, também um compositor de grande reconhecimento em São Luís, se dedica à obra de Chico Buarque, divulgando-a para vária gerações nos encontros do Clube do Chico, evento que promove regularmente com "maratonas buarqueanas" de quatro, cinco horas de música ao vivo, inclusive atendendo a pedidos dos frequentadores, sejam eles do Chico dos tempos de "Pedro pedreiro" ou dos dias recentes de "Caravanas" e "Que tal um samba?".
Extremamente focado, concentrado no desafio de levar ao público as melhores interpretações e cada pequeno grande detalhe de cada canção, Marconi é também carismático na verdade com que ganha o palco, como que a convidar os espectadores e espectadoras a um mergulho nessa obra tão fundamental para a identidade brasileira e a história não só da nossa música, mas do nosso País nas últimas seis décadas.
É perceptível que, com este show, o artista se realiza. E esse arrebatamento chega ao público, convidado a perceber, ao vivo, outros mundos no mundo buarqueano, outras cores e outros segredos de cada canção, sejam os grandes clássicos, sejam obras menos recorrentes. Sejam as mais antigas, marcos de páginas infelizes e outras nem tanto, de nossa história, ou as do Brasil de hoje. A plateia compreende a dimensão do convite e segue com Marconi em um mergulho cada vez mais profundo em tantas lembranças, sensações, sentimentos, despertados por cada canção.
Antes do bis, Marconi também brindou o público com uma belíssima canção autoral, muito aplaudida e que ganhou até cumprimentos da plateia, sonoros e efusivos. Outro momento de grande emoção foi a participação do cearense Jorge Helder, a realização de um sonho para um artista que há mais de 30 anos se dedica a estudar e divulgar a obra de Chico. Simbólico e intenso também o encontro entre Jorge e o maestro Luciano Franco, que passou às mãos do colega o contrabaixo elétrico.
Jorge agradeceu por participar, destacou a alegria e a honra de estar no palco em um show lotado e tão bonito, parabenizou Marconi e convidou o público para seu show em Fortaleza, que acontece na terça-feira, 15/8, às 19h, no BNB Clube (Av. Santos Dumont, 3646, Aldeota). A apresentação marca o lançamento do disco "Caroá" na capital cearense e tem entrada franca. Oportunidade para conferir também algumas composições de Chico, em releituras instrumentais. Mais um convite para o público que lotou o CCBNB neste sábado, para ouvir as canções de Chico e parceiros, com a interpretação, a propriedade e o amor de Marconi Rezende. Vivam a música e os músicos do Brasil!
*Mais sobre Marconi Rezende
Autodidata, o músico maranhense lapidou na noite ludovicense sua escolha criteriosa de repertório. Se Chico Buarque é seu inegável artista preferido, ele também costuma apresentar pérolas de outros mais de 100 compositores, ofício no qual ele mesmo é um talento: “Estrelando” (2009), seu disco de estreia, apresenta esta faceta de Marconi Rezende, que também será lembrada durante o tributo ao carioca.
Tamanha é sua identificação com a obra de Chico Buarque, com suas execuções charmosas e impecáveis, que Marconi Rezende se viu liderando um movimento espontâneo intitulado "Clube do Chico", marcado por constantes celebrações à obra deste craque da MPB, que chegou a ter até sede fixa durante um tempo, em São Luiz.
Em 2022, quando Chico Buarque se apresentou na capital alencarina com a turnê “Que Tal Um Samba?”, Marconi Rezende estava na caravana de maranhenses que viajou para prestigiar o ídolo. “Tem saudades do Ceará”, como Chico mesmo diz na letra de “Iracema Voou”, e, por isso mesmo, vai até lá.
Atualmente Marconi Rezende trabalha em um novo projeto autoral, incluindo parcerias com o conterrâneo Zeca Baleiro. Depois de Fortaleza, Marconi Rezende levará a homenagem a Chico Buarque em “Paratodos” a outras capitais nordestinas.
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