
Ecologia, moda, música e cinema em Jericoacoara
Jeri Eco Cultural 2011: A 4ª edição do evento contará com os shows da banda Eddie (foto), CéU e Mundo Livre S/A, além de desfile das crocheteiras de Jeri e ações ecológicas

Junho é o mês de Jericoacoara – dois festivais prometem agitar a praia de Jijoca, no interior cearense: a 4ª edição do Jeri Eco Cultural e o 2º Festival Jericoacoara Cinema Digital.


O Jeri Eco Cultural contribui para incentivar a cultura, a economia e a consciência ambiental em Jericoacoara, um dos destinos turísticos mais cobiçados do litoral nordestino. “Através das apresentações musicais nacionais, do envolvimento de artesãos e músicos locais e das diversas ações ecológicas, estimulamos e conscientizamos a população e visitantes sobre a importância de preservar o meio ambiente”, explica Liége Xavier, diretora da Free Lancer Producções, que junto com a 77Eventos respondem pela realização do evento.

Produzido pela Anhamum Produções e dirigido pelo cineasta, escritor e produtor cultural cearense Francis Vale, o festival tem por objetivo contribuir para dar visibilidade a novos valores da produção audiovisual, de forma descentralizada, indo bem além dos grandes centros. “Queremos mostrar a diversidade do novo cinema brasileiro, e as novas pessoas que estão fazendo esse cinema acontecer, nas suas cidades e comunidades, a cada dia”, afirma Francis. Ao longo do festival, os 50 filmes serão apreciados por um júri composto por cinco pessoas ligadas à área do audiovisual. As premiações em dinheiro, no valor de R$ 5 mil cada, serão destinadas às obras escolhidas pelo júri como as melhores em cada categoria: ficção, documentário, animação e experimental. Também receberá prêmio de R$ 5 mil a melhor produção dos estados Ceará, Piauí e Maranhão, em homenagem à chamada “Rota das Emoções”, que se inicia em Jericoacoara-CE, passa pelo Delta do Parnaíba-PI e se estende até os Lençóis Maranhenses.
O festival também destinará troféus aos vencedores dos quesitos: melhor filme, direção, roteiro, fotografia, trilha original e direção de arte. Além dos troféus para melhor ator e melhor atriz. A edição 2011 do Festival de Jericoacoara – Cinema Digital demonstra evolução em relação à estreia do evento, que atraiu repercussão nacional, em junho de 2010, atraindo elogios de cineastas como o consagrado Walter Lima Jr. Serão exibidos 50 filmes (ano passado, foram 40 os selecionados).
O festival contará com uma Mostra Especial de Cinema Ambiental e com oficinas de cinema digital. Também prestará homenagens ao cineasta Nelson Pereira dos Santos, que tem presença confirmada no evento. Nos dias 16 e 17 de junho, será exibido o filme “Raízes do Brasil – Uma Cinebiografia de Sérgio Buarque de Holanda”, de Nelson. “Trata-se de um filme ainda inédito para muita gente. A exibição marca a comemoração dos 75 anos do livro ‘Raízes do Brasil’ e dá suporte às discussões do Seminário do Festival, que acontece nos dias 17 e 18 de junho, contando com participantes como os professores e pesquisadores Sílvio Tendler, Sylvia Porto Alegre, Babi Fonteles e José Osmar Fonteles“, destaca Francis Vale.

Confira entrevista com Francis Vale, um dos ícones da cultura e do cinema cearense, diretor do novo Festival de Jericoacoara - Cinema Digital, além de ser idealizador do Cine Ceará e Curta Canoa
Cerca de duas mil pessoas acompanharam os filmes da primeira edição do Festival de Jericoacoara - Cinema Digital, que levou a sétima arte para a paradisíaca praia de Jijoca, no interior cearense, de 8 a 13 de junho de 2010. Iniciativa da produtora CLAN, e do compositor, escritor, advogado e cineasta Francis Vale, esse novo festival conseguiu apresentar aos moradores e turistas um panorama do cinema moderno contemporâneo, com produções de diversos estados e presença de vários diretores convidados. As exibições aconteceram no Núcleo de Arte e Cultura de Jijoca e numa lona de circo montada na rua principal de Jericoacoara. Com filmes de alta qualidade e organização impecável, o Festival de Jericoacoara teve em sua primeira edição uma estrutura nunca vista em outras mostras de cinema no Ceará e no Brasil. Francis é um visionário: realizou filmes, idealizou festivais de cinema, mas não se apegou a nenhuma de suas criações e nem se apropriou financeiramente de suas realizações. Confira entrevista deste importante ícone de nossa cultura e conheça um pouco mais do trabalho de Francis Vale (entrevista publicada no Divirta-CE e jornal O Estado na primeira edição do Festival de Jericoacoara, em 2010).
DIVIRTA-CE - Como surgiu a ideia e concepção do Festival de Jericoacoarra, com essa temática do Cinema Digital?
FRANCIS VALE - A ideia surgiu em 2007, quando estive em Jeri com um amigo, o Dadinho da JerimoonTur, que faz eventos, já trabalhou comigo lá no Crato. Ele me provocou, perguntando quando eu iria fazer um festival de cinema em Jijoca. Depois, conversando com Luís Carlos Antero e Pedro Alvares, montamos uma equipe, nos organizamos e já decidimos logo colocar como diferencial da mostra o cinema digital, que é mais fácil de produzir, exibir e é o cinema da nova geração. E também é complicado e ultrapassado trazermos um equipamento analógico.
FRANCIS VALE - Em 2002, quando estava filmando "A Sentença do Pau-Brasil", em Aracati, eu, o cineasta Wolney Oliveira e o produtor argentino Tito Almeijeiras começamos a articular o Curta Canoa com o prefeito e o secretário de turismo daquele município. Na época eu era presidente da Associação dos Amigos da Casa Amarela e o Tito elaborou o projeto do Curta Canoa em nome dessa Associação, e em 2003 enviou para o Ministerio da Cultura, em Brasília. Eu me afastei da Associação em 2004 e fui finalizar meu filme no Rio de Janeiro. O Adriano Lima, que era contador, havia assumido a presidencia da Associação. O projeto foi aprovado para a Associação dos Amigos da Casa Amarela e com os recursos captados através da Lei Rouanet, o primeiro evento foi realizado em 2005 estando eu à frente da direção de arte e programação do festival. No ano seguinte o Adriano registra no INPI o Curta Canoa em nome da sua empresa, J.A. Lima Serviços, roubando o festival da Associação. Não é justo ele se apropriar de uma marca e um conceito que não foi criado por ele. Não existe processo judicial ainda e sim um recolhimento de provas. Vamos esperar o desenrolar dos acontecimentos.
DIVIRTA-CE - Você já tem uma historia na cultura cearense, sendo escritor, compositor, cineasta e diretor de festivais, inclusive um dos idealizadores do Cine Ceará. O que mais te completa, qual sua maior paixão? O Cine Ceará também saiu das suas mãos e é coordenado pelo filho de seu sócio e parceiro Eusélio, o Wolney Oliveira. Você também se considera usurpado no Cine Ceará? Como você vê o principal festival de cinema do estado hoje em dia?
FRANCIS VALE - Minha maior paixão é o cinema. O cinema ligado a nossa cultura, nossa historia, literatura. Não me considero roubado na questão do Cine Ceará. Mas do Curta Canoa houve uma "privatização" em nome de uma pessoa, um roubo mesmo. Eu fiz a articulação do primeiro Cine Ceará, que foi bancado pela Fundação Cultural de Fortaleza, com o secretario Claudio Pereira. Na segunda edição, após a morte do Eusélio, quem foi o diretor do Cine Ceará foi o Marcus Moura, e eu continuava acompanhando, fazendo parte do Júri. Depois o Wolney Oliveira tomou a frente do festival e criou a Associação Amigos da Casa Amarela.
DIVIRTA-CE - Você acha que houve também uma "privatização" do Cine Ceará?
FRANCIS VALE - De certa forma sim, mas não tão escancarada como foi com o Curta Canoa. Acho até que o Wolney teria legitimidade para continuar aquilo ali, mas o Adriano privatizou o Curta Canoa e tornou o festival uma coisa dele. Fui um dos idealizadores mas hoje eu não tenho mais nada a ver com o Cine Ceará.
DIVIRTA-CE - O Festival de Jericoacoara está preparando um manifesto a favor do cinema nacional. A idéia surgiu no seminário realizado no Festival com o cineasta carioca Sílvio Tendler. O que irá propor esse documento e para quem será enviado?
FRANCIS VALE - Nós analisamos a distância que existe entre o cinema brasileiro atual e o público e sentimos a necessidade desse manifesto. O público brasileiro quando assiste a um filme nacional, gosta. Vimos isso no Festival de Jericoacoara, com a exibição do "Couro de Gato", um curta do Joaquim Pedro de Andrade feito há cinquenta anos, considerado um dos melhores do mundo, onde todos ficaram impressionados. Nós exibimos filmes sobre os anos JK, sobre futebol, trouxemos o escritor Moacyr Lopes, autor de "A Ostra e o Vento", que deu origem ao longa filmado em Jericoacoara. Para conhecermos o Brasil, precisamos aproximar o cinema brasileiro do público. Poucos filmes nacionais chegam ao "circuitão". Precisamos aumentar a cota de produçõs brasileiras em cartaz, e esta é uma das principais propostas de nosso manifesto e será enviado esse documento para diversas instituições importantes e representativas da nossa cultura, mas não sabemos ainda quais serão essas instituições.
DIVIRTA-CE - Francis Vale está produzindo algum filme atualmente? Quais são seus próximos projetos e como você analisa esta primeira edição do Festival de Jericoacoara?
FRANCIS VALE - Estou terminando um documentario sobre Dom Fragoso, o bispo de Crateús durante o tempo da ditadura, e quero lançar no final do ano. Acho que o Festival de Jericoacoara conseguiu 90% dos objetivos que nós gostaríamos: exibir filmes de ótima qualidade, novos, que ninguém encontra em locadora, na TV ou em salas exibidoras comerciais, discutir cinema com diversos diretorres de vários estados, além demostrar nossas reinvindicações.
DIVIRTA-CE - O senhor é advogado, mas sua paixão sempre foi por cinema e pela cultura. Como nasceu essa paixão?
DIVIRTA-CE - Como você analisa a produção cinematográfica cearense na atualidade?
FRANCIS VALE - A produção atual é muito diversificada: tem o pessoal do cinema experimental, a turma da animação fazendo um bom trabalho, da ficção, da literatura. Esse viés de adaptações de contos, histórias curtas, episódios da nossa historia, é muito interessante. Temos várias TVs que não são privadas - são públicas -, e poderiam exibir os filmes que o próprio governo do Ceará patrocina e produz, que o povo financia e não tem o direito de ver. Eles fazem isso de forma muito pequena e tímida.
DIVIRTA-CE - Qual será o futuro da sétima arte, na sua opinião, com o cinema digital, o 3D e outras novidades que estão surgindo?
FRANCIS VALE - Toda vez que o cinema entra em crise aparece uma novidade. Isso foi desde os primórdios do cinema mudo, com o som, com a cor, e agora a onda é o 3D. Hoje em dia, o dono da sala de cinema está mais preocupado em ganhar dinheiro do que exibir bons filmes, e eles têm mais lucro com a pipoca do que com o ingresso. Eu até gosto do 3D, mas minha praia é outra.
Nenhum comentário:
Postar um comentário